• Quem é quem na AM4, a agência que trabalhou para Bolsonaro

    Marcos Aurelio Carvalho - AM4

    Low-profile em seus 19 anos de existência, a agência digital AM4 começou a aparecer na imprensa nas últimas semanas por sua ligação com o presidente eleito Jair Bolsonaro, como tendo trabalhado na campanha do candidato e, segundo acusação do jornal Folha de S.Paulo, ser a responsável pelos disparos em massa de mensagens pelo Whatsapp contra o petista Fernando Haddad.

    Marcos Aurélio Carvalho (foto acima), 35 anos, diretor da AM4, convidado por Bolsonaro a integrar sua equipe de transição, chegou esta quarta-feira, 07/11, a divulgar nota oficial à imprensa renunciando à remuneração pelo trabalho, que seria de R$ 9.926,60.

    Nota à imprensa
    Em função de notícias publicadas na imprensa envolvendo o meu nome, esclareço que minha participação na equipe de transição do Governo Federal se dará de forma voluntária. No dia de hoje, formalizei a renúncia a qualquer tipo de remuneração.
    Colaboro com a equipe de transição por acreditar na qualidade técnica de sua composição, na capacidade de efetuar realizações importantes para o país e, especialmente, por confiar no futuro governo.
    Marcos Aurélio Carvalho
    Brasília, 7 de novembro de 2018

    A decisão não é por acaso. Ao ser apontado como o marketeiro de Bolsonaro em entrevista ao jornal O Globo, Marcos Aurélio atraiu a ira do próprio filho do presidente eleito. Carlos Bolsonaro, pelo Twitter, alfinetou:

    “Marketeiro Digital? Tem uma galera que não se cansa de querer aparecer e usando títulos que não refletem em uma linha de verdade! Todo mundo querendo se dar bem de algum jeito!”

    Como abriu mão da remuneração, Marcos Aurélio terá que ser exonerado formalmente, mas continuará assessorando o futuro presidente.

    A Janela vem tentando, desde o início da semana, um contato com a agência, mas, segundo sua assessoria de imprensa, os diretores tomaram a decisão de não dar mais nenhuma entrevista até a poeira baixar. De qualquer modo, esclareceram que Marcos Aurélio está afastado de qualquer função na empresa no momento.

    Na prestação de contas de Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral, a AM4 Brasil Inteligência Digital Ltda. teria sido a maior prestadora de serviços da campanha, somando R$ 650 mil, dos quais R$ 535 mil adicionais no segundo turno, por conta do aumento de tempo de rádio e TV.

    Com cerca de 150 funcionários, a AM4 mantém hoje escritórios em seis praças: Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Campinas, Brasília e Barra Mansa. Foi nesta cidade do sul do Estado do Rio, no Vale do Paraíba, aliás, que a empresa nasceu em 1999, fruto do crescimento do trabalho paralelo, e noturno, do publicitário Magno Carvalho — irmão de Marcos Aurélio — com programação de sites. Com o crescimento da demanda, Magno, na época com 22 anos, deixou a agência em que era empregado e juntou-se com seu amigo Alexandre Martins, de 21 anos, e o irmão Marcos, de 17 anos, para a dedicação integral à AM4. AM de Alexandre, Magno e Marcos. O 4 não conseguimos descobrir de onde vem. Magno atualmente apresenta-se como diretor de Criação, Martins como diretor de Novos Negócios e Marcos Aurélio como diretor de Planejamento.

    Segundo o site da agência, em am4.com.br, ela já trabalhou para a Multiplan, Ancar Ivanhoe, BrMalls, Eletrobras Eletronuclear, Rio 2016 e Vale, entre outros, além de ser responsável pela plataforma digital do GP Brasil de F1, desde 2015.

    Ainda sobre a acusação de ter disparado fake news pelo Whatsapp, a agência está enviando um comunicado oficial à impresa em que nega a atividade:

    A AM4 já esclareceu em diversas oportunidades que não faz, não contrata, não oferece e não recomenda a seus clientes serviço de disparo em massa para base de usuários de terceiros por considerar essa estratégia cara, invasiva e, por isso mesmo, ineficaz. Toda a comunicação feita pela campanha de Jair Bolsonaro com seus apoiadores se deu na forma da lei, através de diversas plataformas de relacionamento criadas para esse fim.
    Atrás das câmeras
    Mario Palermo Filho, da Studio Eletrônico
    Mario Palermo Filho, da Studio Eletrônico

    Apesar de também não ter sido muito divulgado, não apenas a AM4 trabalhou para Bolsonaro. A produtora Studio Eletrônico, de Campinas, foi a responsável por instalar, no Rio, os equipamentos que gravaram os comerciais do novo presidente na segunda fase da disputa, quando ele passou a ter direito a 5 minutos de propaganda eleitora. Nada menos que 22 pessoas foram envolvidas com a produção das peças.

    Dirigida por Mario Palermo Filho, a Studio Eletrônico já tem 31 anos de existência e, na sua cidade natal, sempre produziu trabalhos para campanhas de políticos locais. Em conversa com a Janela, Palermo adiantou que, aproveitando sua presença no Rio, até fechou trabalho para outros clientes. Mas isso não garante que ela vá montar escritório no mercado carioca.

    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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