Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 04/NOV/1977
Marcia Bê

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
"Marcia Bê" era o pseudônimo da jornalista Marcia Brito. A coluna era editada por Marcio Ehrlich.

Society: nova opção de Mídia

Num momento em que a própria propaganda brasileira busca, através de novas perspectivas promocionais, a fórmula mais barata para se atingir os objetivos da melhor maneira possível, não é surpresa que a tão decantada "sociedade" carioca, que sempre foi pioneira na realização de eventos promocionais, também esteja naquela mesma busca. Afinal, estamos em época de vacas magras, e é preciso manter as locomotivas da noite carioca em movimento.
Qualquer recepção hoje em dia é dispendiosa e seu sucesso dependerá basicamente de um bom planejamento promocional. A fórmula de execução destes eventos é simples: basta convidar um jogador de futebol que esteja em evidência no meio social; muitos modelos, de preferência as que já fotografaram nuas para as revistas do gênero sensual; alguns colunistas sociais e de televisão; pessoas exóticas de tipo moderninho e os mais badalativos artistas da Globo. Uma ou duas personalidade do antigo society é sufíciente para dar os toques de requinte e sofisticação. Todo este pessoal junto e mais umas trezentas pessoas devem ser servidas durante as 6 horas (no máximo) de duração da festa. Imagine que gasto exorbitante o patrocinador deste encontro teria se não existessem as merchandisigns atuando promocionalmente.
Estas peças, perfeitamente ambientadas ao clima da recepção, são espalhadas por todo o recinto. Desde pequenos folhetos sobre os móveis, posters de lojas de moda nas paredes, até caixinhas de fósforos, copos e cinzeiros promocionais.
Os produtos nacionais ali veiculados são de alta categoria e, não poderiam deixar de ser, pois todos devem se enquadrar perfeitamente ao poder aquisitivo dos convidados.
Como se vê, as festas sociais possibilitam um desenvolvimento promocional que pode (e deve) ser mais explorado pela mídia que, inclusive por ser esta desenvovida a partir de uma estrutura profissional, engrandeceria os resultados de seus objetivos, unindo-os aos da "nova sociedade" brasileira. (MB).

BOCA LIVRE

Mini-agência para estagiários, produtora de cinema e editora na futura Artplan.

Agora que estamos chegando ao fim de 1977, verificamos que Roberto Medina, que reinou este ano como "Publicitário do Ano" de 1976, passou algum tempo sem dar entrevistas à imprensa especializada. Por Intermédio de Lourdes May, a competente Relações Públicas da Artplan, fomos conversar com Roberto e saber como ele tem visto a propaganda brasileira, e seus planos para 1978, que temos de acreditar, pois de um homem que prometeu fazer um comercial com Sinatra, e fez, ninguém pode duvidar:
"A Artplan apesar de não ficar sempre se gabando disso com os colunistas publicitários vai muitíssimo bem. E, em janeiro como no ano passado, faremos uma reunião com os colunistas para prestar contas do trabalho da agência em 1977, e falar dos projetos futuros. Mas o crescimento nosso, segundo nossas projeções, tornará a Artplan, dentro de 3 anos, a maior agência do Pais. E nestes 5 anos, tudo o que temos projetado é realizado.
Atualmente, podemos não estar entre as maiores em faturamento mas somos a 2ª agência do País em termos de capital. Isto, porque deixamos de tirar o capital para empregar em novos investimentos. Acho que não se deve medir o desempenho de uma agência pelo faturamento. A agência pode ter um excelente faturamento e falir no dia seguinte. A análise deve ter por base o balanço da empresa: capital, receita, rentabilidade e lucro.
Nós, aqui, pensamos muito a médio e longo prazo. E isto nos norteou na idealização da nova sede que a Artplan inaugurará ano que vem na Lagoa. O prédio será construído segundo um fluxograma da agência e dentro dele, o estagiário não foi esquecido. Sabemos que a publicidade é uma área sedenta de novos profissionais. Apesar disso, o estagiário, numa agência não programada para sua presença, ou incomoda, ou é explorado, ou mal atendido, ainda mais por vir só com conhecimentos teóricos, sem prática. No novo prédio, instalaremos um laboratório para estágios em que os estudantes constituirão uma mini-agência com professor contratado e serviço para executar. Com uma renovação de 4 em 4 meses, poderemos até selecionar os melhores para ficarem conosco.
Ainda dentro desta mentalidade de médio e longo prazo, o novo prédio nos permitirá realizar a propaganda conforme a encaramos: como um complexo de comunicação. Tanto que lá teremos uma sala de projeção para 100 lugares, além de toda uma estrutura de uma produtora de cinema que Irá funcionar completamente autônoma. Assim como nosso departamento de relações públicas, uma editora e um estúdio de criação de desenhos animados mais afeitos à cultura brasileira.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

Nenhum publicitário, nem mesmo desempregado, ou com mais de 40 anos, recebeu qualquer prêmio no Concurso Remington de Prosa e Poesia. Dia 11, na Academia Brasileira de Letras, os prosadores e poetas receberão seus merecidos galardões (galardões soa bem, em se tratando de ABL, não?). Ana Maria Funke, da Lintas (agência responsável por este belíssimo trabalho), nos informa que será a primeira vez que a Academia se abrirá a festa por uma empresa privada.
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A Abifarma entregou suas contas de Relações Públicas e Publicidade à DPZ. // A Associação Brasileira de Propaganda e a Editora Abril estão patrocinando a exposição de trabalhos de alguns dos melhores fotógrafos profissionais do mundo, selecionados pelo "The Image Bank". Esta organização internacional tem filiais em vários países, entre os quais o Brasil, e pretende descobrir novos talentos que pretendam tê-la como agenciadora. A exposição estará aberta ao público de 9 a 14 de novembro, das 14 às 22 horas, no MAM­RJ. Os interessados no "The Image Bank" podem conversar com o Jean­Claude Lozouet na Avenida Pres. Antônio Carlos, 54/202. // A Brahma está patrocinando o III Campeonato Mundial de Laser que começará dia 5 em Cabo Frio. E a Denison realizou um folheto explicativo para ser enviado a imprensa, com uma capa realmente lindíssima.
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Inaugura hoje, no saguão de exposições da ABI do Rio, a exposição "Arte Gráfica na Imprensa", com desenhos de mais de um artista, publicados nos jornais Movimento, Pasquim, Versus, Pingente, Ex e Diário do Comércio e Indústria. Não entendi por que não foram incluídos os artistas gráficos que só publicam na grande imprensa, como Agnus, Bruno Liberati, Petchó, Marcelo, Mem de Sá, Veríssimo, Ucha, Adail, Willy etc., todos da maior importância. (ME).
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Publicidade Certa comunica a inauguração da loja de bijuterias PAN, sua cliente, em Copacabana, dia 7. // A campanha para o Dia da Criança feita pela Franco Paulino Moraes para as Lojas Brasileiras, de Brasília, resultou num recorde de vendas daquela loja. Enquanto isso, Franco Paulino continua muito interessado em conseguir uma sede própria para sua agência, no Rio. // O Forum Brasileiro de Dirigentes de Empresas realizará nos dias 21 e 22 de novembro, o primeiro seminário de Mala Direta, no Hotel Meridien-Rio. Os interessados devem ligar para 274-2355. A taxa por participante é de Cr$ 4.840,00.
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Notícia envelhece, opinião não. Como só agora consegui ver a revista Propaganda de setembro (perto da nossa casa nenhuma banca vende), devo dizer que sua nova programação visual está muitíssimo mais bonita e funcional. (ME)
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Um fato que nos intriga: por que o Sales do Luiz só tem um "l", enquanto o do Mauro tem dois? // Falando na Salles (com dois) Interamericana, seu faturamento em 77 será de meio bilhão de cruzeiros. // Dia 8 de novembro o Diário Popular, jornal que mantém a maior coluna de publicidade do Brasil, dos nossos amigos Armando Ferrentini e Roberto Simões, faz 93 anos. // E dia 11 é a vez da Norton, com 31 aninhos. // E a Norton contratou Jorge Gomide (ex-Abaeté) como redator. // Maurice Cohen (Standard, Ogilvy & Mather) está em Nova Iorque representando a agência brasileira no encontro internacional da Standard e só voltará no próximo dia 13. // A Sul América Seguros está patrocinando o "V Salão dos Novos", que será inaugurado no dia 4, no Museu de Arte Sacra de Pernambuco. Este acontecimento é mais uma prova da eficiência e seriedade do trabalho de RP da Salles/Interamericana para aquela empresa.

Retoque

Imprensa Nanica x Mídia

O desenhista e empresário Ziraldo Alves Pinto estará representando a chamada "Imprensa Nanica" no debate sobre este assunto que o Grupo de Mídia programou para às 10 horas da próxima terça-feira, dia 8, na Escola Superior de Propaganda e Marketing.
Como a oportunidade de um encontro como este nem sempre se faz, e a entrada é aberta a quem tiver alguma colaboração a dar, seria fundamental representantes de outras publicações nanicas, que não o Pasquim, comparecerem para melhorar seus entendimentos com aqueles profissionais da mídia, tão acusados de desprezar as nanicas em seus planos, e serem tão inacessíveis nas agências.
A presença de um diretor da Editora Codecri não é, obviamente, aleatória.
Ela é o reflexo do comportamento de uma empresa que, apesar de pequena, conseguiu entender que editar um jornal envolve também montar uma sólida estrutura comercial para garantir a sobrevivência da publicação e, inclusive, os ideais que a levaram a surgir. O mito da imprensa "independente" está em profunda crise, é praticamente impossível um veículo sobreviver só de vendagem num país em que, apesar de se registrar um índice de 100 milhões de alfabetizados contra 13 milhões de analfabetos, existem apenas 1.200 jornais e uma triste média de leitura de 14 jornais per capita por ano (segundo dados da conferência de Mauro Salles na ESG). Veicular publicidade mesmo na imprensa "nanica" se torna indispensável.
O nanismo desta imprensa, porém, em todos os seus aspectos, vem emperrando tal concretização.
Por isso, a partir de alguns problemas enfrentados pelas nanicas, formulamos um plano que, inclusive, pode ser levantado no encontro de terça-feira.
Podemos não ser "mídia", mas entendemos que, basicamente, a função destes é conseguir em veiculação, o melhor rendimento para a campanha e a verba do cliente, programando veículos que atinjam mais eficientemente o público alvo e, de preferência, ao custo mais compensador. Como as publicações nanicas são de relativamente pequena tiragem, apesar de saberem avaliar bem o custo de seu espaço, não deve se tomar muito compensador programar a todas elas, apesar de atingirem o importante público de universitários e intelectuais que, obviamente não deixa de ser consumidor, e ainda tem algo importantíssimo em relação a esses veículos: credibilidade.
Forma-se um beco sem saída. A publicação cobra o preço, para ela ideal por seu espaço, mas não consegue vender espaço nenhum. E a falta de dinheiro entrando impede mesmo que a editora nanica contrate um contato ou monte melhor sua estrutura comercial.
Nossa sugestão é que as nanicas se lembrem de sua própria filosofia de união e cooperativismo, e se reunam numa espécie de "Central de Imprensa Nanica", ou que outro nome tenha, que as representaria e defenderia seus interesses. Esta "Central" venderia às agências o espaço de todos os seus jornais como num pool de publicações. Seria a venda em pacote. Assim, um anúncio programado para a "Central" seria publicado em todos os veículos integrantes, atingindo logicamente um público bastante maior. A partir daí o espaço poderia ser cobrado de acordo com esta nova penetração, num valor realmente justo. A participação de cada veículo seria proporcional à porcentagem de sua tiragem em relação à tiragem total. Este esquema cooperativado permitiria às nanicas não despenderem verba na estruturação de vários departamentos comerciais de publicidade sofisticados, que seriam, então, unificados pela "Central".
Para uma publicação, é muito melhor começar ganhando pouco que não ganhando nada. E como o leitor destas nanicas é bastante uniforme, a "Central" poderia até ter uma equipe própria para bolar os anúncios visando exatamente seu público específico.
(ME).

Publicidade Brasileira perde Hugo Weiss.

Caio para OuroEstávamos preparando o elogio a esta "Campanha de menos de 60 cm" da Caio Domingues para a Ouro Preto Collection quando tivemos a notícia de que seu idealizador, o publicitário Hugo Weiss, falecera nesta terça-feira. Acho que o choque da notícia nos foi dobrado, porque estávamos contando em conhecê-lo pessoalmente para colher seu depoimento para a matéria sobre o mercado do Rio a sair na revista Propaganda.
Falar de Hugo Weiss nós não saberíamos, mas podemos dizer que a idéia da campanha em pequenos anúncios foi belíssima, e Paul Brocchini, da Ouro Preto Collection, nos declarou que ela tem sido de um impacto que ele mesmo não imaginava.
Talvez essa seja a melhor homenagem que podemos prestar a Hugo Weiss.