Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 07/JAN/1983
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Residência divide conta de poupança

O ano de 1983 começou, para o mercado publicitário carioca, com uma grande bomba: a caderneta de Poupança Residência, do Grupo Veplan-Residência, que era totalmente atendida pela Artplan Publicidade, realizou uma concorrência entre três agências -- Caio, Estrutural e Norton -- com a expectativa de entregar um trabalho para a vencedora.
Avisadas às vésperas do fim do ano, as agências, pelo que soubemos, da posse do briefing, puderam se apresentar segunda-feira última, em regime de urgência.
Segundo os comentários do mercado, o que não foi confirmado pelos próprios diretores da agência, a vencedora da concorrência foi a Caio Domingues & Associados, que já estaria inclusive produzindo uma campanha para a Caderneta de Poupança Residência. As suspeitas correram o mercado, vários contatos de veículos começaram até a procurar a agência para saber quando começaria a veiculação.
Os boatos de que toda a conta do Grupo Veplan-Residência estaria para sair da Artplan, no entanto, carecem de fundamento, pelo que nos garantiu Paulo Ourivio, vice-presidente do grupo. Ourivio informou a esta coluna que -- apesar de não ter tido pessoalmente envolvimento com esta concorrência – soubera pelos diretores da Poupança que ela se devia simplesmente à entrega de um dos produtos da empresa.

A nossa análise das mensagens de fim de ano

Talvez um dos momentos mais difíceis da criação, publicitária ou promocional seja o anterior às festas de fim de ano, quando é preciso criar uma mensagem, ou produzir um brinde, para a empresa mandar para seus mais diversos públicos de relacionamento. Como ser novamente mais original e criativo que desejar "Boas Festas e Próspero Ano Novo" já foi motivo de debate entre criadores nas mais diversas publicações do setor, e a angústia dos profissionais ficava estampada em todas elas.
Este final de 1982, ao menos pelo que nos chegou às mãos, pudemos ver que a situação ficou ainda mais difícil, principalmente por conta das restrições de verba impostas pela crise. Sem considerar o aspecto emocional da lembrança (para o jornalista, que recebeu e publicou releases o ano inteiro, a lembrança de um simples cartão já é algo gratificante), ou seja, considerando apenas o aspecto criatividade, pouca coisa encontramos de realmente destacável, ou que, pelo menos, tenha demonstrado personalidade e utilidade. Reflexos, quem sabe, de um ano que também não foi lá de muita utilidade para o brasileiro, excetuando-se, é claro, pela metade de penúltimo mês, com as eleições.
Categorias
Pode-se dizer que as mensagens de Natal atualmente dividem-se em 4 categorias: Cartões, Cartazetes, Mensagens Culturais e Peças Criativas Puras.
Na área das mensagens por cartões, muitas são as empresas que hoje se limitam a imprimir suas frases em cartões Unicef ou LBA, acompanhando ou não estes cartões de presentes tradicionais, como peças de decoração, garrafas de escocês ou caixas de vinho. Não deixa de ser, em época de crise, uma boa utilização da verba, dividi-la entre pessoas de interesse e crianças necessitadas.
Os Cartazetes de Natal, por outro lado, são, na opinião desta coluna, a forma menos forte e interessante de todas, por sua quase nenhuma utilidade com poucas e honrosas exceções. Chegando quase sempre enrolados e amassados, os posters têm invariavelmente como destino o arquivo redondo, apesar de se ver que sua produção deve ter custado caro. Entre as exceções deste ano, citamos a da Rio Gráfica, reproduzindo um série de rótulos de cachaça (e que veio acompanhando -- aí sim a boa sacação -- uma caixa com três das melhores e exóticas cachaças nacionais), e a da Pubblicità, reproduzindo uma capa de A Manhã, cuja "matéria" principal justamente abordava a forma com que o Barão de Itararé (hoje patrono da Pubblicità) vivera as últimas horas do ano de 1945.
Já as mensagens de Natal através de trabalhos culturais patrocinados pelas empresas merecem aplauso independentemente do projeto cultural envolver a edição de um sofisticado livro inédito de pesquisa ou de uma série de serigrafias assinadas. Em um país cujos órgãos oficiais mal conseguem cuidar eficazmente de sua administração, a atividade cultural ser estimulada pela iniciativa privada, mesmo no curto período de fim de ano, é mais do que válida. Parabéns, por exemplo, à Rede Globo, pelo livro (e campanha) "Arte Sacra em Portinari": à Focus, pela preciosa reimpressão autografada do "Poema de Sete Faces", de Drummond, acompanhada da serigrafia de Darel; à Construtora Servenco pelas pertinentes serigrafias "O Obreiro", de Ciro; entre tantos outros.
Finalmente, as mensagens de Criatividade Pura, ou seja, aquelas criadas e produzidas especialmente para a ocasião, de forma original. É o caso da Bola de Natal Brasileira, da Thompson Propaganda, e que na verdade era uma bola de futebol, com a qual a agência desejava que "em 83 você drible todas as tristezas e atinja todos os seus gols" ou o lançamento, pela Caio Domingues, do "Ano Internacional das Novas Ideias", acompanhado de etiquetas com a frase "Você já teve uma ideia nova hoje?". Ou o maço de "dinheiro" do Banco Central da Alegria, enviado pela Cleian Publicidade com a recomendação de que assim, em 1983, não haverá necessidade de você poupar alegrias. Ideias gratificantes, enfim, que marcam por sua adequação ao espírito pelo qual o brasileiro está passando, e que conquistam, com isto, uma forte personalidade.
Se durante esta semana recebermos outras mensagens que mereçam citação, publicaremos na próxima coluna.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

• Até o dia 10, a ABP ainda estará guardando as peças inscritas ano passado no 1º Prêmio Colunistas-Rio de Janeiro, e que ainda não foram retiradas pelas agências cariocas. Depois, a entidade entregará tudo aos estudantes e demais possíveis interessados.
• A Artplan conquistou, em São Paulo, a conta do Morumbi Shopping, da rede de shoppings centers Renasce, a mesma que tem o BarraShopping, o BH Shopping, entre outros. Anteriormente, o MorumbiShopping estava com a Proeme.
• Está confirmado para os dias 13 a 16 de abril próximos, patrocinado pela ABP, o 5º Festival Brasileiro do Filme Publicitário. Este ano, o Festival, para facilitar o acesso dos publicitários, será realizado no Rio Othon Palace Hotel, de Copacabana. A localização dos últimos Festivais, no Hotel Nacional, sempre prejudicou sua repercussão e desenvolvimento.
• José Bastos deixou a direção executiva da ABP, onde estava nos últimos três anos, se transferindo para o LVC, onde exercerá a direção técnica, cargo que foi ocupado por José Milton Brito.
• Franco Paulino deixou a Comar, house­agency da Marcovan, e foi dirigir a criação da Premium Propaganda.
• O jornal Ação, que atualmente é comercializado, está procurando um contato-gerente de comercialização para atuar em São Paulo. Os interessados podem procurar Edmar Lucena, gerente comercial da publicação, pelo telefone 224-9768.
• Segundo o Jornal de Brasília, na última semana do ano os diretores da MPM Propaganda -- Luís Macedo, Petrônio Correia e Antônio Mafuz -- tiveram uma conversa com o presidente Figueiredo, no Palácio da Alvorada, que durou exatamente uma hora e dez minutos! Ainda pela nota do jornal brasiliense, a MPM espera que o mercado cresça, com otimismo, 5% em 1983.
• Georg Herz, diretor de marketing da Burroughs Eletrônica, foi indicado -- e aceito pelo presidente Figueiredo -- para ser estagiário, em 1983, da cobiçada Escola Superior de Guerra.