Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 13/MAI/1983
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Governo e agências do Rio chegam a acordo sobre concorrência

O Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro deverá publicar hoje - ou no máximo segunda-feira -, o novo Edital de Convocação para a escolha das agências de propaganda que atenderão as contas publicitárias dos órgãos da administração direta e indireta do Estado. Neste novo edital, não mais estarão presentes as exigências de que as agências pretendentes tenham sede no Rio de Janeiro e que apresentem um esboço de campanha para a extração de São João pela Loterj, itens constantes do Edital publicado dia 25 de abril último.
A decisão é fruto de negociações mantidas ontem entre representantes do governo e os presidentes das três principais entidades do setor no Rio de Janeiro: Paulo Roberto Lavrille de Carvalho (pelo Sindicato das Agências), Elysio Pires (pela ABP) e Mozart dos Santos Mello (pela ABAP - capítulo RJ). Com isto, o prazo para a entrega das propostas, inicialmente marcado para 25 de maio próximo, ficará prorrogada para 15 dias após a publicação do edital na imprensa oficial.
A decisão do governo, inicialmente, era de apenas retirar a exigência da sede, considerando os advogados do Estado que não havia qualquer ilegalidade na solicitação da campanha especulativa. Os representantes da classe publicitária, no entanto, fizeram ver à Secretária de Comunicação Martha Alencar - que posteriormente levou o problema ao secretário de governo Cibilis Viana - que a não apresentação de campanhas especulativas era uma reivindicação antiga do setor, consolidada pelas normas padrão aprovadas no I Congresso Brasileiro de Propaganda.
Além disto, a presença dos três representantes vinha simbolizar a união de todas as agências do mercado carioca em torno do assunto.
Na próxima semana, as três entidades estarão enviando correspondência ao governo do Estado comunicando o agradecimento do setor pela concorrência com a retirada daqueles itens, e parabenizando o governo pela atitude digna de levar em conta os anseios da classe e voltar atrás nas suas decisões. Como lembramos nesta coluna semana passada, a falta de diálogo dos últimos governos estaduais com empresários e consumidores quase nos desacostumou a todos de tentar soluções através do esclarecimento racional de ambas as partes.
É bom ver que os tempos democráticos estão realmente de volta.

Castrol e IBM estão procurando novas agências

Dois dos principais anunciantes nacionais sediados no Rio de Janeiro - a IBM do Brasil Indústria Máquinas e Serviços Ltda., e a Castrol do Brasil S.A. - iniciaram esta semana o processo de seleção de novas agências de publicidade para atende suas contas.
A Castrol, cuja verba de propaganda de 1982 esteve em torno de Cr$ 100 milhões, deixa com isso a SSC &B: Lintas, com a qual estava desde que a Caio Domingues abriu mão da sua conta. Até onde soubemos, o interesse da Castrol, nesta concorrência, é o de passar a trabalhar com alguma agência de porte médio. Já a IBM, cuja verba anual é mantida rigorosamente em segredo, está procurando uma segunda agência, para dividir a conta que há sete anos vem sendo cuidada pela Norton Publicidade. A nova agência a ser escolhida pela IBM cuidará de todos os seus projetos promocionais, setor que tem crescido bastante ultimamente na comunicação de marketing da empresa.

McCann no Brasil herda conta da R. J. Reynolds

Com a decisão da R.J.Reynolds dos Estados Unidos e da R.J.Reynolds Internacional de encerrar em todo o mundo seu relacionamento com a agência BBDO - que atendia seu provavelmente mais importante produto, o cigarro Camel ­ entregando a conta para a McCann Erickson, a R.J.Reynolds do Brasil foi levada a também passar para o escritório brasileiro da McCann a conta de Camel, que vinha sendo atendida nos últimos meses pela Caio Domingues, agência que ainda detém a maior parcela do atendimento da Reynolds brasileira, cuidando de River, Vila Rica, Mustang e St. Moritz.
No comunicado distribuído pela empresa nos Estados Unidos, foi feita a ressalva de que "não havia insatisfação da Reynolds com os esforços criativos da BBDO na conta de Camel". A empresa dizia saber que a atual campanha publicitária desempenhou um importante papel em transformar a marca em uma das de maior e mais rápido crescimento no mundo. No entanto, apontava o comunicado, a mudança se mostrou necessária devido "à inabilidade de estabelecer um relacionamento de trabalho próximo e continuo com o pessoal da BBDO durante o período em que a agência esteve associada com a marca".
No Brasil, a Reynolds fez questão de esclarecer que a troca não significa nenhuma restrição à "excelente qualidade dos serviços prestados pela Caio Domingues (...), que continuará atendendo outras marcas Reynolds". A entrada da McCann, de qualquer maneira, quebra um "policy" da Reynolds no Brasil e no mundo, de ser atendida apenas por 3 agências. Segundo Carlos Eduardo Jardim, porta-voz da Reynolds, é muito provável que desta vez a exceção seja mantida, "já que a companhia está satisfeita com os resultados alcançados também pela J. W. Thompson com Century e Winston (este ainda em mercado teste) e pela CBBA-Rio, com Chanceller e LS".

Bob Merrick falece aos 87 anos nos EUA

Robert F. Merrick, antigo presidente da J. Walter Thompson Publicidade Ltda., morreu quarta-feira passada, dia 4 de maio, na residência em que vivia aposentado em Islamorada, na Flórida, Estados Unidos. Estava com 87 anos de idade. Ele trabalhou durante vinte anos no Brasil e recebeu do governo brasileiro a mais alta condecoração conferida a um estrangeiro, a "Ordem do Cruzeiro do Sul". Algumas horas antes de morrer ainda conseguiu algumas palavras com um brasileiro que fora aos Estados Unidos especialmente para visitá-lo: Augusto de Ângelo, Presidente do Conselho Thompson no Brasil e seu companheiro durante sua longa e marcante passagem pela publicidade brasileira.
Bob Merrick - foi este o nome ele legou marcando um longo e expressivo período da história da nossa propaganda - dirigiu a Thompson de 1941 a 1961.
Em 1979 ele esteve aqui pela última vez. Veio tomar parte nas comemorações do cinquentenário da Thompson, e nesta ocasião fez, de próprio punho, um extenso relato que começou com as seguintes palavras.
"Durante o período de minha permanência, o mundo tomou conhecimento da notável recuperação do Japão e da Alemanha no após guerra e também do auto­sustentado crescimento econômico do Brasil. O desenvolvimento do Japão e da Alemanha foi devido à maciça ajuda externa, enquanto o Brasil conseguiu o seu salto econômico sem grande apoio exterior. (...) Eu fui um privilegiado por ter estado no Brasil durante este fascinante período e de ter sido parte dele".
Geralmente apontado como um verdadeiro líder e um formador, Bob Merrick aparece no depoimento de quase todos os grandes nomes que ajudaram a fazer a propaganda no Brasil nos últimos cinquenta anos como a figura que assinala este período e as palavras iniciais deste seu expressivo relato demonstram a sensibilidade histórica sempre presente em toda a sua atuação de homem influente do seu tempo.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

• FILHO PRÓDIGO - Convencido de que "é melhor comer um sanduíche do Bob's em Ipanema do que caviar no Morumbi", Maurice Cohen pediu demissão do cargo de vice-presidente Senior Executivo da Standard Ogilvy & Mather - o segundo posto em importância da agência no Brasil - deixando com isso a cidade de São Paulo (onde estava desde 1980) para voltar a operar no Rio de Janeiro.
Maurice, que desde que emigrou do Egito viveu no Rio, não conseguiu se adaptar ao clima e ao modo de vida da capital paulista, preferindo abrir mão de sua carreira formada ao longo de 15 anos na Standard ­ desde que a agência tinha apenas capital nacional, dirigida por Cícero Leuenroth.
No momento, Maurice Cohen está negociando com algumas agências cariocas seu próximo destino neste mercado, para onde retomará ainda este mês. Nas suas palavras, tudo isto nada mais foi do que "um ato de amor à cidade que me deu tanto amor..."
• DOCES NOTÍCIAS ­ Com a associação, nos Estados Unidos, das poderosas empresas do ramo de alimentos e guloseimas Nabisco Brands e Standard Brands, a Fleischman & Royal, subsidiária no Brasil daquela última, já começou a se preparar para o lançamento de diversos novos produtos no mercado brasileiro, com o apoio necessário da atividade publicitária. A conta da F&R está atualmente dividida entre a Almap e a J. W. Thompson.
• POR ONDE ENTROU? - Recebemos o comentário de alguns publicitários cariocas estranhando o filme "Monges", da Salles para o DNER ter sido o vencedor do Prêmio Profissionais do Ano, da Rede Globo, na categoria "Serviço Público - Comunitário". Não que o filme não mereça. Pelo contrário. É um excelente trabalho.
Acontece que o cliente está sediado no Rio, a agência é do Rio e a equipe de criação é do Rio. Só que o comercial não consta - porque não concorreu - da relação dos selecionados pela prévia dos Profissionais do Ano realizado pela Globo no Rio de Janeiro. Como então ele chegou lá, perguntam os tais publicitários?
• MINEIRAMENTE. - Como convém ao estilo do mercado local, ou seja, em silêncio, a SGB está instalando um escritório em Belo Horizonte, sob a responsabilidade de Ronaldo Bastos, egresso da agência mineira ASA.
• NA ESTRADA - Cinco agências estão competindo pela conta do DNER, cujo resultado deve ser divulgado ainda este mês: Salles, Norton, Almap, DPZ e Denison. Das agências que retiraram o edital e pagaram a caução, apenas a MPM não compareceu para entregar seus documentos e se habilitar à verba prevista para 300 milhões de cruzeiros.
• BOM BALANÇO - A Artplan Publicidade publicou na última semana seu balanço patrimonial referente ao exercício de 1982, apresentando o expressivo resultado de Cr$ 1.963 milhões de receita total representando um crescimento de 285,8 por cento (não deflacionados) sobre a receita do ano anterior, que alcançou 508 milhões de cruzeiros. A Artplan conta, em seus escritórios do Rio e São Paulo, com 226 funcionários.