Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 16/SET/1983
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Muda o ranking dos anunciantes

A indústria da propaganda no Brasil ultrapassou pela primeira vez, em 1982, a marca dos 500 bilhões de cruzeiros, com o investimento de 3,2 bilhões de dólares naquele ano. A informação é da revista especializada "Meio & Mensagem", cuja edição especial "Agências & Anunciantes" começa a circular esta semana, com um levantamento do comportamento das 300 maiores agências de propaganda do país, e dos 300 anunciantes de maior verba de comunicação do mercado brasileiro.
Segundo estimativas de "Meio & Mensagem", baseada em consultas junto a diversos veículos e departamento de mídia das empresas publicitárias, as agências de propaganda responsabilizaram-se por 60 por cento do total de investimentos publicitários em 1982, o que significa, para os anunciantes diretos, a manipulação de uma verba impressionante: 235,3 bilhões de cruzeiros.
No ranking das agências, a MPM aparece, pela quarta vez consecutiva, como a maior empresa de propaganda do país, com uma receita de 6,2 bilhões de cruzeiros. No setor de anunciantes, a novidade é a subida da Souza Cruz para a posição de empresa de maior verba de comunicação. Sozinha, ela investiu 5,5 bilhões de cruzeiros, um volume maior que a receita da agência Alcântara Machado, a segunda maior do país, que chegou a 5 bilhões com todos os seus clientes.
Em segundo lugar, entre os anunciantes, ficou a Nestlé, com uma verba de 5,3 bilhões de cruzeiros e, em terceiro lugar o Laboratório Dorsay, que investiu em publicidade, ano passado, Cr$ 5 bilhões.

Agências e veículos não descontam taxa do Decreto 2030

A Fenapro está distribuindo cópia do Ato Declaratório Normativo da Receita Federal que finalmente esclarece a situação da agências de propaganda sobre a calamidade de imposto que caiu sobre as empresas de prestação de serviço cadastradas como sociedades civis.
O ato, assinado pelo coordenador Jimir S Doniak, do sistema de tributação, declara às superintendências regionais da Receita Federal e aos interessados que as agências de propaganda não estão sujeitas à incidência do imposto de renda na fonte do Decreto 2.030, "uma, vez que não se enquadram no disposto no artigo 1º inciso I do Decreto-Lei nº 1.790, de 09 de junho de 1980".
Por outro lado, a Pereira de Souza, representante de veículos, está distribuindo às agências um parecer assinado por seu advogado João Pedro da Silva, com duas páginas datilografadas, lembrando que, da mesma maneira, não tem cabimento a tal retenção não só aos veículos de comunicação, "uma vez que os mesmos vendem os seus espaços publicitários", como ainda aos representantes de veículos, "que por conta dos ditos veículos, vendem os seus espaços publicitários, independentes dos mesmos serem definidos como agências de publicidade e propaganda, pela Comissão de Enquadramento Sindical do Ministério do Trabalho".
Ou seria o governo está conseguindo seu objetivo de criar o caos nacional.

Garden propõe crença no renascer

Uma mensagem de esperança é o que está enviando a agência carioca Garden Publicidade, para comemorar o seu sexto aniversário.
A agência. aproveitando seu nome Garden, está fazendo chegar, a clientes e jornalistas, envelopes com sementes de flores, acompanhadas de uma mensagem que diz: "E de repente, é primavera. Está de volta a crença no renascer. Com trabalho, dedicação e amor, é hora de fazer desabrochar a flor-Brasil. A Garden oferece a você estas sementes para que você as plante, regando-as com o seu carinho. Dias mais belos chegarão, recompensados pelo reviver do otimismo".
A Garden, como se vê, está fornecendo as sementes.
Aproveitando a metáfora, acrescentamos que ao setor privado caberá regar as plantas.
Só nos resta esperar que esta política econômica burra do governo não lance nenhum decreto proibindo a adubação...

Periscinoto quer campanha para vender artesanato

O presidente da Associação Brasileira de Agências de Propaganda, Alex Periscinoto, propôs na última semana, em Fortaleza, o lançamento de uma grande campanha nacional de publicidade promovendo os produtos artesanais do Nordeste, como parte de uma apresentação sobre "como a criação publicitária pode ajudar a refazer o conceito de uma região esquecida."
Alex acredita que, a partir de um esforço conjunto dos homens de publicidade locais, e a colaboração voluntaria dos meios de comunicação e de artistas famosos, poderia "ser criado um fluxo permanente de comercialização", passando o artesanato nordestino a ser adquirido não só a titulo de ajuda como, principalmente, pela estrutura de marketing por trás, garantindo a boa qualidade.
A proposta do presidente da ABAP foi apresentada nos Encontros Culturais-83, um ciclo de palestras promovido pela Universidade Federal do Ceará.

Produtor de cinema reclama apoio do empresariado

- O empresariado nacional continua atrelado a uma certa seriedade caduca, que gera o medo de investir em cinema, desperdiçando sua imensa potencialidade de formação e opinião.
A afirmação é do produtor Carlos Alberto Diniz, sócio do Centro de Produção e Comunicação - CPC, que este ano já lançou os filmes "Bar Esperança" e "Rio Babilônia" e, este mês, o ótimo "Parahyba Mulher Macho" de Tizuka Yamasaki.
O diretor da CPC - empresa que faturará em 1983 em torno de 120 milhões de cruzeiros - cita, por exemplo, que na produção de "Parahyba Mulher Macho" a equipe precisou reconstituir as instalações de um banco comercial da década de 20, para o que procurou vários banqueiros tradicionais de Recife, não conseguindo deles recursos para os cenários da época em troca de um merchandising do banco, que seria visto nos cinemas por um público estimado em 1 milhão de pessoas.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

• UM NOVO AROLDO! - A Aroldo Araújo Propaganda, que agora tem como política não mais divulgar suas conquistas (o mercado está cheio de olho grande), já está autorizando aos veículos trabalhos de novos clientes: O Shopping Center da Gávea - para o qual a agência inclusive lançou a promoção de um concurso para encontrar novos desenhistas de humor -, e a Schumec Computadores, um fabricante carioca de microcomputadores.
• MUITO NATURAL - A moda dos alimentos integrais está chegando agora a um novo requinte: está sendo lançado no mercado uma pizza integral preparada, destas que basta levar ao forno antes de comer. A empresa gaúcha Dibebidas, fabricante da pré-pizza integral, acredita que seja grande o mercado de consumidores que estão em regime, ou que gostam de comida natural, mas que também gostam de pizzas.
• NOVA SEDE LATINA - O escritório da McCann Erickson em São Paulo, onde já funciona a matriz da agência no Brasil, a partir de agora se torna a sede da diretoria regional da empresa para a América Latina, coordenando as atividades da McCann nos 20 países desta região nos quais ela atua.
Para assumir esta diretoria, a McCann promoveu Jens Olesen, presidente e gerente-geral da McCann no Brasil, e que ocupava apenas a direção regional do Sul da América Latina.
• PERTINÊNCIA - A diretoria do Fluminense realizou quarta-feira, na sede das Laranjeiras, um coquetel para comemorar a assinatura de um contrato de patrocínio para o seu time de voleibol masculino. A curiosidade da notícia está na empresa patrocinadora, cujo nome passará a constar dos uniformes dos rapazes do voleibol "pó de arroz": é nada menos que a Leite de Rosas!...
• ATAQUE SUJO ­ Há duas semanas, quando entrevistamos Wesley Dornellas, diretor de marketing da Glaxo, para publicarmos, em primeira mão, a notícia sobre o lançamento de Antak, ele já havia nos avisado que a reação dos laboratórios concorrentes estava sendo muito forte, inclusive usando de lobby junto a autoridades para impedir que o antiulceroso - cujo sucesso no exterior foi muito grande - pudesse ser lançado no Brasil.
Agora vemos que Dornellas tinha razão. As redações dos jornais e rádios brasileiros estão recebendo um press-release que dá para sentir pena do que é o marketing farmacêutico no Brasil. O release acusa a substância do produto da Glaxo de uma série de "perigos" e efeitos colaterais, Só que, num jogo sujo, nem o papel do release é timbrado nem consta dele o nome do redator responsável, ou seja, marketing sujo e ainda por cima, mal feito.
• APOSTANDO NO BICHO - Já chegam a três os produtos lançados pela empresa Effem para a alimentação de pássaros, com a linha Trill. Ao que parece, um número maior de fabricantes de rações animais passa a apostar no potencial do mercado, investindo em propaganda impressa e eletrônica. A Effem, inclusive, diz que, segundo uma pesquisa realizada pela Marplan, 30 por cento dos lares brasileiros têm gaiola, e cada lar tem em média 2 pássaros, o que, concluímos, dá um mercado de 6,8 milhões de pássaros engaiolados em lares economicamente ativos do Brasil.
• GRANDEZA - Uma curiosidade no Relatório Anual do grupo Votorantim, preparado pela Salles. Não há, em nenhum local, fotos dos diretores do conglomerado, que é o maior do país, aliás. Antônio Ermírio de Moraes, seu superintendente, aparece onde deve aparecer: liderando as reivindicações da classe empresarial brasileira por melhores condições de atuação. Um exemplo que deveria ser seguido por um número maior de empresários. Principalmente no Rio.
• NOS LIMITES - Como disse um comentarista político conhecido nosso - fora do ar, é claro -: se esse governo fosse de civis ou de tendências de esquerda, com o caos que está, os militares já estariam com os tanques na rua para tomar o poder. Como são eles que estão no poder, vamos tendo que aguentar as afirmações deles que está tudo bem...