Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 09/MAR/1984
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Está faltando marketing no produto cultural brasileiro

Os jornais noticiaram esta semana que a Maurício de Souza Produções, empresa do bem sucedido desenhista Maurício de Souza não mais poderá dar continuidade a seu plano de produzir dois desenhos animados de longa metragem por ano no Brasil, já que as exigências da Embrafilme para participar do projeto não foram bem aceitas por Maurício.
Nós, que defendemos a instituição da Livre Iniciativa, e junto com ela uma redução da ingerência do governo nas atividades privadas - principalmente aquelas que não sejam de interesse da sobrevivência básica da população -, mais uma vez vemos com curiosidade esta situação do realizador cultural brasileiro que espera de um órgão governamental a solução dos problemas de escoamento de sua produção.
O fracasso da interferência de órgãos governamentais nestas atividades não é novo, mas o produtor cultural brasileiro continua avesso a buscar nas técnicas de marketing as brechas para o maior desenvolvimento da sua atividade.
Ao contrário de estudar a sua atividade à luz das características do mercado consumidor brasileiro, ele prefere ficar exigindo a existência de Embraeteceteras e de leis de obrigatoriedade, como se, em cultura, subsídios públicos - principalmente no Brasil - pudessem resolver.
É preciso que se repense seriamente o produto cultural brasileiro como se encara um produto industrial, para que possa conquistar fatias reais de mercado, com a correspondente sobrevivência digna do criador. Para isto, porém, a conscientização do próprio criador é fundamental, deixando para trás o tempo do romantismo da "marginalidade cultural".
As barreiras da grande dimensão territorial brasileira também afetam o produto cultural, dificultando a sua distribuição, principalmente quando o produto tem características de cultura de massa, como é o caso do cinema e também das histórias em quadrinhos.
O próprio Maurício de Souza deve uma grande parte do seu sucesso ao formidável esquema de distribuição que montou através do Brasil, permitindo que jornais de Norte a Sul do País tivessem acesso a seus quadrinhos, a um custo competitivo com os americanos. Este esforço não foi acompanhado pelos demais quadrinistas brasileiros - e podemos dizer porque já estivemos entre eles - levando a um lamentável estado de abandono a situação das histórias em quadrinhos no Brasil.
Criadores de talento em nossa terra não faltam. Tampouco faltam empresas e empresários com condições de se interessarem por projetos culturais que tragam retorno (é lógico, ora, vai dar retorno só para o criador?)
O marketing pode ajudar muito o desenvolvimento da atividade cultural no Brasil. O criador que sair na frente não se arrependerá. (M.E.)

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

• MORDENDO O MERCADO - A Brasil América Publicidade conquista seu primeiro grande cliente de presença nacional, além do Grupo CB: é a Remington Ind. Com. Sistemas para escritórios, na parte referente a produtos de informática. A BAP é mais uma agência que abre caminho para deixar de ser house-agency e desenvolver-se no mercado carioca. Isto é muito bom.
• DOIS É BOM - A revista Visão está enviando a todas as agências um material promocional da revista Veja, no qual a Editora Abril prova que a circulação de sua revista é maior que a soma de todas as demais semanais do mercado brasileiro: Visão, Manchete, Isto É e Senhor.
Acontece que, na peça da Veja, a visão aparece como tendo a maior tiragem de todas as outras concorrentes de Veja, levando o pessoal do seu comercial a muito sabidamente sugerir aos mídias que Visão é "certamente a primeira opção do mídia depois da revista Veja".
Se não dá para ser a número 1, por que não pegar o vácuo dela?
• ERRAMOS - O novo diretor da criação da Salles-Rio é o Joaquim Pecego, e não o Alcides Fidalgo, que deixou de ser diretor de criação da Almap para tornar-se novamente apenas redator, agora na dupla Pecego/Alcides.
• CAMEL NA AMAZONIA - A Selva Amazônica foi escolhida para sediar o Troféu Camel'84, a quinta edição anual de uma promoção da R.J.Reynolds que se tornou uma das mais exóticas competições internacionais do estilo fora-de-estrada.
Este ano, de 4 a 19 de abril, 12 times de 6 países europeus estarão atravessando 1.000 milhas de ltaituba, no Pará, até Rio Branco, no Acre. Inexplicavelmente, porém, a Reynolds no Brasil não fez a menor divulgação do fato e nenhum brasileiro concorrerá a conquistar o troféu nesta prova, no seu próprio País·
• SAI RESULTADO DO PRÊMIO COMUNICAÇÃO DA ABP - A Diretoria e o Conselho Superior da ABP acabam de escolher seus premiados de 84. Estas são as personalidades e empresas que segundo a ABP, melhor desempenho tiveram durante o ano passado:
Personalidade do Ano: Governador Tancredo Neves.
Personalidade do Ano - Homenagem especial: Condessa Pereira Carneiro.
Veiculo do Ano: Rede Manchete de Televisão.
Anunciante do Ano: Banco Itaú.
Agência do Ano: Almap.
A solenidade de entrega do Prêmio Comunicação já está marcada para o dia 30 de março com almoço no Rio Palace, no Rio de Janeiro.
• DUPLA NOVA - A Universal conquistou a conta do jornal O DIA e acaba de contratar o redator Ricardo Correia e o Diretor de Arte Edvar Godines, que formarão mais uma dupla de criação em São Paulo.
• DESAFIO - Foi respondido o desafio da semana retrasada, quando falamos da cor pálida das pastas de dente vermelhas da marca Close Up. Um gerente de produto Gessy Lever nos telefonou, confirmou o fato, explicou de forma aceitável, e se comprometeu a mandar a explicação por escrito, para publicarmos aqui na próxima semana.
Esta semana, o desafio passa aos publicitários criadores da propaganda da Danone. Ganha o direito de se expressar o quanto quiser na coluna quem encontrar, nos supermercados (pelo menos os cariocas), produtos da Danone com as indicações de data de fabricação e de validade tão nítidas e legíveis como as do comercial do Agente Danone, veiculado há dois meses, quando a lei de obrigatoriedade entrou em vigor.
Agora, passado o impacto da lei, a Danone parece que está usando uma tinta a base de água, que com a umidade dos refrigeradores dos supermercados e a manipulação dos repositores e remarcadores acaba virando um borrão roxo totalmente ilegível.
Está lançado o desafio.
• A CONFIRMAR - Com o governo carioca só pensando em Sambódromo e carnaval não conseguimos checar com a assessoria de comunicação o comentário que nos chegou aos ouvidos, de que o pool de agências de comunicação do governo do Rio teria sido alterado, segundo decisão do próprio grupo de agências a partir das exigências apresentadas inicialmente no edital de convocação.
Nesta mudança teriam deixado o pool duas agências: a baiana DM-9, porque confessadamente esvaziou a sua estrutura no Rio, já que o mercado deixou de interessá-la comercialmente, e a Ellis e Associados, ex-Ellis & D'Orey, por conta de sua mudança acionária causada pela saída de Fritz D'Orey da sociedade.
Assim que os confetes baixarem vamos confirmar.