Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 25/OUT/1985
Marcio Ehrlich e Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Conta do IBGE será só para as grandes

Ainda não será com a conta do IBGE que a propaganda governamental da Nova República vai se democratizar. Segundo os dados da concorrência divulgada na última semana, muito poucas agências conseguirão se habilitar à disputa da conta. Provavelmente, só as grandes nacionais.
As principais restrições que definem esta situação são, em primeiro lugar, a proibição de multinacionais concorrerem. Além disto, a agência precisará ter pelo menos, cinco anos de atuação, uma decisão que não leva em conta que o importante é o tempo de experiência dos dirigentes e profissionais da empresa, e não o tempo em que eles decidiram se transformar em pessoa jurídica. Com isso, são eliminadas agências que já comprovaram alto grau de competência no mercado, como Talent, Contemporânea, VS Escala e Enio. E finalmente, a obrigação de um capital social integralizado de, no mínimo, Cr$ 500 milhões, fechando totalmente o cerco nas grandes agências.
Dia 6 de novembro, às 10hs, encerra-se o prazo para a entrega dos documentos. Vamos ver quantas agências aparecerão.

RTVC floresce na primavera do Rio

A produção de RTVC - Rádio, Televisão e Cinema publicitário no Rio está entrando este mês, surpreendentemente, em sua melhor fase dos últimos anos. As noticias envolvendo as produtoras do setor são todas muito animadoras. Vejam só: A Tycoon, de Cyl Farney, está inaugurando em Jacarepaguá dois estúdios que, segundo ouvimos de mais de um especialista da área, são os mais modernos da América do Sul, comparáveis inclusive a vários de Hollywood, em termos de espaço e facilidades de operação. A estrutura do equipamento de vídeo-taipe é a mais moderna do Rio, com ADO, ACE e outros sofisticados aparelhos, que demandaram investimentos na ordem de três milhões de dólares.
A Jodaf, do João Daniel Tikhomiroff, muda-se até o próximo mês para uma ampla casa na Rua Paissandu.
A Claquete, do Luís Carlos Sardemberg, está inaugurando um estúdio próprio, para facilitar as suas produções.
E, para completar, o Rio assiste ao surgimento de duas novas produtoras, que prometem esquentar o mercado: a Hiper Filmes, do fotógrafo Murilo Sales; e a Tec-Cine, dirigida por Jean Benoit e Gui Blanc.
Pode-se prever para breve um aumento da presença de cariocas nos rolos dos filmes premiados dos próximos festivais publicitários.

Billy Davis: comerciais são mais baratos

A partir da próxima semana, o diretor de cinema Billy Davis, dono da produtora de comerciais Abracam, vai iniciar a produção de uma campanha impressa assinada por sua produtora para demonstrar ao mercado publicitário que, ao contrário da crença geral, a produção de comerciais no Brasil não está cara e, o que ele demonstra como o mais importante, teve os seus aumentos de preço evoluindo muito mais lentamente que o custo de vida no País.
Billy conta que descobriu esta defasagem quando a agência DPZ lhe pediu para avaliar os custos necessários para a reutilização do filme de lançamento do Kibe Sadia, produzido em 1976. Era uma produção muito simples, diz Billy, que só teve como cenário as dunas de Cabo Frio fazendo o papel de deserto, o ator Silveirinha fazendo o papel de árabe e o ator Paulo César Pereio na locução. Além disto, uma simples trucagem para o prato de kibe aparecer como miragem e só. Procurando em seus arquivos, a produtora verificou que o comercial havia custado 80 mil cruzeiros, incluindo o pagamento de 3 mil para Silveirinha, 1.500 para Pereio e todo o conforto para a equipe de produção nos hotéis de Cabo Frio, como era comum na época.
Por todos estes cálculos, Billy chegou a duas conclusões: primeiro, que em muitos casos pode mais valer a pena o anunciante autorizar a criação e produção de um novo comercial que reutilizar um antigo e defasado; e segundo, não é justo que produtoras como a dele fiquem aceitando queixas de agências e anunciantes de que a produção de filmes publicitários está muito cara: "Com certeza", conclui Billy, "o comercial é hoje a peça que ficou entre os custos mais baratos, quando relativamente comparados a todos os outros custos de produção e comercialização absorvidos pelas empresas anunciantes".

Poesi lança sua coleção 86 em comercial Hollywoodiano

MPM para PoesiUm comercial que está chamando muita atenção no momento é o "Escola de Sereias" que apresenta a nova linha de maiôs e biquínis da Poesi. Propositalmente criado no estilo dos grandes musicais Hollywoodianos protagonizados por Esther Williams, segundo Fredy Nabhan, criador e diretor do comercial, a produção mobilizou cerca de 150 pessoas, incluindo as bailarinas, alunas de nado sincronizado do Fluminense. Toda a filmagem levou apenas 5 dias e, para se conseguir o efeito de luzes e fogos de artifício saindo da piscina, foi necessário a colocação de um elevador de 6 toneladas para a filmagem da cena.
Para se ter uma ideia da grandiosidade e capricho da produção, até a fumaça colorida foi encomendada e importada diretamente de Miami. A seguir, a ficha técnica:
Cliente: Cia. Sayonara Industrial.
Agência: MPM
Criação e direção: Fredy Nabhan
Cenário: Mauro Monteiro
Fotografia: René Persin
Produção: Sunlight
Trilha: Jorginho Abicalil
Coreografia: Magali
Aprovação pelo cliente: Alberto Cury

CURTAS

• O Shopping Rio Sul está realizando concorrência entre agências publicitárias para o atendimento de sua conta. Lançado pela UEB Publicidade, house do grupo Moreira de Souza, o Rio Sul foi atendido posteriormente, por um bom tempo, pela Norton, até retornar à UEB. Ano passado, a Salles, através da sua agência de promoções Merchand, anunciou a compra da UEB, assumindo a conta do shopping até hoje, quando surge a informação da concorrência.
• O CCRJ - Clube de Criação do Rio de Janeiro iniciou um processo para recuperar os registros perdidos, voltando a ser uma entidade legalmente instalada. Para isto, o CCRJ contará com o apoio da OAB, oferecido após a ajuda que o clube deu na campanha "De olho na Constituinte", promovida pelos advogados cariocas.
• Divertida, inteligente e bem produzida a nova campanha da Ipiranga que está no ar, criada pela dupla Fábio Siqueira e Adeir Rampazzo para a MPM-Rio. É um trabalho que tem tudo para conquistar consumidores para o cliente e prêmios para a agência. Apesar de graficamente ousada (principalmente o comercial do restaurante, alternando cenas ao vivo com cenas do monitor), a campanha mostra o tempo todo a embalagem do produto, firma o nome Ipiranga e a especificação de que é um óleo: através dos jogos de palavras e ideias com "olhos" e "óleos de cozinha". É a MPM voltando a atacar.
• A coluna Zózimo, do Jornal do Brasil, fechou o escritório da Thompson no Rio de Janeiro, ao retirar dela, ao mesmo tempo, as contas da Pepsi, do Citibank e das Ceras Johnson. Como, por seu lado, nenhum dos três clientes tomou a mesma atitude do colunista, a agência continuou funcionando normalmente.
• Aliás, vale a lembrança: na Pepsi, Roberto Ambramson desligou-se da Diretoria de Marketing, que passou a ser ocupada por Guillermo Rotman.
• Maria Alice Langoni, superintendente de planejamento de marketing do Jornal do Brasil, pede que esclareça que o JB é atendido por três agências, sendo o noticiário e revistas atendidos pela VS Escala e a Contemporânea; e os classificados, pela Norton.
• A Festa de entrega do "Prêmio Colunistas-Rio", que será realizada no próximo dia 30 no Golden Room do Copacabana Palace promete ser um sucesso. Todo o mercado estará representado pelas diretorias e principais executivos de agências.
• Correspondências para esta coluna: Praia de Botafogo, 340 grupo 210. Cep: 22250. Rio de Janeiro - RJ. Telefone: 266-3131.