Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 18/ABR/1986
Marcio Ehrlich e Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Colunistas Nacional:
A opinião de um jurado

Durante muito tempo, houve uma certa preocupação entre os membros do júri do Prêmio Colunistas de, após o julgamento, considerar-se que todos os resultados divulgados o haviam sido por decisão unânime.
Nunca questionei muito o porquê desta decisão, mas sempre procurei mantê-la. Este ano, porém, estamos vivendo novos tempos, com a democracia totalmente instalada no País, sem que tenhamos que sentir medos reais ou imaginários. E como as eleições abertas fazem parte do processo democrático, julguei que não faria mal comentar o que me impressionou mais durante o julgamento do Prêmio Colunistas Nacional, ocorrido em São Paulo, e cujo resultado foi publicado aqui semana passada.
É claro que não foram só estes os bons trabalhos que surgiram no Colunistas. Mas a estes qualifico como "primorosos", mesmo alguns deles não tendo ganho medalha de ouro. Democraticamente, aceito o resultado da votação e defendo o supremo direito do júri de torná-lo oficial. Mas registro que saí satisfeito de ter podido assistir e votar nos seguintes trabalhos, apresentados a seguir pela ordem de apresentação no julgamento:
- A campanha de Sopas Knorr, das Salles, pela detecção precisa dos momentos em que efetivamente haveria uma brecha na mente do consumidor para o uso do produto, e pela forma intimista - o estômago falando - de comunicar a ideia.
- O comercial "Guarda", da Almap, para o Passat, delicioso por transparecer a sensação de orgulho e exagerado zelo que tem um comprador de um carro novo, como pretexto para demonstrar ao público as novas características do produto.
- O comercial "Asa Delta", da Thompson para a Pepsi, cuja forte emoção e o excelente trabalho de atores numa linha de ação natural ­ rara na propaganda brasileira – até superam e perdoam a falha do batimento do reflexo no momento do pulo da modelo.
- A série de comerciais de 10" da McCann para a Coca-Cola, ao que parece os primeiros comerciais de 10" no Brasil, com um belíssimo grafismo e ousadia, estreando também na televisão a imagem da garrafa de Coca vazia.
- O felliniano comercial "Outdoor", da GGK para o creme Nívea, pela forma inteligente de demonstrar a ação do tempo de verão na pele da mulher. A imagem passa perfeitamente sem cair no mau gosto de mostrar as mazelas num corpo verdadeiro.
- O comercial de lançamento das Chuquinhas, da Standard para a Estrela, por conseguir passar - no magnífico trabalho do ator Nello - o carinho e o amor que uma menina pode ter por suas bonecas. Sem recursos fantasiosos, desperta vivamente o desejo de compra.
- A campanha "Arte", da MPM para a Artex, descobrindo o óbvio (como isso é difícil, todos sabem) da presença da palavra Arte no nome da empresa. Com simples recursos plásticos, todo o conceito é passado ao consumidor, dando o status de classe que ele exige.
- A campanha "Eleições", da Contemporânea para o Jornal do Brasil, pela forma impactual de se aproveitar do momento de forte emoção democrática que o País vivia para crescer nos conceitos de credibilidade e seriedade exigidos pelo leitor daquele jornal.
- O jingle "Ki-Paixão", criado por Eduardo Dusek para a campanha da Almap para a Kibon. Um sucesso de Dusek que fez com que todo o júri acompanhasse a melodia e o ritmo com a cabeça, com as mãos, os pés e alguns até cantando junto.
- O comercial "Eu vou, eu vou", da Salles para a Lavadora Brastemp, pela perfeição da realização e pela sutileza da ideia usada para demonstrar que o produto pode ser usado para lavar os mais variados tipos de roupa da casa. Com certeza a dona de casa que assiste o comercial identifica cada uma das peças que sai dançando a caminho da máquina.
- A campanha de anúncios dos maiôs de Lycra, da Lage Stabel/BBOO para a DuPont, pela sempre surpreendente qualidade gráfica da Lage, e pela beleza e unidade dos layouts.
- A campanha "O Santo Protetor do seu Carro", da Norton para a Atlantic, pelo senso de oportunidade de aproveitar a novela Roque Santeiro, e pela precisão do texto, que deu a perfeita ideia dos personagens sem caracterizar os atores, o que o contrato impedia.
- O fonograma "Tradutor", da MPM para a Aliança Francesa, pela ousadia de brincar com nada menos que o hino da França, o que acaba sendo perfeitamente compreensível por ser ele também um dos principais símbolos daquele país conhecidos pelos brasileiros.
- A campanha "Nota Fiscal", da Mark para a Secretaria de Fazenda do Ceará. Foi a primeira vez que vi uma campanha por maior arrecadação do ICM que não fala em ICM nem em prêmios, e sim na importância da Nota Fiscal como documento para o consumidor. Uma campanha premonitória que agora, com o pacote, deveria ser seguida em todo o País.
- A série de fonogramas "Brega", da Ítalo Bianchi para rede de varejo Balaio, com textos brilhantes do verdadeiro cancioneiro brega, com o humor exato para sensibilizar o público­alvo do anunciante.
- O anúncio "Antes o torcedor morria de paixão...", da VS Escala para a Rádio JB AM, pela força poética e pungente do texto, e pela oportunidade de ligar a emissora, que na época ainda transmitia futebol, a uma grave problema da vida esportiva, o massacre cometido pela torcida do Liverpool.

ABM torna-se entidade nacional de marketing com sede em Brasília

A ABM-Associação Brasileira de Marketing já é uma entidade nacional desde o último dia 8 de março, quando os presidentes das doze regionais da ADVB-Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil reuniram-se em Brasília e transformaram a ABM no órgão central e superior a congregar as ADVs.
Com isso, no Rio de Janeiro, deverá surgir até o próximo mês a nova regional carioca da ADVB, como modificação da estrutura anterior da ABM. O presidente do órgão, Lywall Sales, publicará ainda em abril a convocação de uma Assembleia Geral para oficializar a mudança.
A diretoria da nova ABM ficou assim constituída: José Zetune (SP), presidente; Rui Schneider (RJ), Nelson Sirotsky (RS) e Sergio Junqueira Arantes (MG) como vice-presidentes; João Ernesto Coelho Neto (SP), diretor secretário; Sebastião Bonfá (SP), diretor tesoureiro; Luiz Nozar (SC), Marcio Tumoleiro (RS) e Francisco Fontana (PR) como diretores; Lywall Sales (RJ), presidente do Conselho Superior; José Maria Toscano .(PA), Enio Carvalho (BA) e Francisco Paulino (CE) para o Conselho Fiscal.

Sendas vai para Giovanni

Demorou, mas o mercado publicitário carioca acaba de registrar a sua primeira bomba do ano: está se desfazendo a Casa Propaganda, agência montada há exatamente 4 anos (foi fundada em 19 de abril de 1982) pela MPM junto com a Casas Sendas especificamente para atender àquela conta de varejo.
Em sua curta existência, a Casa chegou a conquistar outras contas, como a do Copacabana Palace e das Indústrias Beira Alta, e mesmo ganhar alguns prêmios publicitários.
Com a desativação, toda a interessante conta da Sendas (prevista para 30 milhões de cruzados este ano) se transfere para a Giovanni & Associados, do publicitário e radialista Paulo Giovanni, que já cuidava de parte da publicidade deste cliente. Junto com ela entra na Giovanni o ex-diretor de operações da Casa Propaganda, o comunicador Henry Carlos Gonçalves (mais conhecido como Carlos Henrique), assumindo uma Vice-presidência.

Quais foram os criadores mais premiados no Colunistas?

Tradicionalmente, após a realização do julgamento de um Prêmio Colunistas, é comum os colunistas publicarem rankings das agências mais premiadas, baseando-se em pesos concedidos a cada tipo de diploma do concurso.
Um outro levantamento importante que, no entanto, nunca foi feito, é o dos criadores mais premiados pelos colunistas.
De posse, então, das Fichas Técnicas dos trabalhos premiados - conforme foram preenchidas pelas próprias agências concorrentes -, realizamos este levantamento, para que o mercado publicitário conheça agora também o ranking dos cinco melhores diretores de arte e cinco melhores redatores, segundo o julgamento do Prêmio Colunistas-Rio.
Consideramos, para efeito da contagem, 5 pontos por um Grande Prêmio, 3 por cada Ouro, 2 por Prata e 1 por cada medalha de Bronze:
REDATORES:
1.º: Mauro Matos, com 35 pontos (1 Grande Prêmio, 6 Ouro, 5 Prata e 2 Bronze);
2.º: Fábio Fernandes, com 22 pontos (5 Ouro, 3 Prata e 1 Bronze);
3.º: Paulo de Tarso, com 20 pontos (3 Ouro, 5 Prata e 1 Bronze);
4.º: João Bosco, com 13 pontos (2 Ouro, 2 Prata e 3 Bronze);
5.º: Roberto Wrencher, com 13 pontos (3 Ouro e 2 Prata).
DIRETORES DE ARTE:
1.º: Cristóvão Martins, com 37 pontos (1 Grande Prêmio, 7 Ouro, 5 Prata e 1 Bronze);
2.º: Eduardo Correa, com 23 pontos (3 Ouro, 6 Prata e 2 Bronze);
3.º: Paulo Brandão, com 19 pontos (4 Ouro, 3 Prata e 1 Bronze);
4.º Danilo Perez, com 13 pontos (3 Ouro e 2 Prata);
5.º: Zianno Grigoli, com 9 pontos (2 Ouro, 1 Prata e 1 Bronze).
Estes criadores serão homenageados durante a festa de entrega do Prêmio Colunistas-Rio com a citação e o reconhecimento público de seus nomes.

CARTAS

"Meus caros Marcio & Marcia,
Foi extremamente gratificante para nós o comentário que vocês fizeram na "Janela Publicitária" sobre o anúncio da Samurai (a diferença entre o hamburguer e o filet mignon).
O que nos deixou mais envaidecidos é que a nota resultou não de uma iniciativa da SGB em remeter o material, mas do apurado senso de vigilância profissional que vocês sempre demonstraram na criação da coluna.
Valeu, obrigado. E aguardem novos anúncios na campanha que - acreditamos - estão no mesmo nível deste primeiro.
Um abraço do Ayres Vinagre (o que escreveu) e Álvaro Magalhães (o que leiautou).

ERRATA

Devido a um problema técnico, não foram publicados, na coluna da semana passada, três diplomas conquistados por agências cariocas no 19º Prêmio Colunistas Nacional. Foram eles:
• Anúncio de Comunicação e Cultura.
Prata: "Titulo de Eleitor", da Contemporânea para o Jornal do Brasil.
Bronze: "Uma classe social chamada Q.l.", da Contemporânea para o Jornal do Brasil.
• Campanha de Transportes, Viagens e Turismo
Bronze: "Rotas", da WM para as Aerolíneas Argentinas.

CURTAS

• A Sapasso decidiu passar a sua conta da Estrutural para a Contemporânea, agência dirigida por Armando Strozenberg (ex-Estrutural).
• A VS Escala é mais nova agência carioca a abrir escritório em Brasília. Dirigido por Luiz Francisco Terra Junior, que vem da Escala de Porto Alegre, o escritório da Escala na capital está funcionando no SCS-Edifício Oscar Niemeyer conjunto 1001, com o telefone 225-9293.
• João Ferrari foi nomeado diretor de criação da SGB no Rio de Janeiro. Falando em SGB, seu redator Ayres Vinagre está comemorando o Grande Prêmio de Fonograma do Ano do Colunistas Nacional que a agência pernambucana Ítalo Bianchi recebeu com o "frila" que Ayres fez para a produtora Tape Spot, do Jorginho Abicalil: a "Série Brega", para a rede de varejo Balaio. Ganhar Grand Prix com free-lance é a glória.
• A CBBA-Propeg acaba de fazer várias mexidas no Rio: Hermínio Naddeo foi promovido a vice-presidente de Criação e Maria Rosa Barcellos a diretora de Mídia. Além disto, foram contratados Deodoro Mele, como supervisor de Grupo de Contas e Fernanda Bandeira de Mello, como assistente de contas.
•. O Grupo Veplan decidiu entregar à Standard, Ogilvy & Mather a conta de sua Veplan Hotéis e Turismo.
•. Mudou a presidência da associação de lojistas do Shopping Center da Gávea, passando o cargo para Yonita Guinle. Isso já começou a dar comichão nos prospectadores das agências cariocas.
• Que coisa horrorosa que é este "Bolada", que Chico Anísio apresenta na nova campanha da... qual é o produto mesmo? ... É o protótipo do "grosso nacional": quando não está na matriz, está na filial, diz Chico. Pode haver baixaria maior?
(N.R.2014: Bolada havia sido criado pelo publicitário paulista Wilson Peron (o mesmo que inventou o Pacheco, na Copa de 1982), para a campanha da cerveja Kaiser.
•. A profissional de atendimento Claudia Chaves é a nova coordenadora de Comunicação Social da Faculdade da Cidade, sucedendo a Léo Borges Ramos.