Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 24/NOV/1989
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Publicidade não pode se aproveitar de artistas

Façam as críticas que quiserem aos Estados Unidos, mas lá as pessoas sabem que podem usar a justiça contra o que consideram que lhes seja lesivo.
O texto a seguir foi publicado semana passada no excelente caderno de negócios da Folha de São Paulo, provavelmente com base em alguma publicação americana.
Como ele diz respeito a um problema que um dia vai acabar acontecendo no Brasil com as mesmas dimensões, achei que valia a pena reproduzir aqui para vocês:
Vários artistas nos EUA, como os cantores Tom Waits e Bobby Darin, ou o ator Adam West (o Batman, do antigo seriado de TV dos anos 60), estão processando agências de publicidade por serem imitados em anúncios de propaganda.
A onda de ações aumentou depois que a cantora e atriz Bette Midler recebeu há duas semanas uma indenização de US$ 400 mil (cerca de NCz$ 4,8 milhões) da agência de publicidade Young and Rubicam. Num anúncio para a Fiat, aparecia uma imitação de seu sucesso "Do You Wanna Dance", de 73, feita por uma vocalista de seu coro.
O caso de Adam West é um pouco diferente. Em ação que será julgada em 16 de janeiro de 90, ele acusa a agência Ingalls, Quinn e Johnson por ter imitado sua voz, gestos e aparência de Batman num comercial para uma loja de departamentos. West pede por isso US$ 900 mil (cerca de NCz$ 10,8 milhões).
Já o cantor Tom Waits reclama que sua voz foi copiada num anúncio de rádio criado pela agência Tracy-Locke para os salgadinhos da Frito­Lay, do grupo Pepsi. Pedindo US$ 2 milhões (cerca de NCz$ 24 milhões) de indenização, Waits argumenta que sua voz "grave e gutural" e seu estilo "bluesy" foram copiados propositadamente. A ação deve ser julgada no final de 90.
O cantor Bobby Darin entrou com uma ação no último mês contra a agência Davis Ball and Collombatto. Darin a acusa de ter imitado sua gravação de "Mack the Knife", gravada em 59, num comercial para a rede McDonald's, chamado "Mac to night". Dizendo que o comercial dá a impressão que recomenda os produtos McDonald's, Darin exige a indenização mínima de US$ 10 milhões (cerca de NCz$120 milhões).

Cica: Momentos inesquecíveis do desenho animado publicitárioComerciais da Cica são lançados em VHS

Uma salva de palmas da coluna para a iniciativa dos Estúdios Maurício de Souza e da Cica de lançarem em vídeo os principais desenhos animados realizados pelos dois nos últimos 20 anos, junto com um especial mostrando o estúdio de animação e como se faz o desenho animado, desde a criação do roteiro até a filmagem em si.
Pouca gente sabe, mas foi através dos comerciais que Maurício começou a animar a sua turminha, que acabou tendo hoje mais de meia-dúzia de filmes já passados no cinema.
A fita com os "Momentos Inesquecíveis do Desenho Animado Publicitário" está chegando às lojas este mês, pela Trans Vídeo, e abre uma porta interessantíssima para o segmento publicitário.
Não é por acaso que o programa Intervalo, que Carlos Alberto Vizeu produz na TV E, vem recebendo sempre inúmeros pedidos de exibição de comerciais antigos. Aliás, louve-se aqui o trabalho de levantamento que Lula Vieira vem fazendo destes comerciais, dentro do seu quadro no programa.
Depois deste lançamento de Maurício de Souza, fica até a sugestão: porque Vizeu e Lula não se juntam para produzir um cassete com a história dos comerciais de propaganda no Brasil?

Qual o lugar da mulher na família latino-americana?

O lugar da mulher é na cozinha. A não ser na hora que a gente quiser que ela vá pra cama com a gente. Aí tem que vir sem reclamar, que é obrigação dela.
Você não concorda?
Pois fique sabendo que um grande número de homens na América Latina continua pensando assim, pelo que descobriu a Ogilvy & Mather em sua pesquisa Listening Post sobre a família latino-americana.
O trabalho foi realizado entre agosto e novembro de 1988, com uma amostra de 2.359 entrevistas em 9 países, da Argentina ao México. Foram ouvidos homens e mulheres casados de 18 a 60 anos de idade, nas classes econômicas A, B e C.
E não pense que tais ideias são exclusivas das famílias tradicionais que compõem 44% das existentes na América Latina. Mesmo entre os 33% que a Ogilvy & Mather classificou de "nova família" - composta por pessoas mais liberais - estão presentes conceitos como o de que a mulher não deve trabalhar fora, que deve obediência ao marido, que a realização profissional é mais importante para o filho do que para a filha e até que a mulher não deve se negar a ter relações sexuais com o marido.
A agência classificou o universo pesquisado em seis grupos, de acordo com indivíduos que têm em comum, respostas similares a um número determinado de questões: patriarcas (17% que colocam o homem - pater família e ­ em primeiro lugar), pais aflitos (23% que veem a família perdendo a importância na comunidade), moralistas (12% que além do patriarcado ainda defendem uma moral sexual rígida), liberais (25%, guardiães de valores - 15%, para os quais casamento tem que ser no civil e no religioso, além de outros conceitos tradicionais) e resistentes (8% que acham todo esse negócio de casamento e família uma caretice).
Os liberais, que aparecem em grande maioria, são os de postura moderna, que enfatizam a importância da educação sexual e uma atitude anti-repressora em relação ao sexo. Estes liberais concordam com a divisão de responsabilidades entre o marido e a mulher e são os que mais defendem a autonomia da relação entre pais e filhos.
No Brasil, aliás, os liberais ­ com 39% do total - só perdem em proporção para os liberais uruguaios, que somam 47%, A família brasileira ainda tem 6% de patriarcas, 14% de moralistas, 8% de guardiães de valores e 9% de resistentes. O número de "pais aflitos" também é alto: 26%.
A pesquisa da Ogilvy & Mather levanta o que pensa a família em várias áreas, como no comportamento sexual, na educação dos filhos e no papel da mãe. Para resumir, como esta é uma coluna publicitária, aqui vai a análise sobre as decisões familiares no Brasil.
Aqui, 96% dos entrevistados acham que a família deve sempre tomar decisões conjuntas. E nada menos que 88% defendem que o homem deva dividir com a mulher os trabalhos domésticos. Destes, 5% parecem não querer que a mulher tenha dinheiro, pois só 83% consideram que a mulher deva dividir com o homem a responsabilidade do sustento da casa. E comprovando que o homem brasileiro é avançado só da boca pra fora, 49% não deixam dúvida: quem tem mesmo que controlar as despesas da casa é o marido,

MKTMIX

• A Rádio Estácio FM contratou o jornalista Mário Nicoll (ex-Giovanni) para a sua direção, e Paulo Morais (ex-Rádio Carioca e Manchete) para assumir a sua coordenação. A rádio pretende mudar completamente a partir do início de 1990.
• A comédia "Variações Em Torno De Um Inspetor Geral", dirigida por Domingos Oliveira, continua em cartaz no Teatro Benjamin Constant (Avenida Pasteur, 350 - Urca). Os críticos do JB e do Globo elogiaram a peça. E como os publicitários sócios da ABP, do Clube de Criação e do Grupo de Mídia têm desconto de 20% sobre o preço dos ingressos, quem perder vai marcar um terrível gol contra. A peça, esta sexta e sábado, será apresentada às 21h3Omin, Domingo o horário é 20h30min.
• Correspondências para esta coluna: Rua Visconde Silva, 156 cob. 701 Cep 22271 - Rio ­ RJ. Para falar comigo pelo telefone, ligue (021) 552-4141.