Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 12/JAN/1990
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Cadê a década aqui?

Nem o Arlérico Jácome, tão esperto e de discurso prático, deixou de virar teórico para, em tom professoral que lembrava a coluna do Penteado de há algumas semanas, puxar as orelhas dos profissionais de comunicação que quiseram comemorar na virada do ano o início de uma nova década.
Mas a teoria, na prática, é outra, já diz o povão. E a sabedoria popular, irrefreável, pouco ligou para os teóricos e as gentes de bem comemoraram muito o fim da década trágica de 80 e o início de um tempo novo, com toda a esperança que as coisas novas sempre trazem.
O mal da teoria é justamente este: não ver o novo. Não se dar conta que nada é fechado. Nem definitivo. Mudam as pessoas, os conceitos, os cabelos, as roupas.
Meus caros Arlérico, Penteado, e outros que ainda não estavam prontos para comemorar a nova década: esta palavrinha, assim como "segundo", "minuto", "hora", "dia", "mês", "ano", "século" e "milênio", nada mais é que uma simples medida de tempo.
E como toda medida, pode ter como pode não ter um começo predeterminado. Quer dizer, poder ter um uso absoluto e um uso relativo. Um filme pode ter 2 horas de duração e não começar às 2 horas da tarde.
Como já dizia Beto Einstein, filosofando sobre o tempo numa mesa de bar, "tudo é relativo".
Vocês têm dúvida que a Guerra dos 100 Anos durou um século?
Ou que os artistas oitocentistas foram aqueles que viveram no século que teve o algarismo "8" na centena? Os anos "oitocentos"?
Ou que "década" quer dizer apenas "período de 10 anos"?
Porque, se tiverem, vale dar uma olhada no Aurélio, que tudo o que é redação felizmente aceita como padrão para a nossa nada fácil língua portuguesa.
É por isso que Década de 80 quer dizer simplesmente "O período dos 10 anos que tiveram o algarismo 8 na dezena". E que, portanto, acabou no porre do último dia 31.
Justamente na véspera de começar a "Década de 90" ou a "Década dos Anos 90" ou os "Anos 90", porque tudo quer dizer a mesma coisa.
Vamos deixar para comemorar - quem sabe até juntos - no dia 1º de Janeiro de 1991 o primeiro dia da 200ª década da Era Cristã, o que é uma outra história. Não será a Década de 90, mas a Década CC. Da mesma forma que eu quero estar vivo pra festejar que nem um louco, no dia 1º de Janeiro de 2001, o início da 201ª Década, do Século XXI e do Milênio III da Era Cristã.
Principalmente porque até lá eu espero já estar totalmente recuperado da comemoração do fim da Década de 90, na maravilhosa noite de 31 de dezembro de 1999.

Banco do Brasil presta conta de sua publicidade

Ano

No País, em BTNs

No Exterior em US$

 

 

 

1985

14.828.000

38.944,69

1986

37.024.000

687.713,00

1987

27.707.000

1.458.070,36

1988

25.746.000

3.209.835,15

1989

36.093.000

161.588,81

No final do ano passado, a Câmara dos Deputados recebeu do Banco do Brasil um longo documento sobre os seus gastos de propaganda, atendendo ao requerimento do Deputado José Luiz de Sá.
Como a situação real das contas de governo no Brasil normalmente é um assunto cercado de mistério pelas próprias agências que as atendem, as informações contidas no documento acabam se tornando muito interessantes para que o mercado conheça.
Por exemplo, é curioso saber como o Banco do Brasil "colaborou" com várias campanhas do Governo Federal. Na campanha "A Nação contra a inflação", em março de 1989, o Banco desembolsou NCz$ 1,6 milhões. Na "Nossa Natureza", em abril e maio de 1989, a colaboração foi de NCz$ 540.340,06. E numa "Prestação de Contas" do Governo, também em abril, a ajuda foi de NCz$ 4,8 milhões.
E nos últimos Jogos Pan­Americanos realizados no México, o banco apoiou a presença dos atletas brasileiros participando com o equivalente a US$ 600.000,00 para a realização da campanha publicitária alusiva ao evento e sua transmissão para todo o Brasil através da TV Educativa.
O documento incluiu uma tabela com as verbas dos últimos 5 anos do Banco do Brasil. Não está claro se o valor foi corrigido pela última BTN de 1989 mas se permite calcular que o BB fez veiculações no valor de 5,55 milhões de dólares, e que no país, a verba foi de 141 milhões de BTNs.
A conta do Banco do Brasil está entregue a um "pool" composto pela MPM, Artplan, Italo Bianchi e Salles. Os honorários de produção de cada campanha são pagos à agência responsável, mas a veiculação é rateada entre as cinco - mesmo para quem não fizer nada -, ficando a MPM com 40% dos honorários e as demais com 20%.
Em relação à distribuição de mídia, as tvs levam 50% da verba do Banco do Brasil, enquanto os jornais ganham 25%, as revistas 15% e as rádios 10%. O Banco do Brasil não usa outdoors.
O documento indica alguns nomes de veículos que recebem a publicidade do Banco. Entre eles estão títulos de revistas como "Classe", "Amanhã", "Humanidades", "Leia" "Transbrasil".

Mendes para Sociedade Paranaense Protetora dos AnimaisPrêmio Colunistas defenderá ecologia

A partir deste ano, o Prêmio Colunistas de Propaganda vai incluir uma categoria para premiar as melhores peças que defendam a ecologia.
A decisão do presidente da Abracomp - Associação Brasileira dos Colunistas de Marketing e Propaganda, Armando Ferrentini, é um exemplo de que cada um de nós, brasileiros, tem que acordar urgentemente para o problema da destruição que estamos causando ao globo terrestre, e agir nas medidas das suas possibilidades.
Se os profissionais de comunicação têm o domínio da palavra e da forma, por que esperar que apenas uma minoria resolva brigar pela melhoria da vida que também é nossa?
Vejam só, por exemplo, que belo anúncio a Mendes veiculou na edição de ontem da Gazeta Mercantil, que aliás teve também a grandeza de publicá-lo de graça.

Free conquista contas e aproveita eleições

Apesar de o período eleitoral ter sido marcado por notícias de insegurança dos empresários em relação ao futuro do país, a Free Propaganda conquistou 3 tradicionais clientes do mercado carioca nos meses de novembro e dezembro: a fábrica de carpetes e tapetes Avanti, a concessionária Volkswagen Rio Motor e a confecção Miss Bikini.
Para os três, inclusive, a Free aproveitou o momento político e criou os seus primeiros anúncios envolvendo o tema eleitoral com seus problemas de comunicação de marketing.
Como a Avanti Tapetes estava desenvolvendo até a véspera do 1º turno uma promoção de descontos, e as campanhas e debates eleitorais esquentavam na tevê o dia-a-dia dos brasileiros, a agência sugeriu no título do anúncio de rodapé publicado nos jornais cariocas: "Nada como uma boa puxada de tapete até o dia 14".
Para a Miss Bikini, a criação da Free lembrou que os cariocas gostam de aproveitar o feriado das eleições para ir à praia antes e depois de votar. Só que, pela lei eleitoral, os presidentes de seção poderiam proibir o voto em trajes de banho. Por isso, o anúncio fez o assustador alerta: "O presidente proibiu o uso do biquíni". Deixando no texto a ressalva que "depois do dever cumprido, o uso do biquíni fica liberado e é até aconselhável",
E, no caso da Rio Motor, o objetivo era reforçar o conceito de que a empresa está agora informatizada. Daí o texto dizer que "se a informática funcionar tão bem durante as apurações quanto funciona no atendimento da Rio Motor, os brasileiros vão ficar sabendo, rapidinho, quem vai ficar na direção do país".
Os criadores aos três trabalhos foram o redator Silvio Matos e o diretor de arte Reuber Marchesini, com direção de criação de Paulo de Tarso.

Free para Avanti: Pixada de Tapete
Free para Miss Bikin: O Presidente Proibiu