Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 10/FEV/1995
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

RP, uma atividade com urgência de renovação

Os nossos leitores publicitários sabiam que, se o Conselho Regional de Relações Públicas quiser, pode obrigar todas as agências de propaganda a se registrar no órgão e a ter um RP contratado?
Isso porque toda agência de propaganda faz comunicação institucional de seus clientes, e pela legislação que os RPs conseguiram aprovar na época da regulamentação da atividade, estes trabalhos são exclusividade dos relações públicas.
A propósito de que estou falando nisso? Porque esta semana confirmei que está mais do que na hora de se rever a lei que regulamentou a atividade de RP no Brasil.
Justamente esta semana, fiquei sabendo que o Conrerp-Conselho Regional de Relações Públicas, indeferiu uma requisição deste colunista de baixa de seu registro como Relações Públicas. O motivo? Não foi porque o órgão fizesse absoluta questão da minha presença na atividade, não. Foi simplesmente porque meu requerimento foi digitado e impresso em formulário contínuo a partir do Word 2 for Windows, num elegante tipo Lucida serifado em corpo 12. O texto era exatamente o do modelo oficial. E foi assinado direitinho. Mas um auditor do Conferp, o Conselho Federal da categoria, o recusou, porque uma das suas regulamentações obriga que estes pedidos sejam feitos - pasmem - A MÃO!
Ou seja, em plena era da tecnologia, quando o próprio Conrerp se gaba de ter realizado no Rio a primeira eleição do país com apoio da informática e da multimídia, ainda tem RP em Brasília mais preocupado em atravancar a vida dos profissionais com burrices burocráticas.
Como se não bastasse, lendo a tal regulamentação do Conferp, descobri que o pobre RP que perder a sua carteira profissional tem que primeiro publicar aviso no Diário Oficial e só depois comunicar ao órgão para que ele aceite o pedido de segunda via. Nem na simples palavra do profissional eles acreditam!
Não é por acaso que a atividade de RP é tão desmoralizada no Brasil, sobrando hoje apenas para os mesmos velhos profissionais que inventaram a regulamentação e para as recepcionistas de casas noturnas. Como deve haver algo mais nobre para um RP fazer além de campanhas publicitárias institucionais e requerimentos a mão, a que outra conclusão se pode chegar? Que a revisão na lei já devia era ter vindo há mais tempo.

Campanha da Duloren agita imagem de publicidade carioca

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Sérgio de Paula, Marcos Silveira e Bruno Prósperi, criadores da Young responsáveis pela campanha de Duloren

Poucos trabalhos publicitários cariocas tiveram nos últimos anos uma projeção nacional e internacional tão forte como a campanha que a Young-Rio vem criando para a Duloren nos últimos 10 meses. Neste período, mais de 70 anúncios de página dupla foram criados pela equipe comandada por Marcos Silveira, conquistando destaques como a publicação na revista Archive, alguns Prêmios Colunistas e um prêmio de melhor anúncio da Revista da Folha de São Paulo em 1993, por escolha dos próprios leitores.
Esta semana a campanha voltou ao noticiário a partir do vazamento da contratação da modelo Roberta Close para posar para o anúncio do mês de abril. O bochicho deve superar o do último mês, quando uma juíza prometeu impedir a veiculação de uma peça apresentando uma magistrada em situação erótica com seu condenado. Ou mesmo quando foi veiculado o anúncio da freira apenas usando lingerie.
No meio de tanta polemica, Marcos Silveira garante que a agência não está atrás de sensacionalismo. "Nos últimos anos, a Duloren se tornou líder de mercado de roupa íntima no Brasil, com 18% de participação", lembra ele, para corroborar os resultados da campanha publicitária.
Estes números, sustenta Marcos, apenas comprovam que a consumidora brasileira compreendeu o espírito dos anúncios, de apresentar a mulher "como ela quer ser percebida hoje, mesmo que ela não seja necessariamente assim". O diretor de criação da Young-Rio aponta que antes desta campanha o mercado de lingerie não agia assim.
A mulher sempre foi estereotipada nas campanhas de lingerie. Ou ela era apresentada como "patricinha" a espera do Príncipe Encantado ou era utilizada apenas como cabide expositor para os modelos que o anunciante queria exibir, explica ele.
Quando a Young-Rio assumiu a conta da Duloren, detectou em pesquisa que a mulher se ressentia por não ser retratada pelos anunciantes do setor como a mulher de hoje, "dona da situação, sensível, romântica". A agência, então, passou a inserir "comportamento" dentro dos anúncios, na série "Porque nem toda mulher é igual". Com o estabelecimento do conceito e a aceitação das consumidoras, a criação pode aumentar a ousadia e partir para a fase atual, com a representação de fantasias eróticas sob o tema "Você nem imagina do que Duloren é capaz".
"As mulheres percebem claramente que aquilo que mostramos nos anúncios é fantasia e não realidade" esclarece Marcos Silveira, revelando ainda que "muitas dessas situações foram sugeridas pelas próprias mulheres em pesquisas de grupo",
O maior mérito da campanha, vale citar, é que posicionou a Duloren como grife de moda em lingerie. Apenas as lingeries especiais e mais sofisticadas são mostradas nos anúncios. Isso permitiu à Duloren não mais anunciar a lingerie tradicional, do dia-a-dia. "Ela passou a se vender por si só, beneficiada pela imagem da marca", assinalou o diretor da Young.
A atual campanha - das fantasias eróticas - foi criada pelos redatores Marcos Silveira e Sérgio de Paula, e pelos diretores de arte Hélio Rosas e Bruno Prósperi.
 

"Roberta Close", pela Young & Rubicam para Duloren
N.R. (2018) Este foi anúncio com a modelo Roberta Close, ao qual se referem os criativos da Young-Rio na matéria.

Gustavo se lança candidato ao CCRJ

O diretor da GR.3, Gustavo Bastos, acaba de se assumir como oposição à atual diretoria do Clube de Criação do Rio de Janeiro, presidida por Ricardo Galletti. Em comunicado a Imprensa, ele se oficializou como candidato às próximas eleições do CCRJ, pleiteando ainda a antecipação do pleito de maio até mesmo para março, "para que o novo presidente possa realizar todos os seus projetos em 1995".
Em síntese, a plataforma de Gustavo é o retorno a todos os projetos que ele realizou durante o período em que foi presidente do clube, de 1991 a 1993. Estão nas propostas desde a reedição do anuário do clube, para concorrer com o anuário do CCSP, como a remodelação do Jornal do CCRJ, fazendo-o voltar a ser um veículo do mercado publicitário. Assim como também estão os encontros sociais. Gustavo também quer tentar reverter a tendência de os criadores cariocas sempre irem se afastando pouco a pouco dos encontros semanais promovidos pelo clube.
No seu comunicado, Gustavo defende que poderá atuar ainda melhor nesta gestão pela infraestrutura que deixou nos seus primeiros anos, quando o clube mais uma vez ganhou uma secretaria, além de um fax e uma linha telefônica própria. Com isso, diz ele, o CCRJ poderá retomar a sua regulamentação, recadastrando os criadores cariocas e fazendo com que "as pessoas se interessem em ser sócias".
Nas últimas eleições do clube, somente houve chapas únicas. Até há pouco tempo, comentava-se no mercado que Adilson Xavier, VP de criação da Giovanni, aceitaria a sugestão de vários de seus companheiros de se candidatar à sucessão de Galletti. Adilson ainda está relutante em aceitar, pelo volume de trabalho que está tendo na sua agência. É bastante provável, porém, que com o surgimento da candidatura de Gustavo Bastos, os criadores voltem a se mobilizar sobre as eleições para o CCRJ, definindo se vão apoiá-lo em bloco ou montar uma nova chapa para disputar a liderança da criação carioca nos próximos dois anos.

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• PARABÉNS PRA VOCÊ - A Janela se abre para comemorar os próximos aniversários do mercado: HOJE: Alcir Gomes Leite (F. Nazca S&S ­ Rio) e Francisco Alberto Madia de Souza (Madia); Dia 14: Ronald Assumpção (Standard); Dia 16: Hélio Kaltman (Contemporânea).
• AGÊNCIA COM AGÊNCIA - A Young-Rio entrou na conta do jornal O Globo, onde já atuavam a Contemporânea e a Grottera. A nova conta da Young é a Agência Globo, que está lançando um serviço de informação on-line para o público geral.
• SHOW NO MARACANÃ - A Promoter deu um show como organizadora do Hollywood Rock. Em um evento com tantos patrocinadores - Souza Cruz, Coca-Cola e Volkswagen - não vimos nada que deixasse de funcionar. Principalmente onde pouco se procura a ação de organizadores de eventos: na área do público. Nos dois dias da apresentação no Rio estivemos circulando pelas diversas áreas do Maracanã onde havia público - inclusive os camarotes VIPs - e em todos o esquema de recepção estava perfeito, a segurança ativíssima e, onde havia, o bufê da Cia dos Sabores farto para atender a todo mundo. Não foi por acaso que ano passado, Marta Bartholomeu, diretora da Promoter, foi escolhida Profissional de Promoção do Ano no Prêmio Promoção, da Abracomp.
• OPERANDO A JVA - Wesley Marine, ex-diretor de marketing da Kaiser, está de volta ao Rio, assumindo a direção de operações da JVA, agência de Juan Vicente.
• DO RIO PARA SAMPA - A redatora Renata Giese e o diretor de arte João Santos, que eram da Artplan, se juntaram com a Lina Pinheiro, da 1.3, de São Paulo, para reforçar a Art House, que está criando para clientes como Soletur, Santa Isabel Construtora, Banco Real/Visa, Esso (merchandising) etc.
• SALSICHAS E LINGUIÇAS - Aroldo Araujo está de volta às TVs, com três (!) comerciais de carnaval da Império Lisamar, na única época do ano em que este anunciante dá o ar de sua graça. Os comerciais foram criados por Sebastião Martins e dirigidos por Sylvio Costa Filho.
• O DIA NO MIX - Dia 9 de Março, o Grupo de Mídia realiza o seu 2º Mix Mídia, um projeto que pretende mensalmente, até o fim do ano, reunir os profissionais do Rio em torno de empresas do interesse do setor. Quem se apresentará neste próximo encontro será a diretoria do jornal O Dia.
• A VER NAVIOS - A Artplan retirou-se da concorrência da Mesbla Náutica, comunicando à empresa que verificou que "a remuneração prevista para a agência estava aquém" do que ela imaginava. Acontece que a Mesbla/Náutica já fez, de forma direta, toda a compra de mídia para 1995. Além disso, informa a Artplan, a verba "teórica" é 50% do que foi divulgado.
• CIRCULANDO NO RIO - O IVC-Instituto Verificador de Circulação vai promover no Rio, de 25 a 27 de abril, seu 1º Encontro Nacional de Filiados, reunindo no Hotel Glória os 152 associados da entidade. Otto de Barros Vidal, presidente do IVC, espera que o evento ajude a conquistar mais espaço para o instituto, que atualmente divulga, mensalmente, 166 informações juradas com dados de circulação autenticados.
• CARTAS - As correspondências para a Janela devem ser enviadas até 5ª feira para Praia de Botafogo, 340 grupo 210, CEP 22250-040, Rio de Janeiro - RJ. O telefone, em horário comercial, é (021) 552-4141.

Será enterrado hoje, às 9h, no cemitério São João Batista, o publicitário Herculano Siqueira, vitimado por complicações no pós-operatório de uma hérnia de disco. Com mais de 80 anos, Herculano permanecia na ativa na Denison Rio e foi um dos profissionais mais éticos e honrados do mercado carioca.