Janela Publicitária    
 
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A Fenêtre é a cobertura da Janela Publicitária em Cannes.
 

25 de junho de 2011, sábado

LE RESUMÊ

Daqui a pouquinho vão espocar os fogos e as últimas champas na praia em frente ao Hotel Carlton decretando fim de papo no certame publicitário e claro, fechando esta coluna até o ano que vem. Então vamos fazer um wrap up (mas com carinho, devagar e sem machucar) do que rolou aqui.

DE VOLTA PARA O FUTURO

A Fenêtre Publicitaire, sempre ao frente do seu tempo, falou no ano passado, em suas tradicionais previsões furadas, que Write The Future seria o provável GP em filmes...de 2010.
Nao sabia que o filme não tinha sido inscrito a tempo. Então, tal como um Michael J Fox em seu DeLorean, avançamos no tempo agora para dizer: eu já sabia. E de lá pra cá, ninguém conseguiu parar Cristiano Ronaldo e Cia. Golaço da Wieden e da Nike.

E O TITANIUM?

O Titanium? Pasme, foi a decepção da galera aqui, sem nenhuma grande surpresa. Sessão morna, com os cases de Old Spice, Jay-Z/Bing, Google Chrome Fast (abaixo), nada que todo mundo já não tenha visto. Vejam no Youtube.

A NOVA ORDEM

Passamos os últimos anos rindo das peças asiáticas que pareciam ser sem sentido, e de como os europeus do leste não sabiam nem legendar seus filmes. Agora, toma essa. Grand Prix para Coreia do Sul, China, dois para a Romênia. Foi o ano da nova ordem mundial.
Assista o case que levou o GP de Promo e Direct para a Romênia.

A NOVA DESORDEM

E foi o ano da desordem também. As agências gastam um balúrdio mandando suas peças e trazendo suas turmas e clientes para cá. E aí chegam aqui e isso está uma zona: peça rasgadas e exposição dos shorts mal montada, sessões de long list que não rolam, internet precária, filas intermináveis (nos primeiros dias, sem a menor organização) e lotação nos auditórios. São as dores do crescimento.

O QUE GANHA O QUÊ

Mais do que isso, as categorias ainda estão confusas também. Pouca gente entende, e o Marcio comentou bem isso, como uma campanha de tipografia ganha Prata como anuncio e bronze em Tipografia.
Film Craft foi uma boa ideia, mas não entendi bem como um comercial de 30s pode ser premiado só pelo roteiro ou pelos efeitos especiais. Cannes Lions não é o Oscar ou o Festival de Cinema de Cannes em que os competidores tem 2h para contar uma história ou desenvolver uma série de técnicas. Num festival de criatividade, ou a ideia é boa ou nao é, ou o filme é bem feito ou nao é.
Como essa aqui, da Dare London para Sony Ericsson, que estava na categoria e é excelente:

Ano que vem, o Palais entra em obras logo após o Cannes Lions (que por isso, será antecipado em 2 semanas), então nos resta esperar que em 2013 fique mais bacana.

FALANDO BEM DOS OUTROS

Então vamos lá, vou falar bem dos outros. Eu sei que não é normal, que publicitário gosta muito de falar é bem da sua própria agência ou mal das outras pelas costas, mas vou arriscar.
Como todo mundo (“como todo mundo”, mas no bom sentido, levo pra um cineminha antes, um jantar romântico antes), acho que tem coisa que ganhou que é irrelevante e outras que são muito relevantes.
Entre as relevantes que foram várias, gostaria de destacar 4 ou 5.

- Os dois ouros dos Balloons para Loducca e da MTV: há anos, o Brasil vem pra cá e só toma sacode em filmes. O que nos leva a uma conclusão: precisamos de novidade. Dulcídio Caldeira, criativo veterano e diretor estreante, pode ser esse incentivo para uma nova geração que está surgindo e para os que já estão aí há um tempo. Tomara.
- O Pelé da Y&R para Vivo: Por ser um trabalho grande e brasileiro, na essência. E faltam trabalhos e de gente que acredita em projetos deste tamanho no Brasil.
- O Papai Noel da Ogilvy para Coca-Cola: este foi o único trabalho internacional feito no Brasil que levou leão. E eu sempre achei que o Brasil, pela quantidade de leões que ganha, tem cacife para criar campanhas internacionais. A Ogilvy não só vem fazendo isso como também foi premiada por um trabalho assim. Bacana
- Os leões da MoMa e da Z+: a MoMa é nova, a Z+ vem crescendo sem parar. Elas virem para cá, participarem e ganharem é bom pra todo mundo. O mercado está precisa de espaço e de gente interessada em investir. Parabéns.

Antonio Carlos AcciolyACCIOLION

Ah, o Accioly. Com seu jeito traquinas, suas peripécias, sua tentativa de invadir o campo para acabar com a final de futebol de areia enquanto a Argentina estava ganhando, sua deletada histórica em todos os emails da jornalista gringa na sala de imprensa, seus convites inesperados para festas, sua quicante presença em todos os lugares da Riviera ao mesmo tempo.
A ele, dedicamos um leão. É de pelúcia, mas é leão. E ainda fizemos ele pagar pelo bichinho do próprio bolso, só pra tirar a foto.

E AGORA?

Bem, depois do polpudo cachê que o Marcio Ehrich me oferece ter acabado e de não conseguir dormir depois das 8h porque um diabo de uma escavadeira atômica nao sai da minha janela, me rendi.
Eu, que já tinha descobrido no stand da China aqui em Cannes que meu nome em Mandarim quer dizer “Construção Fácil”, comecei hoje como peão na obra em frente ao meu hotel. Só assim para conseguir pagar minhas pinduretas e voltar pra casa. Até qualquer dia.

Fabio Seidl Fabio Seidl

OBRIGADO

Olha, muito obrigado a todos vocês que leram essa chubanga e aos que escreveram (e nao tive tempo de responder a todo mundo). Obrigado a imprensa brasileira and thank you very much, Amanda and all the Cannes Press Team!
E em especial, obrigado Marcio Ehrlich por acreditar no meu trabalho e nas minhas cascatas. Priscila Serra, por ter acreditado que eu daria para correspondente pela primeira vez (embora eu nunca tenha dado pra ninguém) e a Ritinha, por tudo. Tudo, tudo, tudo mesmo. Até o ano que vem!