Mais criativos do Rio nas Fenêtre Frenetic Predictions

Agora com o Youtube, ninguém nem precisa assistir o longlist no Palais em Cannes para saber o que deve se destacar por lá. Por isso, a Fenêtre pede a alguns dos mais destacados criativos do Rio as suas previsões do que deve ganhar Leão no festival.
Nesta edição, mandam suas indicações os criativos Diogo Mello, Roberto Vilhena, Dudu Martins e Alexandre Nunes.
Vamos ver depois quem acertou na mosca. Digo, no leão.

Diogo Mello, diretor de criação da África Diogo não vai a Cannes esse ano, até porque chegou esta semana de volta das férias. "Por mais que adore Cannes, decidi tirar 'férias de verdade' esse ano :)", ele explicou. Mas a agência se inscreveu. Aliás, vale lembrar, neste Cannes 2015, o Álvaro Rodrigues é inclusive jurado do festival. As previsões de Leão de Diogo são estas: • "Geico Unskippable Ads", da The Martin Agency para Geico: São vários, todos muito bons, mandei o link do meu preferido. Merece Leão porque o desafio de prender a atenção dos usuários para esses "pre-rolls malas" estava aí quicando pro mundo inteiro resolver e a solução que funcionou foi a mais simples possível. • "Holograms for Freedom", da DDB Espanha: Merece leão pelo momento conflituoso generalizada que o mundo vive hoje e por mostrar (de novo) que a criatividade é a grande arma a ser usada para mudar o mundo. O exagero dos trabalhos "proativos" pode distorcer os resultados do Festival? Não acho que pro-atividade seja o problema, acho que deve ser incentivada porque é muitas vezes o que gera as ideias mais inovadoras e interessantes, independente de terem sido geradas por um briefing. Se fizerem sentido para a marca, devem ser propostas e colocadas em prática. O que acho que distorce os resultados é o excesso de prêmios e de novas e novas categorias e sub-categorias ano após ano. Estão de certa forma banalizando o Leão.

Roberto Vilhena, VP de criação da Artplan. Tanto a Artplan se inscreveu em Cannes como Vilhena está indo lá torcer pelos trabalhos. Na verdade, ele diz: "tem alguns trabalhos brasileiros que eu realmente torço para ganhar também, já que não posso torcer publicamente para os nossos aqui da agência. Entre eles, Nivea Doll, da FCB e Paparazzi Troll da Almap, para a Casa do Zezinho". Ele também gosta do "like a girl", unanimidade aqui na Fenêtre Predictions, "sem dúvida, é o case que mais me emocionou e que, tenho a impressão, pode abocanhar uma quantidade grande de leões. Acho inclusive que pode levar GP em mais de uma categoria". Para mostrar aqui, ele escolheu estes dois: • "Under Armour | Will Beats Noise", da Droga5: Acho que também ganha facilmente alguns leões e , talvez um GP também.  • "Nazis against nazis", da GGH Lowe/Grabarz & Partner para ZDK Gesellschaft Demokratische Kultur: É a melhor ideia não comercial, na minha opinião, de todas as que vi no ano. Um tremendo sarro contra os nazistas. O exagero dos trabalhos "proativos" pode distorcer os resultados do Festival? Acho que cada vez menos. Particularmente, gosto muito das ideias que extrapolam as fronteiras das disciplinas. São essas que cada vez mais estão fazendo mais sucesso. Dove Beauty Sketches, Like a Girl, Small Business Day, Sweetie, Fun Theory, Jay-Z+Bing. Dá pra imaginar neles pegada de Direct, Outdoor, Cyber, Branded Content, Press. Esse tipo de ideia, que inspira, que engaja, enfim, que faz sucesso, é impossível pensa-las como de mentira.

Dudu Martins, diretor de criação da Sides. O criativo não estará lá este ano. Ele conta que até cogitou ir, mas "a SIDES está num momento de muito crescimento e isso tem demandado muita atenção dos sócios". As suas previsões de Leão este ano vão para: • "Unskippable Ads", da The Martin Agency para Geico: Roteiro simples e incrível que consegue prender o usuário até o final do filme, inclusive buscando as outras versões. Nenhuma marca conseguiu se adequar tão bem à política do Youtube. Sem contar a exposição da marca sem ser gratuita. Genial! • "Beats By Dre - The Game Before the Game", da R/GA, London e Los Angeles: Não tem um roteiro brilhante, mas conta a história de uma forma brilhante e é extremamente bem dirigido. Dá vontade de colocar um Beats antes de fazer qualquer esporte. Uma superprodução motivante e envolvente. O exagero dos trabalhos "proativos" pode distorcer os resultados do Festival? Distorce o festival e o mercado. Uma campanha boa precisa ser sucesso de crítica e público. Não podemos esquecer que a finalidade da propaganda é a venda. Por isso acho genial o filme indiano da iCongo que pede atenção pros problemas reais e não socialites.

Alexandre Nunes, diretor de criação da Havas Alexandre está indo para Cannes, mas a sua agência não se inscreveu lá este ano. Suas previsões de Leão vão para: • "No More", da Grey: Porque é efetiva, impactante, real e assustadoramente simples. • "The Safety Truck", da Leo Burnett para Samsung: Porque é simples e inteligente. O exagero dos trabalhos "proativos" pode distorcer os resultados do Festival? A princípio sim. Embora algumas vozes importantes, como Marcello Serpa e outras organizações já estejam chamando a atenção para o oportunismo de muitas campanhas (focadas principalmente em causas sociais, humanitárias e de sustentabilidade) e que após o período do festival são totalmente abandonadas. Neste ano, acredito os julgadores estarão muito mais atentos à veracidade e os benefícios reais, procurando separar o joio do trigo, já que muitas são notadamente anabolizadas através de elaboradíssimos videocases.

Marcio Ehrlich não foi a Cannes mas está ligado e logado no Festival.