Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 
A Janela Internacional traz o que acontece na Europa, pelo redator Fabio Seidl.
Edição de Agosto de 2006
 

Vendem-se sonhos

Quem não se lembra do "Sonho Maluco" do Programa Viva a Noite? Muita gente. Afinal, não faltava era coisa melhor para se fazer num sábado à noite do que assistir ao Augusto "Gugu" Liberato.
O Sonho Maluco era um quadro em que você pedia qualquer coisa que o Gugu dava um jeito de fazer acontecer, sempre com a ajuda do seu colega Liminha e, às vezes, não sempre, do saltitante Bugalu.
A Vida é belaEram coisas tipo entrar de moto num globo da morte com a Marryete na garupa (ah, a Marryete) ou pular de pára-quedas com o grupo Dominó.
Pois A Vida é Bela é uma empresa portuguesa especializada nisso: realizar sonhos, ou como eles gostam de dizer, "lifetime experiences".
Funciona assim: você escolhe num catálogo ou na Internet entre mais de mil opções, paga e eles resolvem o resto. Tem para todas as idades, bolsos e malucos.
Pode ser dos mais básicos tipo nadar com os golfinhos até pilotar um carro de Fórmula Indy, brincar de guerra em aviões de verdade ou fazer uma viagem espacial.
Algumas idéias são bem pitorescas: você pode, por exemplo, comprar um pacote para dar uma desestressada destruindo carros com uma marreta (não tem a opção de destroçar um escritório, mas era uma boa). Ou pode participar de uma corrida de tratores e, quem sabe, emendar num banquete medieval com trajes de época.
Ah, e tem despedidas de solteiras. Solteiras, não solteiros, o que me deixou curioso de saber a razão da discriminação.
O sucesso da Vida é Bela já atraiu empresas como a Nissan, Vodafone, Pfizer, Pepsi e Unilever que ofereceram recentemente "sonhos" em forma de incentivo e promoções para funcionários e consumidores.
Agora no verão a empresa lançou uma praia, a Experience Beach, com uma série de mimos que levam a sua marca.
É o marketing da boa vida. Saiba mais sobre os caras em www.avidaebela.com

NIGHTOLOGY

Nightology BoatNão teve promoção mais falada do verão por aqui que a do whisky J&B. E o apelo era mesmo do cacete. Você tinha duas opções.
Uma era pegar um jatinho do whisky J&B e fazer o circuito happy hour-night-after hours-café da manhã em 3 cidades diferentes da Europa.
A outra era pegar um avião comum e desembarcar numa giga-festa num barco em Ibiza com gente de tudo que era lado.
Uma conhecida minha foi uma das felizardas a ter um convite para o "Nightology Boat", despertando a inveja de muita gente.
Aliás, olho grande só pode ser essa a explicação para o que aconteceu com ela. O avião que ia levá-la pra Ibiza teve problemas graves, fez um pouso de emergência em Barcelona e atrasou 6 horas.
Chegando lá, na correria, ela se emperequeta toda e quando finalmente chega, fica com a sensação de que valeu a pena. A festa é uma maravilha, boa decoração, muita comida, muita bebida, galera animada...
Pelo menos foi o que ela contou dos 5 minutos que aquilo durou. Logo depois caiu uma megatempestade tropical que ia botando abaixo as torres de iluminação, o barco balançando, as pessoas correndo, a roupa dela imunda, só faltou o Leonardo DiCaprio e a Kate Winslet.
A organização teve que suspender a balada aquática e mandar o pessoal de volta para os hotéis e depois para casa.
Tem idéias geniais que não resistem aos mais simples imprevistos.

BanskyO ART TERRORIST

Dica do camarada Bruno Xavier, da Grey Londres, comprei o livro Wall and Piece, do artista de graffitti Banksy.
Banksy é pop art, é maldito, é um famoso desconhecido. Os jornais falam nele, chamam de "art terrorist" mas ninguém sabe quem ele é. Um Batman do spray, bom de idéia, de layout e de texto.
Na apresentação do livro, ele diz que só três pessoas não gostam dos desenhos de graffitti: os pixadores (que só escrevem nos muros), os políticos e os publicitários.
Nós, segundo ele, compramos os espaços públicos para colocar nossas mensagens gigantes, sempre de maneira invasiva e com um só propósito: vender. Já a arte do graffitti vem de alguém que quer usar a rua para se expressar. Inclusive criticando a publicidade.
Não satisfeito em espalhar seu trabalho ácido nas ruas, Banksy saiu do meio outdoor e invadiu os museus. Não que tenha sido convidado. Meteu uma barba postiça e colocou, na marra, seus trabalhos nas galerias sem que ninguém percebesse.
Na parte de pré-história do British Museum, por exemplo, colou uma pedra que imitava desenhos dos um homem das cavernas, mas mostrava pessoas correndo atrás de carrinhos de compras.
Na Tate Gallery, pendurou uma paisagem rural clássica que comprou num mercado qualquer, não sem antes pintar nela câmeras de segurança.
Algumas dessas obras deixadas por Banksy chegam a ficar dias nos museus.
Banksy quer espalhar sua mensagem pelo mundo. E já esteve até no polêmico muro que Israel construiu para separar a Palestina. Participou do seguinte diálogo com um morador do lado muçulmano:
- Você deixou esse muro muito bonito.
- Obrigado.
- Nós odiamos este muro, não queremos olhar para ele, vai embora.
Conheça mais sobre o Banksy em www.banksy.co.uk

LOW COST, LOW SERVICE?

Se no Brasil o negócio das companhias aéreas low cost vai bem, na Europa parece estar dando sinais de inchaço e sofrendo com as dores do crescimento rápido.
Com a concorrência enorme, a impressão é que as empresas trabalham com margens tão apertadas que acabam sacrificando o básico. Vi três exemplos este mês, alta temporada aqui, prova de fogo para a categoria.
O primeiro: a companhia inglesa Monarch (que já usei e foi bacana), lançou uma campanha de outdoor aqui em Portugal escrita em espanhol. Não tinha verba para um marketing com noções de geografia?
Outro, mais sério: umas amigas foram usar a Vueling, companhia espanhola que oferece vôos para Madrid e Barcelona a partir de € 10. O vôo, do nada, foi antecipado em uma hora e elas tiveram que embarcar correndo. Ficaram sem as malas. Uma delas tinha conexão para o Brasil.
Outro, bizarro. Fui para Londres de Easyjet, "marca ícone" da geração de companhias baratas européias. Foi tudo menos "easy": atraso de 12h em prestações, anunciavam que ia atrasar 2h, depois mais três... Pelo menos tive o direito de ir numa lanchonete pegar UM pão (que o diabo amassou, eu vi) com queijo e UM salgadinho tipo Jesus-me-chama.
Os representantes da companhia chegaram a admitir que receberam ordens para mentir sobre o atraso. A verdade: o avião quebrou. Por isso, sublocaram um da libanesa Middle East Airlines com cheirinho de vômito e ar condicionado precário.
As malas não foram. Mais de 1h30 de espera por elas e a visão de uma funcionária esquisitona quase ensopapando um passageiro faminto. Era a série Lost, mas sem a praia e as mulheraças.
Na volta, mais atraso, antipatia, desleixo com os aviões e a apresentação. E o serviço de atendimento a clientes não responde aos emails. Devem estar ocupados lendo as cartas que, segundo amigos em Londres, estão nos jornais direto, reclamando deles e da Ryan Air.
A paciência do consumidor também é "low".

A MARCA DO MÊS

Curioso o titulo da marca espanhola de pirulitos Chupa-Chups para a sua mais recente promoção: "O Prazer de Chupar Leva-te à Fama."
Pensando bem, muita gente de sucesso começou assim: Pamela Anderson, Paris Hilton...

SEM BRAÇO NEM CABEÇA

Aconteceu aqui em Lisboa. O criativo (brasileiro) chegou na foto e deixou todo mundo intrigado.
- Viram os americanos? Aleijaram o Bin Laden!
- Como assim?
- Não tão sabendo, não? Ouvi no rádio do táxi agora...
- Mas como foi?
- Acho que explodiram o esconderijo. Pegaram um braço dele!
- E ele?
- Deve ter fugido, sei lá! Não deu pra ouvir tudo, estava chegando aqui.
- Peraí. E como é que sabem que o braço é dele?
- Acho que pegaram outros caras, mas esses americanos sabem, sei lá.
A turma chegou na agência e correu para a Internet para desvendar o mistério, que durou pouco. Estava lá:
"Exército dos EUA prende Al-Zawahiri, braço direito de Bin Laden."

A ÚLTIMA

Diz a nova lei do trânsito em Portugal que o motorista tem que andar com um colete fosforescente no carro. Pode ser amarelo, verde, laranja, rosa. O que interessa é que, no caso de qualquer problema, tem que sair do carro usando o adereço, para a sua segurança e dos demais.
Até aí tudo bem. Mas imagina que você esqueceu de vestir o troço e um guarda vem te perguntar: "Ô cidadão, cadê o coletinho?"
Se você disser: "Hmmmm, foi mal chefia.... Fiquei tão nervoso que deixei ali no carro, vou ali pegar." Multa de 120 Euros.
Se você disser: "Colete? Ih, não tenho colete não, campeão!" A multa é de...só 60 Euros! Ou seja, METADE do preço do que TER (que é o que manda a lei) e por acaso ter esquecido.
Então já sabe: se for apanhado sem colete em Portugal, mesmo que tenha, diz que esqueceu. Afinal, é melhor não cumprir a lei do que estar preparado para obedecê-la.
Falando no colete, dá uma olhada no esquete do grupo de humor Gato Fedorento (espécie de Casseta e Planeta português) sobre a escolha do apetrecho: http://www.youtube.com/watch?v=iuhxoxGftuk

Fábio Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal- Mes/2006)