• Furnas tem 6 agências disputando sua conta de R$ 16 milhões

    Sede de Furnas - Fachada

    EM PRIMEIRA MÃO – Seis agências se apresentaram esta manhã na sede de Furnas para participar da concorrência pela conta de R$ 16 milhões da subsidiária da Eletrobras: Artplan, Binder, Brick, Cálix, Calia Y2 e Nacional.

    Artplan, Binder, Brick e Nacional são do Rio de Janeiro. A Cálix é de Brasília,  enquanto a Calia Y2 é originalmente de São Paulo.

    Furnas foi atendida por vários anos pela agência pernambucana Arcos, que fechou seu escritório carioca em 2017 após envolvimento de André Gustavo Vieira, irmão do diretor da agência, Antonio Carlos Silva Junior, na operação Cobra da Lava-Jato.

    Transparência turva

    Segundo amigos da Janela, causou mal estar entre os participantes da sessão de entrega de documentos desta quinta-feira a proibição, pela Comissão de Licitação, de que os representantes das agências fotografassem os trabalhos apresentados pelas concorrentes. A prática é comum em licitações públicas — afinal as informações deveriam ser públicas — para que as agências possam analisar eventuais irregularidades e estabelecer estratégias de defesas ao receberem as suas pontuações.

    Além disso, também gerou estranheza a Comissão atrasar o fechamento das portas, além do horário anunciado, justificando que estaria esperando pelo representante da agência E3, de Campinas, que havia retirado o edital. E a E3, ao final, não compareceu.

    A Janela já havia apontado, esta quarta-feira, 22/08, que a assessoria de comunicação de Furnas negou fornecer a informação dos cargos que exercem os membros da Subcomissão Técnica que julgará os trabalhos das agências concorrentes. Pelo texto oficial, fica a suspeição de que até mesmo um profissional da área de Gestão Ambiental de Furnas poderá ficar como responsável por pontuar as propostas de Publicidade.

    História de controvérsias

    A estatal tem um histórico complicado em suas licitações para a área de publicidade. Já em 1995, a Janela destacava: “Concorrência de Furnas causa susto e polêmica no mercado” . Era a primeira licitação do governo de Fernando Henrique Cardoso e Furnas mudava o critério de pontuação que tradicionalmente era seguido nas disputas por contas de governo. Na época, o presidente da Comissão de Licitação, Arnaldo Marsili, repeliu a acusação de erro e explicou que a fórmula adotada foi proposital, para valorizar o quesito Preço na escolha, seguindo “a cultura até hoje adotada pela Furnas”.

    Em 2009, por erros no edital, vários adiamentos aconteceram no processo de escolha da agência que sucederia a brasiliense D&M. Aquele ano, a concorrência teve a participação de 12 agências e foi vencida pela Arcos. Na época, a verba licitada chegava a R$ 20 milhões por ano.

    Em 2015, mais uma vez colocando R$ 20 milhões em licitação, após a convocação de agências ocorrida no final do ano anterior, a Janela publicava: “Furnas suspende concorrência por tempo indeterminado” . Detalhe: isso após 14 agências prepararem suas propostas e entregarem a documentação. A conta, mais uma vez, acabou com a Arcos.

    ATUALIZAÇÃO EM 24/08/2018

    A assessoria de comunicação de Furnas enviou o seguinte posicionamento, em resposta à matéria da Janela:

    Posicionamento de Furnas

    A Comissão de Licitação de FURNAS esclarece que a proibição de reprodução das Propostas Técnica, de Preços e dos Documentos de Habilitação está bem clara no item 20.1.7 do edital da concorrência, modelo padrão da Secom. O item em questão foi lido em voz alta para os representantes das agências, que não manifestaram qualquer desconforto.

    Devido à mudança da sala que seria utilizada inicialmente, houve uma tolerância de 10 minutos no fechamento das portas, devidamente acordada com os representantes das agências presentes. A troca das salas foi publicada no Diário Oficial e teve por objetivo acomodar melhor os participantes.

    Ao contrário do que afirma o jornalista, a Assessoria de Comunicação de FURNAS informou prontamente os cargos dos participantes da Subcomissão Técnica que julgará os trabalhos das empresas concorrentes. Todos eles são profissionais de nível superior, formados em Comunicação, Publicidade ou Marketing, ou atuando em uma dessas áreas, exatamente como determina o item 19.2 do edital da concorrência.

    FURNAS reitera a lisura e correção de seu processo licitatório e informa que está à disposição para qualquer dúvida referente a ele.

    Como tréplica ao Posicionamento de Furnas reafirmamos que, ao contrário do que diz a estatal, é senso comum que “profissional de nível superior” não é cargo, é mera caracterização de nível escolar.

    E mais, todas as situações citadas pela Janela foram fruto de conversa com profissionais envolvidos.

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    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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