• Cariocas reagem a projeto de Cesar Maia que limita publicidade

    As lideranças do mercado carioca de publicidade reagiram com espanto à aprovação, pelo plenário da Câmara Municipal, do projeto do vereador Cesar Maia que pretende limitar, por quatro anos, a publicidade da Prefeitura do Rio (veja mais abaixo o link para a matéria).

    Rodrigo Medina
    Rodrigo Medina

    Para Rodrigo Medina, diretor da agência Artplan e presidente do capítulo carioca da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP-Rio), “é a cidade que perde, não o político que está conduzindo a administração”.

    Medina lembrou que “a comunicação é instrumento de formação de cidadania, de posicionamento da cidade como produto turístico, de prestação de contas. E gera empregos e arrecadação, no setor de serviços, que é onde está concentrada a maior vocação do Rio”.

    O presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Rio (Sinapro-RJ), Rodrigo Amado, acompanha Medina na opinião de que é a cidade que perde se este projeto for aprovado.

    Rodrigo Amado
    Rodrigo Amado

    “Não é a questão de tirar a capacidade deste ou daquele prefeito de se comunicar, e sim cortar a capacidade do Rio de formar cidadania, estimular turismo, gerar interação com a população”, declarou Amado, que também é sócio da agência Script. E ainda alerta que, ao mesmo tempo, a lei ainda acarreta a possibilidade de redução de empregos e de arrecadação de impostos.

    Em conversa com a Janela, empresários do setor no Rio declararam-se preocupados com o recado negativo que um Projeto de Lei como este pode passar, de que o investimento em publicidade — seja na iniciativa privada ou na pública — é algo que pode ser descartado sem consequências.

    A Janela acredita que seja necessário, no momento, uma organização das entidades carioca na conscientização dos vereadores cariocas. Afinal, se o projeto já foi aprovado uma vez, o mercado corre o risco de vê-lo se tornar lei em segunda votação, caso o texto seja vetado — como se imagina — pelo prefeito Marcelo Crivella.

    O presidente da agência Binder e da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) enviou um artigo para a Janela a respeito.

    Cercear a comunicação pública da cidade do Rio de Janeiro é dar um tiro no pé do Rio.
    Glaucio Binder
    Glaucio Binder

    Digo isso por diversas razões:

    • O Rio é uma cidade de vocação turística. Tirar sua capacidade de se apresentar como produto reduz significativamente sua competitividade no diversificado universo de opções semelhantes, dentro do próprio Brasil. Independentemente da administração A ou B usar a ferramenta nesta direção, ao cerceá-la, mutila-se a capacidade de promoção do Rio.

    • A comunicação institucional tem um papel importante na formação da cidadania. A comunicação é do Estado, e não do governo. Cortar a comunicação não é inibir este ou aquele governo, é restringir o papel do Estado, no caso, da cidade. Em poucas áreas a etimologia da palavra “publicidade” é tão marcante quanto na comunicação institucional, que é “tornar público”. Dar publicidade aos atos de governo é um dos mais relevantes pilares da democracia.

    • Ainda há outra razão, que é prejudicar toda uma cadeia de empregos gerada pelo sistema publicitário. Que vai das agências aos fotógrafos, às produtoras, aos veículos e a mais um sem número de profissionais e empresas de atividades correlatas. No Rio, o setor de serviços tem peso significativo na geração de renda e até na arrecadação fiscal. Prejudicar um braço desta cadeia é minar ainda mais a capacidade de o Rio se manter sustentável, que já é limitada nos outros setores.

    • Vivemos um delicado momento da nossa cidade. Saímos de anos dourados, onde transitamos de uma empolgação que estava acima do excelente momento em que vivia a economia para um momento em que nossa depressão vai muito abaixo da crise econômica que afeta o país inteiro. Precisamos de ânimo, de interação para encontrar saídas e mobilizar a população por um renascimento do Rio. Sem comunicação, a tarefa fica bem mais difícil.

    Aos vereadores que viram razões para aprovar tal projeto, talvez tenha faltado esclarecimento das consequências do ato, que afeta nossa capacidade no turismo; nossa capacidade de estimular a cidadania; nossa capacidade de manter empregos e a própria capacidade de sustentabilidade econômica do Rio; parte da capacidade de gerar arrecadação tributária; e, por fim, reduz significativamente nossa capacidade de mobilizar por um renascimento. Independentemente do governo A ou B.

    Mas ainda há tempo para que estas contrarrazões sejam percebidas para não deixar esta aberração seguir em frente.

    Glaucio Binder

    LEIA TAMBÉM NA JANELA

    Vereadores aprovam projeto de Cesar Maia que limita publicidade (em 07/08/2019)

    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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