Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 16/MAI/1980
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.


Janela amplia seu público.

A partir do próximo dia 24 de maio, e todos os sábados às 14h30min, Marcio Ehrlich e Márcia Brito estarão na TV Bandeirantes-Rio, canal 7, com o programa "Propaganda & Mercado", analisando, entrevistando pessoas divulgando lançamentos e todos os assuntos do mundo da comunicação de marketing.
E, deste domingo (18/5) em diante, a coluna Janela Publicitária também passará a ser publicada no jornal, O Estado do Paraná, ao lado da colega Silvia Dias de Souza, com a abertura do mercado local.

Agência carioca acusa os vendilhões da propaganda.

A Janela Publicitária - muitos já o disseram - é uma tribuna aberta à classe publicitária. Esta semana, os irmãos Hélio e Marcio Ramos, diretores da Labor Publicidade, resolveram fazer uso desta tribuna para levantar e colocar em debate um tema normalmente velado em nosso mercado: as negociações de compra e venda de agências. Com a palavra, os irmãos Ramos:
Helio Ramos "Queridos Márcia(o),
Chegamos aqui na Janela pra abrir pau em cima de uma prática esdrúxula que muito coleguinha nosso vem aceitando como normal, comercial, etc, e tal e que no fundo no fundo não passa de i-mo-ral.
Vocês mesmos na última Janela deram um toque na famosa e calamitosa conta-de-sovaco que entra e sai de agência para agência debaixo do braço de "contatos-donos-de-conta".
Agora está ficando cada vez mais comum a "operação arrastão", em que uma agência arremata de outra todo um "pacote" de clientes.
Nossa empresa foi alvo de investida nesse sentido, de outra agência que se diz "uma das principais do país". Diz-se "igualmente bem conceituada", e no entanto estava de olho na butique nossa, que, para eles, tem uma "atraente carteira de negócios...” (todos os grifos são nossos).
A tal da "principal" e "bem-conceituada" parece que tem consciência da indecência porque se esconde atrás de Morris & Morgan Consultores, Engenheiros Associados para fazer a proposta indecorosa.
Márcia e Marcio, olha que muita "operação arrastão" dessas ai já foi completada por empresários da mal dita (ou maldita?) "indústria da propaganda"; passivamente aceita por clientes; aprovada por profissionais e festejada pela crônica especializada, que vêm considerando o embrulha-e­manda de contas... muito normaaaaal.
E, no entanto, Márcia, isto é uma loucura que tende, de um lado a reduzir drasticamente o mercado de trabalho, e de outro, a levar à elefantíase empresarial, indesejável em uma atividade artístico-técnica de natureza semi-artesanal,
Uma loucura ainda para veículos e fornecedores, que tendem a ter sua independência cada vez mais ameaçada pela concentração de verbas, e do consequente poder econômico, em poucas e influentes mãos.
Uma loucura, Marcinha, mas, loucura também de clientes, que aceitam a mercantilização de seus interesses de comunicação por terceiros, muito mais voltados para o volume de suas verbas que para o destino de suas empresas.
Nossa opinião esta resumida na carta em que respondemos à Morris & Morgan e sua "igualmente apenas principal" mas pouco profissional agência-cliente.
Abraços mis de Márcio e Hélio Ramos."
Helio Ramos; invendável

CARTA DA MORRIS & MORGAN PARA A LABOR:
"Senhor Hélio Ramos, prezado senhor:
Uma das principais agências de propaganda do país, cliente de Morris & Morgan, manifestou-me, recentemente, seu interesse em ampliar as operações, em São Paulo e no Rio de Janeiro, através da aquisição de uma outra agência, igualmente bem conceituada e com uma atraente carteira de negócios.
A partir desta troca de ideias, e devidamente autorizado pelo cliente, tomei a iniciativa de contatar um reduzido número de agências, cujas características atendessem a um perfil previamente traçado.
Assim, tomo a liberdade de consultá-lo quanto ao seu eventual interesse em manter um contato pessoal a respeito deste assunto. Nessa oportunidade, eu lhe ofereceria informações mais detalhadas, permitindo melhor exame e julgamento de sua parte.
Embora seja óbvio, vale a pena esclarecer que nossos entendimentos se revestiriam de absoluta confidencialidade, estando à disposição, para isso, meu telefone direto (011) 259-0291.
Sinceramente,
ManoeI Gomes Sallovitz, sócio-gerente.
RESPOSTA DA LABOR PARA A MORRIS & MORGAN:
"Registramos para confirmação junto ao cliente em nome de quem V.S. nos consultou, três importantes aspectos da entrevista que, a seu pedido, lhe concedemos dia 9 último em nossa sede.
1) Nossa agência é dirigida por publicitários em plena maturidade técnico-artística, que se realizam pessoalmente no trabalho que executam, não tendo nenhuma intenção de afastar-se da atividade profissional nos próximos quarenta anos.
2) Nossos clientes têm com a agência e seus profissionais um relacionamento baseado na confiança recíproca e mútua satisfação, Assim o vinculo assistencial entre qualquer cliente e a agência pode ser rompido a qualquer momento por qualquer das partes, apenas observadas as disposições legais.
3) Nem os profissionais nem os clientes de nossa agência estão à venda.
Esclarecemos, por fim, que, para nós o assunto tratado em nossas cartas e entrevista não justifica sigilo ou confidencialidade.
Sinceramente,
Márcio Ramos, Sócio-Diretor".

A EBN - Empresa Brasileira de Notícias, vinculada à Secom, pouco a pouco vem ampliando suas prometidas funções de distribuidora exclusiva da publicidade legal dos órgãos estatais e para-estatais.
Desde o final de abril, a EBN vem autorizando as matérias legais da EBCT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, que estavam com a Salles/Interamericana. A partir de junho e julho, passam para ela toda a veiculação legal do Ministério dos Transportes, ou seja, todos os comunicados, balanços e editais do DNER, EBTU, GEIPOT e Portobrás.
Fontes de Brasília garantem que não parará aí a expansão de negócios da EBN. Por exemplo, termina este mês a prorrogação do contrato de publicidade legal, vencido ano passado, do Banco Central com a MPM Propaganda. Não será surpresa se o Banco Central decidir não renovar seu contrato com a agência, e passar a veicular através da EBN, privando a MPM de uma vultosa verba que, em 1979, chegou a quase 80 milhões de cruzeiros.
Com isso tudo, começa a botar as barbas de molho a Premium, que recentemente "tomou" da MPM toda a publicidade legal do Banco do Brasil.
Até quando a agência resistirá às investidas da poderosa EBN?

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

• A Radiobrás devera abrir concorrência para a verba de 4 milhões de cruzeiros que ela disporá para a promoção de suas rádios AM e FM de todo país, e da TV Nacional Canal 3.
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Outra conta de governo que, segundo nossos informantes no Planalto, está sem agência, é a Telebrás.
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A Skol está cuidando melhor de sua imagem depois de ter sido comprada pela Brahma. Por exemplo, Alírio Góes já não é mais seu diretor de marketing.
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Assim como Hiram Castelo Branco na CBBA, e Geraldo Alonso Filho na Norton, Eduardo Domingues começa a crescer na agência fundada por seu pai, a Caio Domingues & Associados. Eduardo agora é o novo diretor-gerente da Caio, no Rio, cinco anos após ter ingressado no atendimento da agência, vindo da gerência do departamento de publicidade e promoções do Banco de Boston.
Eduardo assume a gerência num momento em que a Caio-Rio passa por uma fase critica, tendo reduzido para menos nove funcionários seu quadro de pessoal, dispensando um produtor gráfico, dois profissionais de estúdio, um conferente e um auxiliar de mídia, uma secretária, duas datilógrafas e um auxiliar de tráfego. Segundo nota oficial de Bill Norman, vice-presidente da agência, "após um ano de muito trabalho e resistência, a Caio teve que se ajustar à nova realidade do mercado". Por outro lado, em São Paulo, a Caio contratou este mês dez novos funcionários, inclusive o redator Laerth Pedrosa e o supervisor de mídia José Luiz Nascimento.
Agência de propaganda, como prestadora de serviço, tem sempre que se adequar à realidade de seu volume de negócios. Conforme comentou conosco Bill Norman, infelizmente nem todas as verbas publicitárias dos clientes têm crescido na mesma proporção com que vêm aumentando os custos de uma agência de propaganda, principalmente no nível salarial.
E quando se sabe que os níveis salariais também não estão podendo aumentar na mesma proporção que o custo de vida, conclui-se que está sendo muito difícil o publicitário continuar sendo o profissional do otimismo que sempre foi.
Apesar disto, segundo a nota oficial da Caio, "sem perder o realismo, a Caio continua fazendo a sua parte - da melhor forma possível - para que haja uma melhora geral da situação".
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O Jornal do Brasil adiou para o dia 27 de junho sua edição da Carta Industrial 1980, prevista para 23 de maio, e avisa que a data de fechamento publicitário passou para 16 de junho.
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A revista Diner's passa a ser distribuída também em bancas, nacionalmente, e sua tiragem sobe dos 10 para 100 mil exemplares.
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Outro veículo que aumenta sua tiragem é Engenharia Industrial, que passa de 15 a 25 mil exemplares graças a um aprimoramento de seu mailing-list no Rio de Janeiro.
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Duas mulheres de São Paulo e uma de Petrópolis venceram a promoção da M. Rosemann e Figurino Moderno, com prêmios de 200 mil cruzeiros para cartas sobre "A Mulher na Década de 80".
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Foi lançado ontem aqui no Rio o livro "Audio-Visual, Linguagem e Técnica", de Paulino Cabral de Mello, numa bela edição da Sono-Viso com 300 páginas em 17 capítulos, mais 160 fotografias, 50 esquemas e diagramas, 15 quadros sinóticos, uma extensa bibliografia. Este é o primeiro livro em língua portuguesa sobre audiovisual, e que custará, nas livrarias técnicas e nas casas de material de cine-foto cerca de Cr$ 1.400,00. A Sono-Viso também poderá dar mais informações sobre o livro, pela Caixa Postal 3.817 - Rio de Janeiro - RJ.
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Robert McLaren, diretor internacional de criação da SSC&B Lintas World Wide, admitiu em reunião internacional da agência no último mês, que tem sido claramente notado nos Estados Unidos e na Europa que um enfoque mais realístico e preocupado com vendas tem dado mais agressividade e menos beleza à propaganda, como efeito da recessão econômica internacional. No Brasil, pelo nível baixo em que andam os comerciais de tevê, com mensagens absolutamente ininteligíveis, principalmente nos vídeo-tapes veiculados à tarde, Robert McLaren facilmente concluiria que a recessão não chegou a este país, e os clientes brasileiros tranquilamente podem jogar dinheiro fora. Pelo menos no Rio, quem reclama do nível dos programas de televisão, é porque não tem visto os intervalos comerciais.
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Uma grande ideia promocional conjunta da Castrol e da revista Quatro Rodas (que aliás comemorou seu 20º aniversário num alcoolizadíssimo coquetel esta semana) em traduzir para o português o livro "'New Castrol Book of Car Care" e distribui-lo encartado na próxima edição da revista, com o nome de "Gula Castrol".
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Um consórcio liderado pela Divisão & Engenho, de Salvador, vai atender as contas do Governo do Estado de Sergipe.
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Paulo Antônio Magoulas está se transferindo hoje da SGB para a MPM, onde atenderá o Grupo Sendas. Falando em Sendas, pode ter futuro esta saída do "Miudinho", como substituição para a desgastada imagem de Carlos Henrique, que aliás, operou-se justamente à época da filmagem do "Miudinho".
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A Cadeia Verde Amarela (Rede Bandeirantes de Rádio) assumiu a representação das Rádios Uirapuru de Fortaleza e suas co-irmãs de Canindé, Quixadá, Itapioca e Morada Nova, todas obviamente do Ceará.
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Imaginem vocês que a verba da Divisão de Produtos de Consumo da Sony, nos Estados Unidos, é de 10 milhões de dólares, ou seja, 500 milhões de cruzeiros. Com uma verba dessas, até uma agência brasileira pode cobrar comissão de veiculação de 15%. Mas com o valor médio das verbas nacionais, é um contrassenso a ABA ainda sugerir a livre negociação.