Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 05/DEZ/1980
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.


Empresários negam apoio ao IV CBP,
ou
ABAP manda desfazer as malas,
ou
Meteram a mão no meu acarajé.

Conforme adiantamos na coluna da semana passada, a ABAP - Associação Brasileira de Agências de Propaganda reuniu a imprensa para informar que decidira retirar sua participação do IV Congresso Brasileiro de Propaganda, dando como justificativa que no próximo ano as agências estarão enfrentando um período economicamente muito difícil, que exigirá uma atenção redobrada e não permitirá que seus empresários dediquem seu tempo preparando teses, deslocando-se para Salvador e outros detalhes.
A consequência desta decisão é óbvia. Sem o apoio das agências de propaganda brasileiras o Congresso perderá totalmente sua representatividade, e sua razão de existir.
Não era difícil, no entanto, prever que o Congresso teria este fim. Qualquer colunista de propaganda um pouco mais informado, acompanhando a política do setor, já vinha percebendo que, no fundo, este Congresso só estaria interessando a alguns setores de profissionais empregados, e à ABA-Associação Brasileira de Anunciantes, que via na discussão da regulamentação da profissão uma brecha para mexer na Lei nº 4.680 e alterar os critérios de remuneração das agências. O III Congresso, que se realizou em São Paulo, em 1973, pelo contrário, interessava fundamentalmente aos empresários da propaganda, que com um Código de Auto-Regulamentação poderiam demonstrar ao Governo uma preocupação da classe em se auto-aprimorar, evitando, com isso, as incursões parlamentares numa "censura" publicitária.
Tudo isto, em suma, veio confirmar o seguinte: quem manda na propaganda brasileira são os donos das empresas que representam o setor: as agências. Acaciano, dirão alguns. Nem tanto, porém. A prova é que algumas associações da propaganda, como a AP's Brasil, sem se preocupar com o que diriam ou fariam os empresários da propaganda, resolveram afirmar que realizariam o Congresso de qualquer maneira, e tomaram para si esta organização.
Enquanto isso, nos bastidores da propaganda, cada vez mais se comentava que as agências não viam com bons olhos um Congresso em algum local no qual, pela distância, poderia ser dificultada a presença de um número tal de empresários que pudesse negociar ou votar contra qualquer proposta que não os interessasse.
Agora, finalmente, a máscara caiu e ficou provado que entidade forte, mesmo, na propaganda brasileira, é aquela que reúne donos de agências, e que as outras, superpulverizadas, caberá ou acatar sem procurar negociar todas as decisões patronais ou -- o que seria mais inteligente -- definitivamente se unirem para procurar um mínimo decente de representatividade na profissão.
A respeito da decisão da ABAP, a AP-Bahia, entidade responsável pela execução física do Congresso, emitiu uma nota considerando "arbitrária e intempestiva a atitude da ABAP", acrescentando que:
1 - Consideramos a decisão da ABAP irresponsável, uma vez que a mesma ignorou compromissos assumidos anteriormente e não se preocupou em' atinar com os problemas que tal decisão inevitavelmente irá gerar na realização do IV Congresso, a esta altura em adiantado estado de execução, com despesas já executadas, e investimentos já realizados.
2 - Reafirmamos a decisão plenária do III CBP, soberana e irrecorrível. A AP-Bahia se considera também detentora do direito inalienável de indagar se a posição assumida pela ABAP teve consenso de seus capítulos regionais e das lideranças da propaganda brasileira. Esta indagação prende-se ao fato de que, se referendado o apoio das lideranças e dos capítulos mencionados, a AP-Bahia, principal responsável pela execução física do IV Congresso, no qual já investiu cerca de um milhão de cruzeiros, abdica deste direito, transferindo-o à ABAP, uma vez que a mesma já se manifestou como uma espécie de "conselho de planejamento da propaganda nacional", cabendo, portanto, a ela, que ora cerceia aos publicitários a possibilidade de se reunirem para debater os seus problemas comuns, estabelecendo as projeções e ambientações necessárias à realização do IV Congresso."
No Rio, Clementino Fraga Neto, presidente do capítulo carioca da ABAP, nos informou que a sua entidade acompanhará a decisão da diretoria nacional, retirando também sua participação do Congresso. Já Paulo Roberto Lavrille, presidente do Sindicato das Agências, informou que não pode se manifestar oficialmente porque só na próxima semana o Sindicato se reunirá para debater mais profundamente o assunto, o mesmo tendo alegado Edeson Coelho, presidente da Associação Brasileira de Propaganda, quanto à sua entidade. Pessoalmente, porém, Lavrille afirmou ser contra a propaganda brasileira "ficar de novo dez anos sem congresso". Considerando que seu Sindicato procurará analisar a situação para tirar dela o caráter emocional, ele ainda previu que uma das saídas possíveis para a classe não se manter neste impasse, seria "o Congresso não se realizar nem em Salvador, nem em São Paulo ou em Porto Alegre". Lavrille acredita que não seja difícil se encontrar outra capital neutra e de fácil acesso aos empresários da propaganda paulista.
Já Carlos Martins, presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro, ao saber da decisão da ABAP por estes próprios colunistas, considerou-a "uma grande frustração para todos os publicitários". Para Martins, a atitude da ABAP conflita com a do CCRJ, não só porque a decisão do Congresso foi tomada em votação democrática no III CBP, como porque a realização do Congresso em Salvador favorecia a tese do Clube de que se devam valorizar os mercados regionais.
Para encerrar, por enquanto, ainda queremos estranhar a atitude dos grandes jornais cariocas, que, em toda esta última semana, sequer dedicaram uma linha ao assunto. Falta de interesse ou...?

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