Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 13/JAN/1989
Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Cyd Alvarez, marketing e música de alto nível

Cyd Alvarez
Cyd Alvarez

A Publicidade - praticamente junto com o Jornalismo - é considerada uma das profissões mais estressantes do mundo moderno.
Com frequência, o publicitário - principalmente o de atendimento - se envolve de forma profunda com os assuntos e problemas de sua empresa e seus clientes, que acaba se afastando de todas as manifestações de cultura e lazer que o próprio mundo moderno lhe oferece. E que seriam fundamentais para a sua reciclagem como ser humano e profissional.
É bastante rara a presença de publicitários em exposições de arte, apresentações musicais eruditas ou de jazz, peças de teatro etc.
Por outro lado, existem alguns profissionais da nossa Publicidade que vêm procurando não abrir mão de participar das atividades culturais, inclusive como produtores de cultura. Em música, artes visuais, literatura e no que mais for possível.
A experiência destas pessoas merece ser mais conhecida pelos demais colegas de profissão. É o que esta coluna pretende fazer, na medida do possível, durante este ano.
Cyd Alvarez é um destes publicitários que também são artistas.
Muito pouca gente seria capaz de imaginar que o tecladista do conjunto Jazz Brasil - cujas músicas Amarelinha e Blues For Cyd foram das mais tocadas em 1988 na Globo FM - e o diretor da crescente agência Chris Colombo e ex-gerente de produtos da Souza Cruz fossem a mesma pessoa.
Cyd, porém, vem provando que o envolvimento com Marketing e Publicidade não lhe impediu ter oportunidades para se expressar em Arte.
Ao contrário, diz ele. "A música me ajuda muito no trabalho de propaganda, porque desenvolve bastante a minha sensibilidade e permite compensar todo o forte lado racional que tende a surgir em um planejamento de marketing e comunicação, mas que por si só não é suficiente se conseguir as melhores soluções."
Já quando estava na Souza Cruz, Cyd Alvarez tocava profissionalmente. Lá, de 1982 a 1986, ele passou por praticamente todas as marcas da empresa, tendo inclusive sido o responsável pelo lançamento de Free e pela inesquecível campanha "70 Neles".
Em 1986, porém, como membro do grupo Jazz Brasil, chegou a vencer a Copa People de Música Instrumental. Em dezembro deste ano, tomou a decisão que muitos amigos aplaudiram, como sendo a vitória do sonho: deixou a Souza Cruz para dedicar mais tempo a música e partir para o seu próprio negócio.
"Neste momento" - conta Cyd -, "percebi que muita gente mantém dentro de si sonhos que não têm coragem de realizar". A sua atitude, diz ele, por isso, chegou a ser vista como de alguém que "mandou o sistema para o espaço".
Cyd admite que ser solteiro - ou seja, dono sozinho do seu tempo - facilitou muito o seu projeto. E continua ajudando até hoje, pois ele trabalha na agência das 9 às 21 horas, programando os ensaios do grupo para todos os sábados e domingos à tarde. As noites ficam divididas para ensaios nas proximidades dos shows, para idas a teatro, cinema etc., e, principalmente, para os estudos técnicos de piano.
E claro que, para quem leva a sério a sua arte, não dá para parar de estudar, apesar de Cyd sentir-se frustrado porque o dia não tem mais horas e é impossível dedicar mais tempo ao estudo. Aos 34 anos ele não pode ter mais a disponibilidade que tinha no período dos 19 aos 25, quando fazia o curso de Administração de Empresas na FGV de São Paulo e estudava piano com Hamilton Godoy, do incrível Zimbo Trio.
Mas a história de Cyd Alvarez demonstra que o tempo tem sido o suficiente para seu grupo já poder lançar agora o seu segundo LP, e sua agência confirmar a conquista de uma campanha de desburocratização interna para um cliente como a Shell.
Os clientes, aliás, garante o diretor da Chris Colombo, não só não têm o que reclamar - "Eu procuro não deixar furo com eles", explica - como até gostam, assistindo, várias vezes, às apresentações do Jazz Brazil.
Tanto que a agência, com pouco mais de 2 anos, já ostenta uma relação de clientes que inclui nomes como Warner Lambert, Shell, Carlos Pereira (Sabão Platino, Farol Azul, etc), Souza Cruz, Studio Chorus e Scubatec.
Nesta área de música, aliás, Cyd Alvarez não está mal acompanhado. Ele cita, por exemplo, o caso de Fernando Kfoury, presidente da Seagram do Brasil, que é trombonista da São Paulo Dixieland Band. E no Rio, quem assistiu aos shows da Casseta Popular e Planeta Diário deve ter notado o sax profissionalíssimo e maravilhoso tocado por Murilo Continentino, gerente comercial da TV Bandeirantes. Sem falar nos elogios que já nos chegaram aos ouvidos sobre a bateria de Mílvio Piacesi e da guitarra de Paulo Brandão.
Cyd Alvarez comenta que a grande vantagem desta sua opção de vida é que a música lhe dá o prazer de tocar e funciona como válvula de escape para a tensão da vida de publicitário.
Que bom para nós, como ouvintes e como colegas de mercado. (Marcio Ehrlich)

Coisas que eu sei e que eu acho.
Marcio Ehrlich

• O Ministério da Cultura vai fazer, dia 24 próximo, em Brasília, a sua Tomada de Preços nº 001/89, para a pré-qualificação de agências de propaganda. Atenção aos menos atentos que é "pré-qualificação", ou seja, o Ministério da Cultura não tem nenhuma responsabilidade (isto, aliás, não é novidade) de entregar a conta a quem passar na seleção. Podem ser pré-selecionados 45 e só os de melhor (ou maior) lobby pegarem as campanhas.
• E o Ministério da Fazenda também quer agência, para veiculação da campanha publicitária do PIR/89, que o aviso publicado no Diário Oficial não explica mas deve ser o Programa do Imposto de Renda de 1989. A abertura das propostas será dia 20 de janeiro.
• Já que o assunto é Brasília, o GDF - Governo do Distrito Federal escolheu 7 agências para cuidar de suas contas. Três são agências cariocas com estrutura na capital federal: MPM, Pubblicità e VS Escala. Três são de lá mesmo: Know How, Grupo Jovem e Oficina. E uma é de Goiânia (não me perguntem por quê): a Stilus.
• Logo agora que pegou a conta da Pepsi e estava louca para comemorar a chegada ao primeiro lugar do ranking das agências, a Almap/BBDO vai ter que se contentar apenas com o título moral. E que o novo presidente da Fenapro, Daltro Franchini (Símbolo Propaganda-RS), decidiu acabar com o ranking oficial que a entidade realizava há vários anos.
• É bem verdade que é praticamente impossível fazer um ranking uniforme e sem distorções em um país com 30% de inflação mensal e que tem como fatores de cálculos para as empresas a OTN, a OTN Fiscal, o dólar oficial, o dólar no paralelo, a própria inflação e, é claro, o moribundo cruzado. Sem um ranking oficial, porém, não vai dar mais para as agências dizerem que estão entre as 10 maiores, ou as 20 mais e assim por diante. E vai ter gente sentindo muita falta...
• A CBBA/Propeg orgulhosa que pegou a conta da fábrica de sorvetes Hebom, aquela que produz o Sorvete Sem Nome. Este já foi um anunciante de forte presença no Rio, quando a conta estava no Pacto, do Pacot. Depois sumiu. Ficou sem nome e sem propaganda. É bom que volte, como voltaram a anunciar no Rio a UFE e a Carlos Pereira.
• Meu Deus, será que o Rio está voltando a ficar bom?

Janela da Criação

Semana que vem deve voltar com mais força esta janela que a Janela abriu para dar as notícias do Clube de Criação do Rio. É que o CCRJ retoma esta próxima quarta feira as suas atividades no Zanty, com a noite do reencontro, quando as notícias recomeçam a agitar.
Aguarda-se uma presença maciça de criadores e acompanhantes no espaço underground daquele elegante bar ipanemense.

Janela Indiscreta

A partir de hoje, a Janela Publicitária começa a publicar diariamente às sextas-feiras a colaboração do colunista publicitário mais bem informado do país, Armândico Fettuccine Filho (filho do grande mestre de marketing Fettuccine Pai), com as notícias que até hoje nenhum veículo de comunicação jamais teve a ousadia e a estupidez de publicar.
Estes colunistas garantem prestigiar ao máximo a participação de Fettuccine Filho. Assim, senhores leitores, se, em algumas das próximas semanas, este espaço não for publicado, não tenham dúvidas que houve alguma forte pressão sobre o nosso diretor comercial ou o colunista teve mais o que fazer.
• Muito ativo o movimento pró-Monarquia nos meios publicitários cariocas, liderado pelo mais antigo Conselheiro da Corte, Caius Y. Associadus. A dinastia dos nobres Ronaldos é uma das mais atuantes. Enquanto o Conde Ronaldo tem sido visto com muita frequência na casa do Marquês de Olinda, o outro Ronaldo, o Marquês, faz contatos em seu exílio no Chile para compensar a fragorosa derrota sofrida na batalha com o Almirante Barroso, na qual teve que abandonar o navio após perder o combustível.
• Os conhecidos vocalistas catalãos Petit Coeur e Zaratustra se apresentam na próxima semana em São Paulo no Art Directors Privé Club. Aliás, correm insistentes rumores na capital paulista de que os integrantes do inimitável Duo Ailibi recusaram­se terminantemente a assinar um contrato internacional com os empresários e anões Aatchim & Aatchim para uma tournê mundial, porque constava da viagem uma visita a Washington.
• Falando em música, a socialite americana Baby' Deó lança seu primeiro compact-disc no Brasil. A faixa que será batalhada nas rádios é uma melô feita pela dupla Alex Sullivan e Paulo José de Alcântara Massadas e que gerou muitos protestos quando foi apresentada em festa na casa do Comodoro Thompson. Dedicada à Tina Turner e Michael Jackson, a canção leva o nome de "Eu vou tirar vocês deste lugar".
• Uma alta fonte de Brasília confirmou a esta coluna que começa a funcionar imediatamente após a reforma ministerial a nova produtora de computação gráfica C.G.C., do Ministério da Fazenda.
• A avicultora e publicitária Christina Jequitibá, que dirige a criação de pintos do frigorífico Sulton, está muito feliz com o desenvolvimento de uma nova raça de galinhas de sangue azul. Christina, porém, confessou a esta coluna que sentiu-se muito magoada, recentemente com acusações publicadas na imprensa de que, em conluio com o mafioso Tomaso Maggiorno e o líder do grupo terrorista árabe Apoio Negro, Yasser Adib, teria mandado matar Gilberto Braga.