Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 31/MAR/1989
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Comercial supera a realidade com imagem em computador

O capacete da Brahma

O mais difícil e sofisticado trabalho já realizado no Brasil em computação gráfica entrou no ar, em mídia nacional, nas chamadas da cobertura da Fórmula I, pela Rede Globo: é a vinheta "Capacete", que a GCG - Globo Computação Gráfica - produziu para a Brahma.
Em nada mais que 5 segundos, o espectador pôde ter a visão fantástica de um verdadeiro capacete de piloto de Fórmula I em plena emoção da corrida, refletindo de forma surpreendente desde luzes e brilhos de guard-rails até as imagens de outros carros existentes na pista.
Antes mesmo de ir para o ar, o resultado do comercial surpreendeu a própria equipe da produtora GCG, além da agência Salles - que criou a ideia - e dos profissionais de marketing da Brahma.
É que o efeito conseguido é inédito no Brasil: um objeto desenhado e sintetizado apenas no computador - o capacete - reflete imagens filmadas reais - os carros de Fórmula I -, distorcendo-as gradativamente sobre sua superfície enquanto se movimenta da maneira exata como aconteceria no mundo verdadeiro.
Apesar de reproduzir a realidade, "somente o computador conseguiria materializar este sonho dos criadores publicitários", explica José Dias, diretor da GCG, afirmando ainda que "um controle tão detalhado de tantos elementos complexos como os movimentos dos objetos, suas cores e texturas, e até a posição exata dos reflexos seria impossível de se obter através dos processos conhecidos de desenho animado ou de trucagens tradicionais de cinema".
Através da técnica de computação gráfica, a fantasia ainda pôde se unir ao objetivo publicitário: ao final do comercial, como numa mudança de tomada da câmera, vê-se o topo do capacete transformado no rótulo dourado da cerveja Brahma, passando a mensagem de a empresa estar presente nas transmissões e nas emoções da Fórmula I.
NOVOS LIMITES
José Dias trabalha com computação gráfica há 10 anos. Ele foi um dos primeiros a se especializar nesta área no Brasil, sendo o responsável por todas as vinhetas e aberturas em computação gráfica da programação da Rede Globo.
Hoje ele diz que vê com satisfação que "cada vez mais os criadores publicitários vêm descobrindo a computação gráfica como solução para materializar ideias que antes eram impossíveis pelos limites das técnicas tradicionais".
Nas próprias chamadas da Fórmula I da Rede Globo há outro trabalho da GCG: a vinheta da Nestlé, criada pela agência Norton, e na qual modelos perfeitos de carros da Fórmula I correm por uma pista que ao final se transforma na marca da empresa.

Orsi cria Merit junto com Alra/Grab

José Roberto Orsi, Renato Lippi e André Gonçalves
José Roberto Orsi, Renato Lippi e André Gonçalves, a diretoria executiva da Merit Comunicações

São Paulo - José Roberto Orsi, que em fevereiro pediu demissão da vice-presidência de Operações da J. Walter Thompson - onde estava há 15 anos - já encontrou um caminho profissional novo.
Ele juntou-se com André Luiz Gonçalves, Renato Lippi e Fábio Rufino, da Alra-Grab, e formou a Merit Comunicações, que pretende chegar até o fim deste ano a um faturamento de US$ 20 milhões e, em dois anos, ficar entre as 15 maiores agências do mercado nacional. Cada um dos sócios ficou com 25% do capital da nova agência.
A Alra-Grab existe há 8 anos e faturou, em 1988, US$ 10 milhões, com clientes como Credicard, Dom Vidal e Confederação Nacional dos Diretores Lojistas, principalmente. A agência tem hoje 50 profissionais, mas com a entrada de Orsi - que já foi gerente da Thompson no Rio - pretende dedicar 90% de seus novos investimentos na contratação de profissionais de criação. Orsi e André serão os responsáveis pela área de atendimento da Merit, enquanto Lippi cuidará das demais operações, desde produção até mídia.

MKTMIX

• EM PONTO DE FUSÃO - Duas agências médias do Rio de Janeiro estão em franca conversação para virarem uma só. Dica 1: As duas têm escritórios em São Paulo. Dica 2: Uma delas ainda em Brasília. Dica 3: Uma tem forte experiência em produto e a outra em varejo e governo.
As negociações começaram há 5 meses e se encontram adiantadíssimas. Para o Rio, pode ser um excelente negócio, pois já colocaria a nova agência entre as 15 maiores do ranking brasileiro.
• TRENZINHO DA GIOVANNI - O diretor de arte Wilson Nóbrega (ex-MPM, Thompson e Contemporânea) foi contratado pela Giovanni-Módulo. É bom. Mostra que a presença de Adilson Xavier no Clube de Criação do Rio está fazendo bem para a cabeça da agência. Agência de propaganda sem investimento em criação é como carro com pneu careca. Andar anda, mas não chega longe.
Wilson tem vários trabalhos premiados, mas o mais conhecido ainda é aquele "Trenzinho" feito para as Casas Pernambucanas.
• MARLENE RESSUSCITADA - O diretor executivo das Casas Chamma, Roberto Chamma, considerou "uma verdadeira Salvação da Pátria" - vendeu o estoque de tecidos em tempo recorde - o comercial que a VT Um produziu para aquela rede de varejo. O comercial tinha que ter produção simples, mas com impacto. Nele, a atriz Tássia Camargo ressuscitava a personagem Marlene da novela das 8 para lembrar de "não adianta ficar dando pulinhos por aí e acabar morrendo... de cansaço". A direção do comercial foi de Fredy Nabhan, e a criação de Marcia Brito e Marcio Ehrlich, estes seus escribas.
• INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA - Jarbas Milani, depois de 27 anos na Thompson, sendo 10 como vice-presidente, deixou a agência para se tornar consultor independente na área financeira. A própria Thompson vai ser cliente da nova empresa de Milani, que pode ser encontrado em São Paulo nos telefones 852-8118 e 852-8372.
• COELHINHO, SE EU FOSSE COMO TU... - Será que o melhor comercial que uma tremenda agência como a DPZ poderia ter feito para a Visconti seria aquele de o garoto jogar a cenoura fora para comer o ovo de chocolate? Será que pra comer chocolate precisa jogar cenoura fora? Será que essa é uma mensagem legal para uma criança? Será, enfim, que a responsabilidade do profissional de criação vai até o ponto de também pensar nisso?
• É DOS CARECAS QUE ELA GOSTA MAIS - A Rhodia está investindo 2 milhões de dólares na segunda fase da campanha de lançamento do Regaine, aquele medicamento que parece ser revolucionário no tratamento da calvície. Taí uma campanha difícil. Primeiro, porque, por determinação legal, as peças publicitárias não podem falar no nome do produto. Segundo, porque o brasileiro já está meio cético de tônicos capilares. E terceiro, porque o efeito do produto demora 4 meses para aparecer e a propaganda tem que convencer o consumidor a ter paciência.
Sobre o tema, uma curiosidade: uma pesquisa recente da Rhodia descobriu que o número de brasileiros preocupados com a calvície cresceu sobre o revelado em pesquisas antigas. É a vaidade masculina cada vez maior.
• CROMO VERDE-AMARELO - O grupo argentino Cromo Publicidad está pensando em transferir para o Brasil seu centro de decisões da América Latina. O Grupo atende em Buenos Aires contas como Shell e Ericsson, e possui 9 filiais na América do Sul, inclusive há 10 anos no Brasil, onde fatura mensalmente 40 mil dólares. A direção da Cromo acredita que fortalecendo o escritório brasileiro, poderá passar para um faturamento mensal de 100 mil dólares.
• PERNAMBUCO FALANDO SEMPRE PARA O MUNDO - As Casas Pernambucanas tiveram sua campanha de tabloides para o Nordeste ­ criados pela MPM de Fortaleza - citada em página inteira do Retail Ad-Week, a mais importante revista americana de varejo. A direção de criação do trabalho é de Fernando Costa, com aprovação de Vicente de Salvi. Aliás, a MPM e as Pernambucanas do Nordeste estão entrando lá com uma enorme campanha de televisão, produzida aqui no Rio de Janeiro pela VT Um, com direção do Fredy Nabhan.
• IGNORÂNCIA DIVINA - Sábado de manhã, aproveitando a agência fechada, dei um pulo na Biblioteca Pública do Estado (aquela nova, na Presidente Vargas), para procurar uns textos de teatro. Encontrei a porta fechada. Do lado de dentro, sentados num balcão, 4 vigilantes papeando. Perguntei pelo vidro se sábado não abria e um deles respondeu rápido: "Graças a Deus, não".
Ah, Senhor, por que fechas as bibliotecas aos sábados e a cabeça dos brasileiros todos os dias?

Janela da Criação

Janela para CCRJ: Mauro Matos não é mais candidato
Anúncio colocado pela Janela Publicitária ao lado da notícia da eleição do CCRJ

Deu o que se esperava na eleição do Clube de Criação do Rio. Uma vitória de Mauro Matos e sua chapa "Se Cria, Rio". Vitória, porém apertada. Resultado final: 130 para Mauro e 98 para Gustavo, com 1 voto em branco e 1 nulo.
A força da história de Mauro Matos e sua equipe na criação carioca, junto com toda a sua proposta de trabalho, fizeram a chapa "Se Cria, Rio" ganhar a preferência do dito eleitorado. Mas o alto resultado conseguido pela "Chapinha" (42,6% dos votos) mostra que muita gente estava mesmo insatisfeita com o abandono do Clube de Criação, e que a proposta de renovação de Gustavo Bastos e sua turma foram levadas muito a sério.
O que, se toma a vitória de Mauro Matos mais brilhante, aumenta a responsabilidade do seu trabalho nesta gestão.
Mas a noite de terça-feira no Centro Empresarial Rio teve de tudo o que se precisa para uma boa eleição. Discursos, debates, panfletagens, chapinhagens, acusações, abobrinhas, defesas, aspas abertas, propostas, aspas fechadas, gracinhas, contra-propostas, questões de ordem, questões de desordem, votações, filas, boca-de-urna.
E sem falar que o bar ficou fechado, o que foi um pouco demais.
O Clube aproveitou a reunião de tantos criadores e tomou algumas boas decisões. Por exemplo, deixou a votação sobre o tempo do mandato para daqui a seis meses. Que coincidem com a metade do mandato atual de 1 ano de Mauro Matos.
Ou seja, se o Governo estiver bom, vota-se a prorrogação do mandato para dois anos. Se não, fica tudo como está, torcendo-se para os seis meses restantes acabarem logo.
Enfim, tanto se falou em criação na terça-feira que no dia seguinte por pouco o Zanty não fica vazio. O que seria uma lástima, pois - bem ou mal - está sendo uma fonte semanal razoável de receita para o Clube.
E no Zanty, Gustavo Bastos e Sérgio de Paula continuaram o embalo de terça à noite e decidiram comunicar que a Chapinha não enferrujou. Só deixou de ser chapa para se tornar um "movimento de apoio e crítica" (estas aspas são de citação, e não de ironia, viu Gustavo...) à diretoria do Clube.
Um saudável exercício de democracia.