Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 21/JUL/1995
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Festival de Cannes já é meta de muita gente para o ano que vem

Alda Bezerra
Alda Bezerra decepcionou-se com o Festival deste ano mas quer conferir se ano que vem ele se recupera.

Um mês depois de terminado, o Festival de Cannes continua sendo motivo de conversa de muitos publicitários. Que fascínio é este que tem o evento, que se tomou o maior encontro da propaganda mundial?
A Janela foi procurar as respostas nos profissionais de criação que estiveram lá este ano pela primeira vez, dentro do projeto Young Creatives, uma iniciativa que levou ao Festival, com todas as despesas pagas, 15 brasileiros - entre os quais 4 cariocas - com menos de 30 anos, escolhidos pela qualidade de seu trabalho em propaganda.
É impossível imaginar Cannes sem ir até lá, como concluiu Camila Bezerra, da Giovanni, uma daquelas escolhidas. "Não tinha noção de como era e me surpreendi com tudo", ela confidenciou.
O carioca André Lima, também da Giovanni e outro dos escolhidos, voltou de Cannes com a conclusão de que ir é obrigatório para o publicitário. Agora, ele diz, quer voltar sempre: "é muita referência que se ganha ao assistir filmes de todo o mundo. Nem tanto pela criação, mas principalmente pela parte técnica. As soluções de direção e fotografia que se veem até mesmo para comerciais ruins de criação são tantas que a gente não conseguiria em nenhum outro lugar".
Cannes, na verdade, tem três aspectos que podem ser avaliados independentemente: a exibição de trabalhos, o encontro das pessoas e a premiação. Esta última faceta foi a mais polêmica de 1995. A ponto de Alda Bezerra, da Contemporânea, outra das Young Creatives a estrear sua presença em Cannes este ano, considerar que foi fundamental ter ido até lá para poder desmistificar o Festival. "O que mais me impressionou", disse ela, "foi descobrir que em Cannes acontece tudo igual a qualquer outra premiação: vaias, falta de critério do júri, absurdos como comerciais medíocres ganhando prêmios e outros ótimos ficando de fora". Alda, uma premiada redatora no Brasil, chegou à conclusão de que "Cannes pode ser o maior prêmio da propaganda mundial, mas não é tão especial que esteja a salvo de distorções".
Segundo a criativa, a presença de filmes fantasmas entre os premiados repercutiu muito negativamente entre os Young Creatives. "A conclusão a que muitos chegaram era de tinham mesmo que criar filmes especialmente para o Festival para poderem ganhar destaque, o que é uma enorme distorção da finalidade da premiação", considerou Alda.
Essa troca de informações, opiniões e experiências entre os publicitários que vão a Cannes definitivamente não se encontra igual em nenhuma outra oportunidade dentro da atividade publicitária. A promoção dos Young Creatives até colaborou para isto este ano. André, por exemplo, revela que conversou muito com participantes do projeto vindos de outros países e gostou de saber como eles trabalham e quanto ganham lá fora.
Para Alda, a troca de experiências foi ainda maior e mais excitante, já que ela foi a redatora da dupla que representou o Brasil na disputa dos Young Creatives e pôde ver a maneira de trabalhar daqueles criadores.
Mesmo tendo desmistificado o Festival, Alda quer voltar no ano que vem. "Depois de tanta vaia ao resultado das duas premiações e ao comportamento do júri, quero ver o que os organizadores vão fazer para retomar a qualidade do concurso".
Quem já foi e quem nunca foi, portanto, que se prepare desde já. Cannes 96 vem aí.

Loducca apresenta Lowe como seu sócio no Brasil

Frank Lowe já está no Brasil. Felizmente não para presidir nenhum júri de propaganda, como fez desastradamente em Cannes, mas como sócio de Celso Loducca na Lowe Loducca & Partners, agência que foi apresentada oficialmente à imprensa especializada esta terça-feira em São Paulo.
O inglês Lowe, presidente de um dos recentes grandes grupos multinacionais da propaganda, entrou com 30% da nova empresa, a mesma percentagem do sócio capitalista brasileiro, o Grupo Icatu, que, tendo também participação na DM9 de Nizan Guanaes, expandiu a sua presença na área de publicidade. Os demais 40% ficaram divididos entre Loducca - com a maior parte - e três outros ex-profissionais da FCB, onde Loducca era vice-presidente de criação.
Foi o próprio Nizan, vale dizer, quem apresentou Loducca à Lowe. Durante o Festival de Cannes de 1994, conforme as equipes da Janela e da Editora Referência levantaram em primeira mão, Frank Lowe admitiu que estava começando a procurar sócio no Brasil. A primeira hipótese foi se associar à DM9, comprando as ações pertencentes à Icatu. Como o grupo financeiro recusou-se a vender a sua parte, Nizan aproveitou para apresentar tanto a Icatu quanto Loducca a Frank Lowe, como uma alternativa para a multinacional no Brasil.
Durante o último Festival de Cannes, já se comentava que Celso Loducca, o jurado brasileiro, estava fechado com o inglês para abrir uma nova agência neste mercado. Loducca, porém, temeroso de que a notícia prejudicasse os resultados do Brasil - e da Lowe também, é claro - negou peremptoriamente.
O tempo, mais uma vez, mostrou que a imprensa especializada estava certa.
A Lowe Loducca & Partners começa com 4 clientes, sendo que o único oficializado, com um faturamento previsto para este ano de US$ 6 milhões, foi o Bamerindus, que vai lançar com ela uma campanha do seu novo cartão Visa. Especula-se, porém, que não demore muito para a agência entrar em alguma das empresas atendidas internacionalmente pelo grupo, como Smirnoff, Coca-Cola, General Motors, Henkel, Heineken e Sony.
Para conquistar a conta da Coca-Cola, inclusive, Celso Loducca admitiu que se o cliente exigir - como sempre tem feito - ele abre um escritório de atendimento da LL&P no Rio.

Filme fantasma não mostra quem é bom

Durante Cannes, a partir da polêmica sobre a legitimidade ou não de poderem concorrer trabalhos criados especialmente para o Festival, este colunista escreveu sua opinião em um editorial que circulou numa edição especial do Caderno Propaganda & Marketing.
Como o assunto ainda não morreu, vale reproduzir aquelas ideias aqui na Janela.

"Dá pra jogar tênis sem rede? Claro que dá, desde que os dois jogadores combinem quais serão as regras válidas para os dois. Aí eles podem até passar a chamar o tênis sem rede de squash ou de frescobol O que não dá é pra jogar tênis um tendo o direito de queimar a rede e o outro não. Qual é a grande injustiça da inscrição de um trabalho que não foi legalmente veiculado? Simples. Aqui não estamos só para ver grandes ideias. Estamos também para reconhecer e homenagear os melhores criadores. E é claro que a comparação só será justa se avaliarmos os trabalhos deles em condições iguais. Se um puder queimar a rede e o outro não (ou, explicitamente, para os mais lentos, se um puder evitar as barreiras do atendimento, do cliente, do produto, do policy internacional etc, e o outro não), eu poderei acabar achando, apenas pelo resultado do premiação, que um é mais criativo que o outro, mesmo sem que ele necessariamente seja. E isso é injusto. Muito injusto com os profissionais".

Dudu Correia e Renata GieseJanela do Tempo

Mais uma flagrante, feito há 18 anos, quando a Janela Publicitária promovia a premiação chamada Seleção da Janela, que reunia - na casa de seus colunistas - profissionais de criação e atendimento para escolher os melhores anúncios publicados na imprensa carioca.
Desta vez, dois promissores criadores: a redatora Renata Giese e o diretor de arte Eduardo Correa. Olhando bem, até que eles não mudaram muito...

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• PARABÉNS PRA VOCÊ - A Janela se abre para comemorar os próximos aniversários do mercado: Dia 21: Paulo Saad Jafet (TV Bandeirantes); Dia 22: Mario Castelar (Norton); Dia 27: Valdir Siqueira (V&S); Dia 28: Fernando Barcellos (Denison).
• ATRÁS DO DOCE - A badalada concorrência em São Paulo pela conta do Pão de Açúcar foi ganha pela Colucci. A Contemporânea foi a outra finalista da disputa e, segundo seu diretor Armando Strozenberg, ela impressionou tanto os diretores do Grupo, que foi prometido para a agência uma outra parcela da conta para muito breve. A Contemporânea já atende o Pão de Açúcar no Rio.
• DE LEITE PRA LEITE - A Ferrari vem aí com campanha de produto alimentício, coisa rara no Rio. E o lançamento do leite Lacmilk, da Laticínios Fazenda Jardim do Amparo. Tanto a marca como embalagem e campanha foram criadas por Álvaro Rodrigues e por Mauricio Costa Leite, criador identificado com o produto até no nome.
• GENTE - A Scope tem nova gerente de operações. E Andréia Carvalho, que já passou pela DPZ e pela Contemporânea.
• CARTAS - Correspondências para a Janela devem ser enviadas para a Praia de Botafogo, 340 grupo 210, CEP 22250-040, telefone (021) 552-4141. Ou via Internet, pelo e-mail: Ehrlich@centroin.ax.apc.org.