Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 09/JAN/1998 - CRio
CCRJ - Clube de Criação do Rio de Janeiro

 

CRio

O que o profissional de criação pode esperar do seu futuro?

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Marcelo Giannini Marcos Apóstolo
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José Luis Vaz Eduardo Correa
Não é preciso ser muito observador para perceber que já não existem muitos criadores de mais de 50 anos nas maiores agências de propaganda. Com dezenas de novos publicitários cheio de garra – e muitos com talento – sendo jogados a cada ano no mercado pelas faculdades de comunicação, a idade média dos departamentos de criação das agências cariocas já está quase beirando os 25 anos, enquanto profissionais consagrados têm sido vistos ocupando outros setores da publicidade, tanto em agências como em anunciantes.
Será que o profissional de criação está se tornando um jogador de futebol, sem perspectivas profissionais após os 35? E quem está perto dessa faixa, se preocupa com isso?
Pelo que percebemos na conversa com os criadores cariocas, “plano de carreira” é algo que não faz parte das suas preocupações. O prazer do criador é criar. “Não gosto de pensar nisso”, chega a dizer Marcelo Giannini, diretor de criação da Salles/DMB&B, afirmando que “pensar na minha carreira é desenvolver o presente”. A mesma resposta é dada pro Eduardo Correa, diretor de criação da Propeg, que garante não só não pensar muito nisso como sequer tem “planejamento de vida”.
Eduardo até discorda de que espaço esteja se fechando para criadores quarentões. “Já passou a fase do imediatismo. Agora os donos de agências estão vendo que precisam valorizar a experiência do profissional, o que ele só consegue com muitos anos de trabalho.”
Só a experiência, porém, parece que não será suficiente, pelo que se ouve de Marcos Apóstolo, diretor de criação da Artplan, mesmo ele brincando que “aos 50 anos só vai estar rico se ganhar na Sena, porque conseguir isso com a propaganda ele já desistiu”. Numa linha mais pragmática, Marcos afirma já ter percebido que se quiser sobreviver na profissão não vai bastar fazer o que faz atualmente, que é ser redator: “Vou ter que ser um pensador da comunicação, porque cada vez mais os clientes estão exigindo alternativas para solucionar seus problemas de marketing que não ficam restritas no bom texto de um anuncio de um comercial”.
O diretor de criação da Artplan chega a comentar que o problema que muitos profissionais das gerações anteriores estão enfrentando atualmente é não por causa da idade, e sim “porque não conseguiram ter a capacidade de ver mais longe que a sua própria mesa” e não acompanharam as novas exigências de velocidade e de possibilidades que a atividade de comunicação oferece.
Esta é uma das razoes que faz José Luiz Vaz, diretor de criação da GR.3, afirmar que se preocupa em não parar no tempo. “Quando eu era garoto, se um liquidificador tivesse mais de um botão já complicava a vida das pessoas. Hoje, meu filho brinca com um Photoshop”, ele exemplifica para justificar o porquê de se questionar se daqui a 15 anos ainda vai conseguir fazer tão bem o seu trabalho quanto os profissionais mais novos. “Muitos profissionais da antiga não conseguiram acompanhar as mudanças da tecnologia e perderam o espaço nas agências, Por isso eu estou sempre atento para não estagnar, não só em técnica, mas em relação a novas estéticas e novas maneiras de ver a comunicação publicitária”, explica o criador.
Para José Luiz, a principal diferença entre o criador e os demais profissionais é que estes muitas vezes pensam primeiro na segurança financeira e só depois em fazer aquilo que gostam, enquanto os criadores só conseguem trabalhar se gostarem do que estão fazendo. Mas ele próprio não restringe a sua atividade a ser diretor de arte. “Eu gosto muito é de criar e estou sempre procurando outros campos onde possa fazer criação. Pode ser que nunca vá precisar sair de publicidade, mas já estou me preparando para, se isso acontecer, não deixar de ser um criador”.
Marcelo Giannini também se declara um “apaixonado” pelo que faz. Ele diz que até sente “necessidade” de continuar se envolvendo com a diversidade das áreas em que atua, como cinema, rádio e mídia impressa. Mas, mesmo sem pensar no futuro, ele admite que convivem dentro dele “fantasmas” como a vontade de ser diretor de comerciais e de cinema, mas ele prefere nem deixar que aflorem “enquanto tiver tesão por trabalhar em agência”.
Curiosamente, seja por ética em relação às empresas nas quais estão trabalhando ou por outro motivo, nenhum dos entrevistados aventou o desejo de ser dono de agência, mesmo sendo esta uma das tendências do mercado de propaganda. “Essa é uma profissão que não quero ter”, justifica Eduardo Correa, adiantando que também não considera a função de “dono” acima da de ser diretor de criação. “Estamos no mesmo nível, trabalhando juntos”, complementou. Apóstolo também descarta o desejo de ser dono. “Não sei ganhar dinheiro”, se lamenta o diretor da Artplan.
O criador carioca é um romântico, sem dúvida.

Editorial
A Palavra do Presidente

As ideias, os projetos, os sonhos são muitos

Condições para realiza-los quase nenhuma. O que não impede que continuemos tentando, trabalhando, correndo atrás. O CCRJ vai bem, obrigado. O jornal, apesar de atrasado, foi super bem aceito. Tirando os velhos e bons pichadores de plantão (a inveja é uma m...), a galera adorou, elogiou, pediu mais. E vai ter mais. Já estamos fazendo o segundo número, que deve sair em janeiro. Mas como é um jornal de dificílima realização, o que acaba prejudicando sua periodicidade, resolvermos fazer este também. Que vai sair, religiosamente, todo mês, aqui encartado no Janelão. Além de matérias que foquem a criação, um painel do que se fez de melhor no Rio, mês a mês. Acho que vai dar samba. É importante a gente ter um canal que nos mostre com frequência o que esta se fazendo. Aumenta-se a visibilidade. Descobrem-se talentos. Reafirmam-se outros. A cada edição reuniremos um júri diferente que vai escolher os 20 melhores, e o melhor de todos. A ideia também é que este júri seja o mais eclético possível. Sempre com a presença, além da galera mais consagrada, de criativos novos, para que a troca e a discussão de critérios com os mais antigos sirva como forma de aprendizado, preparação, amadurecimento. E como estamos precisando de encontros e discussões assim. Fora dos salões das churrascarias, das festas e dos coquetéis. Em que enriqueçamos nossos critérios, nossas discussões. Analisemos trabalhos sem fofoquinhas e rancores, cresçamos profissionalmente através da troca de experiências, parâmetros, criatividade. Seguindo a filosofia atual do CCRJ, não apenas criativos. Fotógrafos, músicos, diretores de cinema. Um júri com a visão mais abrangente possível do que é criação. Os dois primeiros foram um sucesso. Como foi gostoso reunir numa mesma mesa profissionais que estão ajudando dia a dia (e quantas e quantas vezes, madrugada a dentro) o Rio a ser o que sempre foi: um celeiro de ideias vencedoras. E como teve trabalho inscrito, gente. Somando os dois meses, quase 500 pelas entre anúncios de jornal, revista, filmes, rádio, cartaz, marca, folheto, camisa, até embalagem de maço de cigarro. O resultado da segunda avaliação é só virar a página pra ver. Tomara que o seu esteja.
E vamos que vamos.
Sérgio de Paula
Presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro
Sócio-Diretor de Criação da Doctor Propaganda.

CCRJ volta a programar reuniões sócio-etílicas

O People Club é novo point do Clube de Criação, que volta a reunir, a partir do dia 13 de janeiro, os criadores cariocas para conversar e beber todas as terças-feiras, a partir das 20 horas.
Recém-reinaugurado, o novo People Club redefiniu seus três ambientes. O jirau se tornou lugar para degustação de charutos, jogos de gamão e navegação na Internet. O térreo passou a ser apenas bar e restaurante, enquanto o subsolo é que além da discoteca e bar ganhou palco para pocket-shows que acontecem entre 22 e 23 horas, cobrando, porém, seu couvert artístico.
Os sócios do Clube vão poder ficar em qualquer dos ambientes do People Club, já que o controle da despesa será individual, por meio de cartão magnético. E até março, quem disser que é sócio terá direito a um desconto geral de 30% sobre todos os bens consumidos, independente de identificação. A partir de março, porém, o desconto só será concedido a quem apresentar a carteirinha do CCRJ.

Lance Livre
Como anunciamos aqui na edição passada, o Crio está com esta seção relacionando os profissionais do mercado que estão atuando como free-lances.
A partir de agora, aceitando uma sugestão dos leitores, vamos incluir nos dados dos profissionais um mini-currículo. Quem quiser ter seu nome gratuitamente publicado aqui, basta entrar em contato com o Clube, pelo telefone 529-5566, com Mariângela Luna.
• Antonio Mario, redator. Ex-Caio, Giovanni, JWT, McCann, Provarejo
Prêmios: Colunistas, Clio, Fiap
(021) 542-0082 r.2.905 e 711-9733
• Rogério Cavalcanti, artista gráfico, designer e diretor de arte. Ex-DPZ, Giovanni e V&S.
Prêmios: Colunistas
(021) 287-5379

Portfólio CRio

Mais uma vez foi um sucesso a avaliação mensal do Portfólio CRio, que este mês aconteceu no auditório da Artplan. Diversas agências enviaram trabalhos, que foram analisados por um júri formado por Andréa Lobato (Cult), Carlos André (Fischer, Justus), Delano D’Ávila (JVA), Fernando Barcellos (Denison), Gilda Antoniazzi (Agência da Casa), Ricardo Galletti (Rede Manchete) e Rodrigo Rosman (Contemporânea).
A agência que mais trabalho inscreveu foi a Doctor, que acabou recebendo o maior número de indicações. Ao final do julgamento, ela levou 6 dos 11 trabalhos escolhidos, que também prestigiou as agências D+W, JVA, Speroni e V&S.
As mídias “Rádio” e “Outdoor” desta vez não conseguiram sensibilizar o júri, que só escolheram peças impressas e comerciais de televisão.
O prazo de inscrições de trabalhos para a próxima avaliação do Portfólio Crio será dia 2 de fevereiro, valendo as peças criadas pelas agências cariocas e veiculadas em janeiro de 1998. Quem quiser informações pode conseguir com Mariângela Luna ou Vivianne Salles, no CCRJ, pelo telefone 529-5566.

Peça do Mês

"www.porcao.com.br", da Doctor para Porcão

Título: “https://www.porcao.com.br”
Agência: Doctor
Cliente: Porcão
Diretor de Criação: Sérgio de Paula e Marcos Silveira
Criação: Antônio Nogueira e Humberto Fernandez
Ilustração: Humberto Fernandez
Atendimento: Alessandra Mendonça.

TV/CINEMA

"Amigos", da V&S para Net

Título: “Amigos”
Agência: V&S
Cliente: Net Rio
Diretor de Criação: Lula Vieira e Jorge Falsfein
Criação: André Regnier e Marco Ferreira
RTVC: Silvia Carrano Salvatore
Produtora: Tec Cine
Diretor de Cena: Ronaldo Uzeda.
Diretor de Fotografia: Lauro Escorel.
Atendimento: Polika Teixeira e Ciça Mattos.

Mídia Impressa

O Fim do Engarrafamento, da Doctor para Planeta Kawasaki Bunda de Homem, da Doctor para Duloren

Título: “O Fim do Engarrafamento”
Agência: Doctor
Cliente: Planeta Kawasaki
Diretor de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula.
 Criação: Antônio Nogueira, Humberto Fernandez, Sérgio de Paula e Marcos Silveira.
Fotografia: Mauro Risch
Atendimento: Cristiane Amorim

Título: “Bunda de Homem”
Agência: Doctor
Cliente: DuLoren
Diretor de Criação: Sérgio de Paula e Marcos Silveira
Criação: Marcos Silveira, Sérgio de Paula, Tico Moraes e Álvaro Rodrigues.
Atendimento: Juliana Guimarães.

Telerj, da Doctor para o Jornal do Brasil "De/Por", da D+W para Nova América Outlet Shopping
Título: “Telerj”
Agência: Doctor
Cliente: Jornal do Brasil
Diretor de Criação: Marcos da Silveira e Sérgio de Paula
Criação: Marcos Silveira, Sérgio de Paula e Fernando Freitas.
Atendimento: Eduardo Succini
Título: “De/Por”
Agência: D+W
Cliente: Nova América Outlet Shopping
Diretor de Criação: Fernando Campos
Criação: Alexandre Motta e Rosana Braen
Produtor Gráfico: Santa Fé
Atendimento: Carlos Araújo.
"Valorize", da V&S para TeleCine
Título: “Lugar de Homem é com o umbigo encostado no tanque”
Agência: Doctor
Cliente: Planeta Kawazaki/Ninja ZX 9R
Diretor de Criação: Sérgio de Paula e Marcos Silveira
Criação: Romeu Loures e Fábio Augusto
Fotolito: Imagecolor
Produtor Gráfico: Paulo César Martins
Atendimento: Cristiane Amorim
Título: “Valorize”
Agência: V&S
Cliente: Tele Cine
Diretor de Criação: Lula Vieira e José Guilherme Vereza
Criação: José Guilherme Vereza e André Regnier
Atendimento: Elsa Felix e Fernanda Lobão
Fotografia: Aderi Costa
N.R.(2016): Essa peça tem um "easter egg". Dr. Paulo C.Costa é uma brincadeira dos criativos da V&S com o redator Paulo Cesar Costa, colega da agência.
"Se depois disso...", da Doctor para Daiissen "São Paulo é logo ali", da Speroni para Alitalia
Título: “Se depois disso o Papai Noel continuar de trenó, além de velhinho ele está ficando gagá”.
Agência: Doctor
Cliente: Daiissen/Yen
Diretor de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Criação: Antônio Nogueira e Humberto Fernandez.
Atendimento: Julianna Guimarães.
Título: “São Paulo é logo ali. Roma é logo ali”.
Agência: Speroni
Cliente: Alitalia
Diretor de Criação: Cristóvão Martins
Criação: Marcelo Felício e Cláudio Pozas
Produção Gráfica: H. Freitas
Fotografia: Keystone
Atendimento: Carol Barbará

Menção Honrosa

"Aquário", da JVA para Telelistas Título: “Aquário”
Agência: JVA
Cliente: Telelistas/Casa do Hemofílico
Diretor de Criação: Delano d'Avila
Criação: Delano d’Avila e Nino Gariglio
Produtora: JB Tanko Filmes
Direção: Alexandre Tanko
Fotografia: Gilles Cazassus
Trilha: Raphael Bessa (Estúdio Nova Onda)
Locução: Paulo José
Atendimento: Wesley Marine

CRio
Jornal do Clube de Criação do Rio de Janeiro


Rio de Janeiro, 09 de Janeiro de 1998
Presidente: Sergio de Paula
Editor: Marcio Ehrlich
Correspondências: Praia de Botafogo, 300/5º andar - Cep 22450-040, Rio - RJ

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