Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 
A Janela Internacional traz o que acontece na Europa, pelo redator Fabio Seidl.
Edição de Março de 2005
 

De volta ao básico

O computador, como sabemos, foi uma invenção para deixar tudo muito mais rápido na nossa vida. Na publicidade então, nem se fala.
A decisão de que vai haver virada de noite, por exemplo. Agora é a jato.
E a reprovadinha das 6 da tarde? Sai voando. O cliente recebe o layout em um PC qualquer, daqueles com monitor pequeno e descalibrado e, sem tirar a peça do Outlook, dá um reply dizendo: “Nã-na-ni. Faz mais.”
Ouvi dizer que vão inventar um PC próprio para isso, ainda mais veloz. Vem só com duas teclinhas: “Nã-na-ni” e a “Ok” pro usuário nem perder tempo.
Bem, dá para apresentar o trabalho pessoalmente também. E já repararam na velocidade que hoje se diz “troca-a-cor-do-fundo-aumenta-o-logo-mexe-na-foto-splash-no-preço-tudo-pra-hoje”? Nem se compara com 15 anos atrás (aliás, não peguei essa época, nem sei do que estou reclamando).
Pois bem. Aqui em Portugal, e em vários outros países, muitas agências voltaram a usar o velho layout feito na munheca, por ilustradores.
O argumento, claro, não é a galhofa que eu disse aí em cima.
É: “criativo custa caro e é pago para pensar, não para manipular layout.”
A imagem que ilustra esta matéria, por exemplo, é de um trabalho aqui da McCann.
Se o Marco Leal, diretor de arte da peça, tivesse que fotografar, pesquisar no banco de imagens, separar e manipular tudo ia demorar uns dois dias.
Por isso ele fez este rascunho tosco em 2 minutos e mandou para o ilustrador com as referências ele queria. Depois foi só ficar coçando o saco dele e enchendo o do Léo Vilela, que fez a foto. Quer dizer, teve mais tempo para pensar na direção de arte deste trabalho e em outras campanhas também.
Talvez isso seja impensável para campanhas rápidas, como as de varejo. Mas como é que se fazia o varejo antigamente?
Não é para encher a bola o Melo, o Rocha, o Benício e tantos outros bons ilustradores. Mas será que não deixamos de lado métodos que, hoje, podiam fazer a diferença para um trabalho pensado e caprichado?

CONSUMO RESPONSÁVEL
A Cerveja Sagres está colocando nas discotecas lisboetas testes, tipo bafômetros, para os clientes saberem se estão dentro do limite de álcool permitido por lei para dirigir.
A empresa também está distribuindo “alcoolímetros” em forma de chaveiro para a moçada. Bacana.

COMO PINTO NO LIXO
Eduardo Storino e Fabiano Bonfim Eduardo Storino (esquerda) e Fabiano Bonfim (direita), cariocas a serviço da FCB Portugal, tiveram bons motivos para comemorar na última semana.
Fabiano, diretor de arte (ex-Doctor e GR3), em Portugal há cinco anos, conquistou a supervisão de criação para a conta das Ceras Johnson.
Já Storino, diretor de atendimento, abriu o Restaurante Armazém 22.
E não é por ser nosso amigo não, mas é bom demais. Comida criativa e clima bacana. Para quem estiver por aqui, fica na Rua dos Navegantes, 22, perto da Igreja dos Navegantes, em Cascais.

TUDO AZUL
Também sou leitor do Blue Bus, site irmão aqui do Janela (não tem essa de “concorrente”). Gosto de como eles abrem espaço para pessoas indignadas com o dia-a-dia da publicidade.
Este mês já pegaram no pé da DM9 com a Cia. Athletica, da campanha da Almap para a VW (também comentada com entusiasmo na Janela) e perturbaram até umas garrafas coloridas de uma promoção da Coca-Cola.
A campanha da VW, de tão questionada, me fez baixar o filme na internet.
Tá bem, a campanha é polêmica. Mas não fala sério e, claro, quem criou teve esta intenção. Este bafafá me lembrou um título de uma nova campanha da Talent: “Não Gostou do Comercial, Não Compre o Produto.” Fica mais fácil.
Mas a melhor de todas as questões foi colocada sobre as tais garrafinhas plásticas multicores da Coca por um leitor.
"Garrafa de refrigerante tem que ser transparente! As pessoas gostam de ver o líquido e se não tem nenhuma coisa boiando." Disse o rapaz.
“Então as indústrias que fabricam latinhas vão ter que criar latas transparentes!”, retrucou um outro. Genial.

BRASILEIRO À FRENTE DA LEO NA AMÉRICA LATINA
Alexandre Okada Depois de muitos comentários por parte do mercado e da imprensa portuguesa, a Alexandre Okada, atual diretor de criação da Leo Burnett Portugal, confirmou: aceitou a direção criativa do grupo para toda a América Latina.
Okada, 33 anos, paulista de Bauru, veio do escritório da Leo em São Paulo, onde era redator. Ainda no Brasil, passou pela Bates, Y&R, ADD e DM9.
Em Lisboa, ganhou diversos prêmios, incluindo Leões em Cannes, e colocou a agência entre as mais premiadas do Grupo Publicis no mundo todo, disputando com marcas como Saatchi, Fallon e BBH.
Também é conhecido por ter participado no desenvolvimento da carreira internacional de muitos brasileiros.
Está de mudança para Miami, onde já está o também brasileiro Carsus Dias, diretor de arte com quem já trabalhou.
É o segundo brasileiro em atividade a comandar uma rede multinacional no exterior. O outro é Márcio Moreira, diretor mundial da McCann WorldGroup.

MELHOR QUE O SANTORO
Seu Jorge O Clube dos Criativos de Portugal promove, como já ouvi dizer que acontecia no CCRJ (aí, Alvinho, pode ser uma boa) pré-estréias de filmes para publicitários.
Recebi convite para “The Life Aquatic with Steve Zissou”, comédia no estilo dos “Tennembaum” com Bill Murray, William Dafoe, Cate Blanchett e...Seu Jorge.
O cantor brasileiro (sempre me disseram que ele foi mendigo) rouba - e como bom brasileiro, ainda mais ex-mendigo, tinha que roubar alguma coisa - a cena. E deixa Rodrigo Santoro, no chinelo (Havaianas, claro, de quem foi garoto-propaganda).
Primeiro porque, diferente da estréia internacional de Santoro em “As Panteras 2”, ele fala. Só 5 ou 6 frases, mas fala.
Depois porque ele além de falar, canta em cena. A trilha é baseada em adaptações de músicas do David Bowie para o samba, em português. É o merchandising da malandragem.

REGRAS SÃO REGRAS
O programa de TV com maior audiência em Portugal no ano passado (graças a Alexandre Frota que até beijar na boca de outro, digamos, homem, beijou) está de volta.
A Quinta das Celebridades 2 estreou domingo. Na abertura, a apresentadora explicava as regras da fazenda onde se passa o reality show.
“Regra número tal: Não há eletricidade, exceto para a equipe de filmagem....Regra número tal: Ninguém pode usar eletrodomésticos.”
Pensando bem, eu é que devo ter ligado no programa errado. Só os Flintstones conseguem usar eletrodomésticos sem eletricidade.

A MARCA DO MÊS
Este simpático quiosque estava na Feira Social, na Praça do Comércio de Lisboa. A dita feira, bem família, tinha shows e stands sobre cidadania, doação de sangue, etc.
E o que fazia por lá o “PORRAS”?
O estabelecimento, batizado com a palavra que, coisa rara, em Portugal quer dizer a mesma coisa que no Brasil, servia churros, o que torna nossa imaginação sobre como seriam tais produtos ainda mais (com trocadilho) fértil.
A propósito: “Farturas”, que também está no letreiro, não tem coisa nenhuma a ver com a potência do dono do quiosque. É só um melequê gorduroso espanhol.

A ÚLTIMA
A sociedade portuguesa está indignada. Os bandidos daqui mataram meia dúzia de policiais em serviço. Não foi esta semana não. Foi nos últimos 3 anos. Dois policiais por ano! É um absurdo.

Fábio Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal- Março)