Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 
A Janela Internacional faz uma parada em Nova York, com Marcio Ehrlich.
Edição de 20 de Abril de 2005
 

Um pouco de maça não faz mal a ninguém

Os leitores me desculpem por ter saído assim sem pedir licença, mas depois de quase 5 anos sem férias na Dinâmica me dei ao direito de passar 15 dias curtindo Nova York com meus filhos.
Apesar de a idéia ser mesmo descansar e me divertir, se der tempo e conexão vou mandar algumas versões americanas da Janela Internacional. A atualização das notícias nacionais ficam para a volta. Como vocês com certeza também lêem os outros sites de notícias do mercado, não vão ficar sem informações. :)

BORING - A publicidade continua não sendo a melhor parte da TV nos Estados Unidos. Os comerciais que simulam ser documentais dominam a propaganda americana. A fórmula é simples: abre com uma ou muitas pessoas sorrindo e contando porque são felizes usando o produto ou o serviço. Daí corta para um letreiro com o logo, telefone, site, preços, condições especiais de financiamento, restrições de compra e uma dezena de outras palavras num corpo minúsculo que nenhum ser humano é capaz de ler e que, obviamente, nem o locutor lê. O site, aliás, é uma informação corriqueira neste país com alto índice de acesso à Internet.

Washington MutualBIG - Não é novidade falar dos luminosos da Times Square. Mas perto dali, na esquina da 42nd St. com 7th Av, a financeira Washington Mutual colocou uma escultura realmente impressionante (aparentemente em fibra de vidro) reproduzido a história de João e o Pé de Feijão para mostrar o dito João chegando ao castelo do gigante. O texto diz que "qualquer que seja a casa dos seus sonhos, nós temos o seu empréstimo". O conceito é meio "viagem", mas a peça de mídia exterior não passa despercebida.

PLIM-PLIM - No hotel em que estou - o St.James --, a TV a cabo exibe apenas uma dúzia de emissoras. Entre elas, a única internacional é a Globo. Ao que parece, passa tudo o que passa aí. Como, por exemplo, o suado empate do Flamengo com o Ceará. Só que com todos os patrocinadores e anunciantes voltados para o brasileiro morador dos Estados Unidos. Tem de tudo. De anúncios dos shows do Sérgio Reis e Filhos em Massashussets a institucionais da Varig. No final do jogo do Flamengo, por exemplo, vi um comercial estrelado pelo cantor Pery Ribeiro (os leitores mais velhos vão se lembrar dele) falando bem da financeira Money One, de Connecticut!

HABEMUS PAPAM - Ouvi a notícia do novo papa aqui nos Estados Unidos, com a imprensa noticiando que o nome dele seria Benedict XVI. Juro que imaginei que em português isso viraria Benedito XVI. Mas vi na Globo que virou Bento XVI. Fui procurar na imprensa italiana e descobri que em Roma o nome do papa é Benedetto XVI. Quem fez a tradução para o português? Será o Benedito um nome impróprio para um papa?

GIVE ME MONEY - Escritórios de advocacia anunciam fartamente em televisão, nos jornais, no metrô. Há sempre uma chance de se tirar dinheiro de alguém. "Se você sofreu um acidente", "se o seu filho nasceu com problemas" etcetera etcetera, os argumentos não faltam. E como também não faltam mexicanos, portoriquenos, chilenos e tantos outros centro e sul-americanos desamparados em Nova York, esse escritório da foto ao lado se apressou a ocupar o nicho, se apresentando como "os advogados número um para hispânicos feridos"...

ADVERTISING CAN BE HARMFUL - A paranóia dos processos por danos afetou dramaticamente a propaganda de medicamentos. Os comerciais precisam ter pelo menos 30 segundos adicionais para relacionar todos os riscos de efeitos colaterais do produto. O resultado é sensacional. Enquanto a imagem mostra gente feliz - que teoricamente usou o produto - o locutor vai avisando: "em diabéticos este medicamento pode causar gangrena, se você tem úlcera ela poderá ser perfurada" e daí por diante. Juro!