• Sobre Marcio Ehrlich

    Marcio Ehrlich (2017)
    Marcio Ehrlich (2017)

    Foi a partir de julho de 1977, através da própria Janela Publicitária, que me meti no colunismo especializado em publicidade.

    Vivíamos naquela época em outro século, quando mouse era apenas o sobrenome do Mickey. E a Janela era uma coluna publicada somente às sextas-feiras no jornal carioca Tribuna da Imprensa.

    Tanto tempo depois, acho que ainda me divirto com o que faço. Aliás, sempre procurei me divertir, experimentando o que fosse possível na área de comunicação. Me divertindo assim acabei sendo jornalista, publicitário, desenhista, relações públicas, músico e ator. Tudo de carteirinha. Além de ter me formado pela UFRJ, como Médico Psiquiatra. Afinal, judeu da minha geração ou virava médico ou engenheiro.

    Enquanto Deus ou a violência urbana não me pararem, eu me dou o direito de ir aprontando.

    Para ser preciso com a história, estou na área de comunicação desde 1969, quando publiquei a minha primeira história em quadrinhos, uma tira diária chamada “Sir Lancelot”, na Tribuna da Imprensa. Tempos emocionantes, em que antes de se publicar alguma coisa ela tinha que ser aprovada pelos censores que a ditadura militar mantinha dentro do jornal. Tive várias tiras impedidas de serem publicadas. Apesar de que nunca soube se a pedido dos militares ou dos leitores.

    Não só a Tribuna teve coragem de publicar meus cartuns e quadrinhos. Veículos como O Cruzeiro, O Pasquim e o Jornal de Ipanema, entre outros, também. Só que naquele tempo eu me assinava “Cid” e “Marcio Sidnei”. Cartunista no Brasil jamais poderia se assinar “Ehrlich”.

    Uma coisa leva a outra, quando me dei conta estava mais escrevendo do que desenhando. E não escrevi só sobre publicidade, mas também sobre histórias em quadrinhos e sobre vídeo games, na coluna Vídeo Guia do jornal O Globo, por exemplo. Fui parar também na televisão falando de publicidade na TV E (Programa Intervalo), TV S (Programa de Domingo) e TV Bandeirantes (Programa Propaganda & Mercado). E falando também pelo rádio, na Panorama FM e na Jornal do Brasil AM (Programa Marketing e Publicidade).

    Filho de uma professora de música, e sendo um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones, não lutei no Vietnam, mas tive minha banda de rock, “Ted, Al & Cid”, em que eu e dois argentinos íamos atrás de onde o povo estava. Ainda que fosse no puteiro Scandinavia, da Praça Mauá. Entre um strip-tease e outro, o público tinha que nos aturar. Mas nós três mantínhamos a nossa dignidade. Jamais tiramos a roupa.

    Música é talvez a expressão de maior entrega de um artista. Foi um momento feliz. Até hoje não sei como, chegamos a tocar até nos programas “Alô Brasil Aquele Abraço”, da Tv Globo e “Onda”, da Tv Tupi. Alguém se lembra da Tupi? Mas nunca cheguei a gravar um disco. No máximo, vivi aos 20 e poucos anos a honra de o Maestro Paulo Moura ter orquestrado uma trilha minha para desenho animado (que bem merecia se descobrir que fim levou). Entre os músicos, estavam Wagner Tiso no teclado e Robertinho Silva na bateria. Ambos, do Som Imaginário, banda da qual imagino que os velhos hippies se lembrem.

    Durante um tempo, pra soltar meus bichos, subi muito no palco como ator, tentando botar em prática um pouquinho do que aprendi em aulas maravilhosas com monstros como Cecil Thiré, Bia Lessa, Sérgio Brito, Domingos Oliveira, Wolf Maia e Marcio Vianna.

    Graças à TV Globo, vale dizer, passei a dar mais valor às profissões de médico, advogado e delegado. Se elas não existissem não sobrava papel pra mim nas novelas da casa. Galã, nem pensar.

    A primeira novela, que eu não esqueço, foi “Pantanal“, na Manchete, fazendo um piloto que contracenava com Cláudio Marzo. Na Globo, até 1998, fiz especiais como “Todas as Mulheres do Mundo” e “Contos de Verão”. E também um Você Decide dirigindo por Carlos Manga Jr. Além de participações em “O Amor está no Ar” (Aron Salem), “Malhação” (Dr.Anselmo), “Explode Coração”, “Quatro por Quatro”, “Pátria Minha”, “Olho no Olho” (Dr.Germano), “Deus nos Acuda”, “De Corpo e Alma”, “Pedra sobre Pedra” (Van Damme), “O Dono do Mundo”, “Barriga de Aluguel”, “Araponga”, “Lua Cheia de Amor”, “Rainha da Sucata” (Vidigal).

    Depois de 11 anos longe da televisão, achando que podia ter desistido de ser ator, voltei em 2009, fazendo participações em “Viver a Vida” (Zé Maria), Passione, Insensato Coração, Velho Chico, entre outras. Fui até contratado, em 2013, para fazer o advogado Dr.Moacir na lindíssima novela Joia Rara.

    Como nem só de televisão vive o ator, fiz em teatro “Dólar, I Love You”, de João Bethencourt e “Inspetor Geral”, numa adaptação de Domingos Oliveira. Fora infantis como “Robin Hood” e outros que eu nem ousaria citar.

    Durante muitos anos, para pagar o pão light de cada dia, também bati ponto. Fui diretor de planejamento da Dinâmica Promoções, especializada em Marketing Promocional. Por dois anos e meio, na década de 80, cumpri a minha cota de trabalho em agência de publicidade, como atendimento e gerente de comunicação da V&S.

    Eu mesmo não posso ter certeza se adiantou alguma coisa, mas tenho tentado fazer algumas coisas — que pelo menos eu acho — boas para ajudar o mercado carioca, até mesmo dentro de suas associações. Fui diretor da ABP-Ass.Bras.de Propaganda, da ABM-Ass.Bras.de Marketing, diretor de eventos da Abap-Rio e presidente da AMPRO-Rio, a Associação de Marketing Promocional. Do GAP-Grupo de Atendimento e Planejamento, fui um dos fundadores. Estou atualmente como vice-presidente executivo da Abracomp-Ass.Bras.dos Colunistas de Marketing e Propaganda e coordenador nacional do Prêmio Colunistas. Aliás, às vezes me sinto meio jurado profissional de publicidade. De premiações de propaganda, acho que já participei de no mínimo 200 julgamentos, não só do Colunistas. Provavelmente poderia estar no Guinness, se “jurado de propaganda” fosse uma categoria.

    É isso, acho. Só pra terminar, de todas as coisas que fiz, as que mais curto ter posto no mundo foram minha filha Lena, diretora da Dinâmica Talentos, e meu filho Leo, diretor de arte trabalhando em Dubai. A quem desejo muito que possam curtir a vida de uma forma tão plena quanto tenho tentado.

    Links Externos:

    – Tele-História
    – The Internet Movie Database

    seta
    ×